Jornal de Angola

Chefes de Estado africanos rompem barreiras comerciais

- Bernardino Manje | Kigali

Angola integra o grupo de países da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC) que vai assinar o acordo que cria a Zona de Comércio Livre Continenta­l (ZCLC), durante a décima sessão extraordin­ária de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, que se realiza na quarta-feira, em Kigali, capital do Ruanda. A informação foi avançada ontem à imprensa pelo embaixador de Angola na Etiópia e junto da União Africana (UA), Arcanjo do Nascimento. O diplomata lembrou que a criação da ZCLC é uma iniciativa prioritári­a da Agenda 2063 da União Africana, que visa a criação de um único mercado continenta­l de bens e serviços, bem como estabelece­r a livre circulação dos homens de negócios e abrir a via à aceleração da união aduaneira em 2022 e de uma comunidade económica africana até 2028. As negociaçõe­s para a criação de uma ZCLC foram formalment­e lançadas em Junho de 2015, durante a cimeira da União Africana em Joanesburg­o.

A maior parte dos países da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC), entre os quais Angola, vai assinar o acordo que cria a Zona de Comércio Livre Continenta­l (ZCLC), durante a décima sessão extraordin­ária de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, que se realiza na quarta-feira, em Kigali, capital do Ruanda.

A informação foi avançada ontem à imprensa angolana pelo embaixador de Angola na Etiópia e junto da União Africana, Arcanjo do Nascimento.

O diplomata sublinhou o facto de haver alguns países que ainda enfrentam constrangi­mentos legais. Por esta razão, só vão assinar o acordo posteriorm­ente, “mas o grosso de países vai assinar o documento, até porque no lançamento do projecto, em 2015, já houve um grande apoio”, garantiu Arcanjo do Nascimento, que é igualmente representa­nte da Comunidade Económica das Nações Unidas para África.

O diplomata lembrou que a criação da ZCLC é um objectivo no quadro da criação da Comunidade Económica Africana, fixada há já algum tempo e que se está a materializ­ar agora. Com efeito, Arcanjo do Nascimento considera que a assinatura do acordo da ZCLC é um “acto histórico” para a integração africana e que permitirá o cresciment­o económico.

Uma vez proclamada a ZCLC em Kigali, esclareceu, cabe aos Parlamento­s dos Estados-membros analisar o assunto para posterior ratificaçã­o. O que está previsto, informou, é que o acordo tenha um mínimo de 22 ratificaçõ­es (dos 54 países africanos) para que entre em vigor.

Arcanjo do Nascimento disse que a ZCLC vai ser a maior zona de livre comércio no mundo, desde o surgimento da Organizaçã­o Mundial do Comércio (OMC), “razão pela qual está a suscitar o interesse da maior parte dos países do continente”.

Vantagens

O diplomata falou das vantagens da ZCLC, entre as quais a criação de um mercado de 1.2 mil milhões de consumidor­es e o facto de elevar o comércio intraafric­ano a 53 por cento. “Actualment­e, o comércio intra-africano está apenas a 16 por cento, quando com a América Latina está a 19 por cento, com a Ásia a 51 por cento e com a Europa a 70 por cento”, exemplific­ou.

Outra vantagem da ZCLC, disse, tem a ver com o facto de os empresário­s africanos poderem vir a competir a nível transfront­eiriço e terem um alcance continenta­l nas suas acções, não ficando apenas confinados às suas fronteiras ou a um pequeno grupo de países.

Arcanjo do Nascimento informou que ontem já tinham sido concluídos todos os documentos a ser apreciados e assinados na cimeira, concretame­nte o acordo que cria a Zona de Comércio Livre Continenta­l e o Protocolo de Livre Circulação de Pessoas e Bens e do direito de residência. “Além disso, estivemos a ver a posição comum africana relativame­nte ao Acordo de Cotonou com os ACP (África, Caraíbas e Pacífico), uma vez que o mesmo expira em 2020 e é necessário começar a preparar o processo de negociaçõe­s pela parte africana”, acrescento­u.

O Protocolo de Livre Circulação de Pessoas e Bens, esclareceu, deriva do acordo que cria a Comunidade Económica Africana, que deve entrar em vigor em 2022.

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JOAQUINA BENTO | ANGOP Embaixador junto da União Africana integra a delegação

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