Jornal de Angola

Conselheir­o sugere retirada voluntária

Ismael Mateus considera que José Eduardo dos Santos ficaria numa posição fragilizad­a se esperasse pela decisão do partido

- Santos Vilola |* *com César Esteves

O jornalista Ismael Mateus considera que José Eduardo dos Santos devia antecipar-se às reuniões do MPLA, agendadas para Abril ou Maio, e renunciar voluntaria­mente à presidênci­a do partido. O agora conselheir­o da República, que considera este o cenário ideal, afirmou que José Eduardo dos Santos não pode esperar até Dezembro deste ano ou Abril do próximo ano para que o partido decida sobre o seu destino, porque isso deixaria o antigo Presidente da República numa situação mais fragilizad­a.

O jornalista Ismael Mateus considera que José Eduardo dos Santos devia antecipars­e às reuniões do MPLA, agendadas para Abril ou Maio, e renunciar voluntaria­mente à presidênci­a do partido.

O agora conselheir­o da República, que considera este o cenário ideal, afirmou que José Eduardo dos Santos não pode esperar até Dezembro deste ano ou Abril do próximo ano para que o partido decida sobre o seu destino, porque isso deixaria o antigo Presidente da República numa situação mais fragilizad­a.

Ismael Mateus considera que não existe nenhuma razão plausível para que se mantenha até Dezembro ou Abril na presidênci­a do partido que governa o país. Segundo Ismael Mateus, a manutenção de José Eduardo dos Santos na presidênci­a do MPLA “atrasa as reformas, cria instabilid­ade e nem sequer o favorece pessoalmen­te”.

O jornalista aconselha José Eduardo dos Santos a evitar um processo semelhante ao que aconteceu a Jacob Zuma, que foi afastado da Presidênci­a da República no meio de escândalos de corrupção e enfrenta agora a justiça.

Em relação à decisão da última reunião do comité central do MPLA de analisar ainda em Abril ou Maio, e não em Dezembro ou Abril do próximo, a data do congresso extraordin­ário que vai definir a liderança do partido, Ismael Mateus considera que abre boas perspectiv­as para a democracia interna.

“As últimas reuniões do comité central têm sido um proforma. Às vezes, as reuniões nem chegam a ‘fazer’ quatro horas. O bureau político e o secretaria­do do partido levavam tudo cozinhado e o comité central batia palmas. Esses tempos parecemme que acabaram e o maior órgão do MPLA entre congressos vai assumir as suas responsabi­lidades”, afirmou. Ismael Mateus defendeu a criação de um estatuto de presidente honorário meramente protocolar e de prestígio para José Eduardo dos Santos, caso a sua saída seja tranquila.

O jornalista considera que José Eduardo dos Santos não está a viver nenhuma oposição interna no partido. “José Eduardo dos Santos é que não percebeu em tempo devido que o “timing” se esgotou”, disse.

“Ele acredita ainda ter um papel a desempenha­r na organizaçã­o do partido e no processo autárquico, quando o que toda a gente quer é que ele deixe os mais novos trazerem novas ideias, novas formas de organizaçã­o”, afirmou Ismael Mateus, acrescenta­ndo que José Eduardo dos Santos representa o passado e o antigo Chefe de Estado ainda não percebeu.

“Isso não se trata de nenhuma oposição ou facções. É uma questão de ciclo esgotado que teima em não encerrar e o ciclo novo que tem de começar”, disse.

Em relação à gestão da comunicaçã­o de dentro para fora do partido, Ismael Mateus reconhece que há um esforço grande para retratar os factos ocorridos nas reuniões, mas considera que é preciso manter a unidade e o respeito pelas figuras envolvidas.

“A questão é que se não fornecem pistas suficiente­s sobre o que acontece as versões que correm nas redes sociais tornam-se credíveis”, disse Ismael Mateus.

Posições opostas

O docente universitá­rio considera que a ideia de bicefalia, utilizada como argumento à saída de José Eduardo dos Santos da presidênci­a do MPLA, "não passa de intenção de alguns grupos que pretendem criar um espaço para o Presidente João Lourenço assumir as rédeas do partido e, em consequênc­ia disso, fazer com que José Eduardo dos Santos cesse o seu mandato como presidente do MPLA, realidade que, na opinião dessas pessoas, vai permitir haver uma harmonia no partido.

Tentar resolver a questão da suposta bicefalia, argumentou, poderá fragilizar o partido porque o mesmo está, neste momento, numa situação muito boa, em que, basicament­e, se vê o poder partilhado entre José Eduardo dos Santos, que encabeça o partido político, e João Lourenço, que encabeça o Estado.

Lindo Bernardo Tito, da CASA-CE, corrobora com Albano Pedro acerca da questão da bicefalia. O político disse não haver este problema no país. “Do ponto de vista do Estado angolano, não existe bicefalia. Não há uma outra figura que partilha os poderes com o Presidente da República. Agora, se o há dentro do MPLA, é um assunto que eles devem resolver”, afirmou.

O político da coligação CASA-CE referiu que nas grandes democracia­s há separação entre o Presidente da República e do partido. O modelo de concentraç­ão de poder não ajuda a consolidaç­ão da democracia.

“As últimas reuniões do comité central têm sido um proforma. Às vezes, as reuniões nem chegam a fazer quatro horas. O bureau político e secretaria­do do partido levavam tudo cozinhado e o comité central batia palmas. Esses tempos parecemme que acabaram e o maior órgão do MPLA entre congressos vai assumir as suas responsabi­lidades”

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JOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO Ismael Mateus e Lindo Bernardo Tito com posições divergente­s sobre a liderança no MPLA
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MIQUEIAS MACHANGONG­O ! EDIÇÕES NOVEMBRO

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