Jornal de Angola

Angola abre as fronteiras ao comércio livre africano

Presidente João Lourenço foi o quarto Chefe de Estado a assinar o acordo que cria a zona, depois de Mahamadou Issoufou, do Níger, Paul Kagame, Ruanda, e Idriss Deby, do Chade. Documento deve ser aprovado pelos parlamento­s dos Estados

- Bernardino Manje | Kigali

Angola, na pessoa do Chefe de Estado João Lourenço, foi o quarto país a subscrever ontem, em Kigali (Ruanda), o primeiro acordo de criação da Zona de Comércio Livre Continenta­l.

João Lourenço foi o quarto estadista a assinar o acordo em função da ordem alfabética definida para subscrever o instrument­o jurídico que institui a zona livre de comércio. Os Estados-membros da União Africana devem agora transporta­r para os respectivo­s ordenament­os jurídicos internos mediante aprovação parlamenta­r e posterior ratificaçã­o pelo Presidente da República.

Mais de metade dos países africanos deram o primeiro passo para a materializ­ação da Zona de Comércio Livre Continenta­l. Dos 55 Estadosmem­bros da União Africana, mais de 40 assinaram, na capital do Ruanda, o acordo que cria a Zona de Comércio Livre Continenta­l, um instrument­o que visa a integração económica em África.

Além do acordo da Zona de Comércio Livre Continenta­l, os chefes de Estado e de Governo africanos assinaram, durante a décima cimeira extraordin­ária da União Africana (UA), o Protocolo sobre a Livre Circulação de Pessoas e Bens, com mais de 20 assinatura­s. Angola assinou os dois instrument­os.

O Presidente da República, João Lourenço, foi o quarto estadista a assinar os documentos, depois dos Chefes do Estado do Níger, Mahamadou Issoufou, do Ruanda, Paul Kagame, e do Chade, Idriss Deby. Mahamadou Issoufou foi o primeiro a assinar por ser o líder do processo que levou à criação da ZCLC, enquanto Paul Kagame teve o privilégio de ser o segundo, por ser o presidente em exercício da União Africana (UA). Seguiu-selhe Idriss Deby, por ter sido o antecessor de Kagame, na presidênci­a da UA.

Depois do Chefe do Estado angolano, seguiram-se os Presidente­s da República Centro-Africana, Comores, Djibouti, Ghana, Gâmbia, Gabão e Quénia. Entre os países da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC) que assinaram os instrument­os destaca-se a África do Sul, Congo, República Democrátic­a do Congo, Madagáscar, Moçambique, Lesotho, Seychelles, Swazilândi­a, Zâmbia e Zimbabwe.

Felicitaçõ­es

Na abertura da cimeira, o Chefe do Estado do Ruanda e presidente em exercício da UA felicitou Mahamadou Issoufou por ter conseguido liderar o processo de criação da ZCLC, bem como os antigos e actuais líderes africanos que estiveram envolvidos no trabalho que tornou possível a assinatura do acordo. “Estamos a começar a colher os frutos deste trabalho”, disse Paul Kagame. O Presidente ruandês afirmou que a Zona de Comércio Livre Continenta­l é o culminar de uma visão estabeleci­da há mais de 40 anos, durante o Plano de Acção de Lagos, adoptado em 1980. Este compromiss­o, disse, levou os líderes africanos ao Tratado de Abuja, que cria a Comunidade Económica Africana. Ao referir-se às vantagens que se podem tirar da Comunidade Económica Africana, Paul Kagame apontou a prosperida­de para todos os africanos, porque prioriza a produção de bens com valor adicional e de serviço feitos em África.

Além disso, sublinhou que a criação de um mercado único africano vai beneficiar os parceiros de África, o que é muito bom. Contudo, Paul Kagame disse que deve haver mais unidade entre os países africanos, para que sejam melhor aproveitad­os o esforço de cresciment­o e os interesses do continente.

O presidente da Comissão da UA considerou o dia de ontem de histórico, por marcar uma nova viragem para a integração continenta­l, que disse ser um imperativo e não uma opção. Para Moussa Faki Mahamat, a cimeira de Kigali marca a ruptura com o cepticismo de muitos, pois dias melhores vislumbram­se ao continente.

Por sua vez, o Chefe de Estado do Níger e líder do processo de criação da Zona de Comércio Livre Continenta­l disse estar orgulhoso por fazer parte do projecto que, na sua óptica, também será um orgulho para todos os africanos.

A Zona de Comércio Livre Continenta­l, lembrou Mahamadou Issoufou, faz parte do programa de integração africana e da Agenda 2063.

No final da cimeira, foi produzida a “Declaração de Kigali”, uma espécie de comunicado final, em que os Estados membros e parceiros são orientados no sentido de finalizare­m as questões pendentes relativas à primeira fase do acordo, bem como a sua revisão nos ordenament­os jurídicos internos.

"Angola cumpriu o seu dever. Acreditamo­s que é um passo que honra os pan-africanist­as e potencia o processo de integração que vimos promovendo. Viva África", escreveu João Lourenço no Twitter, depois de assinar o acordo

 ?? JOAQUINA BENTO | ANGOP ?? Chefe de Estado angolano foi um dos subscritor­es do acordo histórico para impunsiona­r as trocas comerciais
JOAQUINA BENTO | ANGOP Chefe de Estado angolano foi um dos subscritor­es do acordo histórico para impunsiona­r as trocas comerciais

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola