População deve denunciar quem rouba medicamentos
Sílvia Lutucuta confirmou haver com o Ministério do Interior uma conexão para travar desvios de remédios na rede pública
A ministra da Saúde pediu ontem à população, em Mbanza Kongo, capital da província do Zaire, para denunciar os técnicos de saúde que desviam medicamentos e material gastável das unidades sanitárias públicas e advertiu que o Ministério da Saúde vai ter mão pesada contra os que insistirem nessa prática.
Sílvia Lutucuta, que falava no termo de uma visita de dois dias à província do Zaire, confirmou que o Ministério da Saúde trabalha com o Ministério do Interior para travar a saída da rede pública de saúde de meios destinados aos doentes.
“Fazemos um apelo às pessoas para denunciarem sempre que ocorrerem situações do género”, acentuou Sílvia Lutucuta, que, em Mbanza Kongo, entregou medicamentos essenciais aos hospitais provincial e municipal, centro de saúde de Kianganga e ao centro materno-infantil.
Sílvia Lutucuta alertou os responsáveis das unidades hospitalares para evitarem desvios de medicamentos e recomendou que cuidassem dos remédios como se fossem uma dádiva da igreja, com o argumento de que “ninguém rouba oferta da igreja”.
A ministra da Saúde recomendou ainda a realização de acções de formação contínua dirigidas a todos os técnicos de saúde da província do Zaire, para a melhoria da assistência médica e medicamentosa às populações.
A ministra destacou a importância da formação contínua, não apenas para a humanização dos cuidados de saúde, mas também para aprimorar a assistência.
A ministra da Saúde admitiu existirem vários desafios no sector, no domínio de recursos financeiros, humanos, infra-estruturas e também logísticos. Apesar de haver poucos recursos humanos disponíveis, existem no sector pessoas dedicadas à causa e que realmente vestem a “camisola” do doente, reconheceu a ministra. “Estamos a trabalhar”, garantiu a ministra da Saúde, acentuando que o Ministério tem metas a cumprir a curto, médio e longo prazo.
A titular da pasta da Saúde manifestou a sua preocupação com o estado do laboratório de análises clínicas do Hospital Provincial do Zaire, que se debate com a falta de meios de diagnóstico, como reagentes. A falta de medicamentos é outro problema que enfrenta a unidade hospitalar pública, mas a ministra acentuou que a falta de medicamentos é um problema conjuntural.
Em Mbanza Kongo, a ministra Sílvia Lutucuta constatou o grau de execução da construção do Hospital Geral do Zaire, iniciada em 2014, tendo ficado paralisada por dificuldades financeiras.
A primeira fase já está concluída e a segunda arranca logo que sejam disponibilizadas as verbas, soube o Jornal de Angola de um responsável da CRBC, empresa que executa a empreitada.
A ministra da Saúde, que recebeu das mãos do governador provincial do Zaire, Joanes André, o relatório justificativo do custo do hospital, referente à segunda fase, informou que a construção da infra-estrutura está inserida no Programa de Investimentos Públicos do Ministério para 2018.
Uma unidade hospitalar do género faz falta à província do Zaire, reconheceu a ministra Sílvia Lutucuta, que informou estar o hospital a ser construído para ter cerca de 300 camas e várias valências.
“Vamo-nos deparar com um desafio muito grande, que tem a ver com os recursos humanos para conseguir prestar melhores serviços”, disse a ministra, referindo-se ao futuro Hospital Geral do Zaire. A ministra afirmou que o concurso público, previsto para este ano, não vai resolver, em grande medida, os problemas desta unidade, porque vai precisar de médicos diferenciados e especialistas.
“Teremos que recorrer provavelmente à cooperação externa, para garantirmos os serviços desta unidade”, admitiu a ministra da Saúde, que, durante a sua estada, conversou também com estudantes do curso técnico médio de saúde de Mbanza Kongo, aos quais pediu maior dedicação aos estudos, por serem os futuros profissionais do sector.
Durante a sua permanência na província do Zaire, a ministra da Saúde deslocouse também aos municípios do Nzeto, Tomboco e Soyo.
A ministra Sílvia Lutucuta recomendou aos responsáveis das unidades hospitalares a cuidarem dos remédios como se fossem oferta da igreja