Associação de Motocross reclama posse de terra
Mudança de dono do espaço agita águas na modalidade e aficcionados responsabilizam a Administração do Talatona
A direcção da Associação Provincial de Motocross de Luanda (APMCL) está indignada com a postura da Administração Municipal de Talatona, pela cedência a um particular de parte do terreno ocupado pelo Circuito Internacional Jorge Varela, na zona do Gamek.
O facto foi manifestado ao Jornal de Angola por Carlos Soweto, presidente de direcção da APMCL, que disse estar na posse dos documentos datados de 1999. A querela começou quando, no início da semana, um oficial do Gabinete Jurídico da administração notificou o organismo desportivo da necessidade de desocupar o espaço em questão.
Em causa está a área ocupada por contentores que funcionam como oficina das motorizadas, o parque de estacionamento e a pista de instrução da classe de formação. Segundo Carlos Soweto, a administradora Manuela Bezerra alega que a referida parcela é um espaço baldio e, por isso, “foi cedido ao suposto proprietário”.
O dirigente lembrou que a pista foi construída depois de uma negociação entre o Governo de Luanda, na altura dirigido por Aníbal Rocha, e a direcção da Associação, pelo facto do extinto Circuito Internacional Ayrton Senna, construído nas imediações do antigo Largo da Gamek, estar localizado na da pista do Aeroporto 4 de Fevereiro.
“Por se tratar de um desporto de massas e visando acautelar um possível desastre, chegou-se a conclusão que as provas deviam ser realizadas num espaço mais seguro. Nos foi cedido o terreno na Avenida Pedro de Castro Van-Dúnem “Loy”, há 19 anos precisamente”, recordou.
Espaço cobiçado
Carlos Soweto revelou que aquele espaço tem sido alvo da cobiça de muita gente. Apercebendo-se da situação, dirigiu-se à Administração, mais propriamente ao Gabinete Jurídico, dirigido por Domingas Batalha, que deixou claro que a Associação é detentora dos documentos que atestam a posse do espaço. Pouco tempo depois, conta o antigo piloto, para o espanto dos associados a situação sofreu um revês. “Os argumentos da Administração de Talatona estão aquém da verdade material, ao apresentar o senhor Mawete João Baptista como o legítimo proprietário.”
Os advogados contratados pela APMCL constataram que, até então, no Instituto de Planeamento e Gestão Urbana de Luanda (IPGUL) não havia ninguém cadastrado como proprietário do espaço: "Quem quiser tomar contacto com os documentos que comprovam a nossa titularidade, estamos dispostos a mostrá-los, inclusive a negociação toda que foi feita até nos cederem o espaço", desafiou Carlos Soweto.
Por seu turno, Domingas Batalha, em declarações à Rádio Cinco, confirmou de forma parcial a veracidade da informação passada por Carlos Soweto. “Existiu efectivamente uma espécie de permuta entre o GPL e a APMCL. Mas o espaço carece de legalização jurídica. As actividades do motocross estão respeitadas e salvaguardadas. Estou aqui para declarar que é uma calúnia a acusação contra a administradora. Se aquela parcela do terreno foi cedido, caberá aos proprietários saber quem vendeu e a quem foi vendido”, argumentou.
Quem quiser tomar contacto com os documentos que comprovam a nossa titularidade, estamos dispostos a mostrá-los, inclusive a negociação toda que foi feita até nos cederem o espaço", desafiou Carlos Soweto.