Utilização de megafones proibida nas mesquitas
O Governo do Ruanda anunciou a proibição do uso de megafones no exterior das mesquitas, ou espalhados pelas cidades, para chamar os fiéis para as orações.
Esta medida, que se insere na nova lei sobre o funcionamento das igrejas, afecta sobretudo os muçulmanos que cinco vezes por dia eram avisados por esses megafones sobre a hora das suas orações. A Associação das Igrejas Muçulmanas do Ruanda, que representa cinco por cento da população religiosa do país, já protestou contra esta medida considerando-a “discriminatória” e “atentatória” da sua liberdade de culto.
Porém, o Governo ruandês reiterou a necessidade de todos cumprirem a lei e manifestou-se optimista quanto à “compreensão” que os muçulmanos terão para com esta decisão, que visa combater a poluição sonora.
A verdade, porém, é que a população religiosa começa a evidenciar alguma preocupação com a aplicação da nova lei que regula o funcionamento de todas as igrejas do país.
Os mais cépticos recordam que foi devido, precisamente, a uma regulação imposta às igrejas que começaram os confrontos que em 1994 resultaram depois no genocídio que matou cerca de 800 mil pessoas. Na altura, milhares de tutsis refugiaram-se em diversas igrejas católicas onde acabaram por ser assassinados nos 100 dias de barbárie que se seguiram.
Com a proibição do funcionamento dos megafones, tanto no exterior das mesquitas como espalhados pelas cidades, os muçulmanos sentem-se atingidos e a população está preocupada, pois teme que uma desobediência à lei possa ser o rastilho para ondas de violência.
Cinco vezes ao dia, em cada sete dias da semana, de dia e de noite, esses megafones entoam música e citam o Corão para que os fiéis se dirijam para as suas mesquitas para orar.