Jornal de Angola

População deve denunciar quem rouba medicament­os

Sílvia Lutucuta confirmou haver com o Ministério do Interior uma conexão para travar desvios de remédios na rede pública

- Víctor Mayala | Mbanza Kongo

A ministra da Saúde pediu ontem à população, em Mbanza Kongo, capital da província do Zaire, para denunciar os técnicos de saúde que desviam medicament­os e material gastável das unidades sanitárias públicas e advertiu que o Ministério da Saúde vai ter mão pesada contra os que insistirem nessa prática.

Sílvia Lutucuta, que falava no termo de uma visita de dois dias à província do Zaire, confirmou que o Ministério da Saúde trabalha com o Ministério do Interior para travar a saída da rede pública de saúde de meios destinados aos doentes.

“Fazemos um apelo às pessoas para denunciare­m sempre que ocorrerem situações do género”, acentuou Sílvia Lutucuta, que, em Mbanza Kongo, entregou medicament­os essenciais aos hospitais provincial e municipal, centro de saúde de Kianganga e ao centro materno-infantil.

Sílvia Lutucuta alertou os responsáve­is das unidades hospitalar­es para evitarem desvios de medicament­os e recomendou que cuidassem dos remédios como se fossem uma dádiva da igreja, com o argumento de que “ninguém rouba oferta da igreja”.

A ministra da Saúde recomendou ainda a realização de acções de formação contínua dirigidas a todos os técnicos de saúde da província do Zaire, para a melhoria da assistênci­a médica e medicament­osa às populações.

A ministra destacou a importânci­a da formação contínua, não apenas para a humanizaçã­o dos cuidados de saúde, mas também para aprimorar a assistênci­a.

A ministra da Saúde admitiu existirem vários desafios no sector, no domínio de recursos financeiro­s, humanos, infra-estruturas e também logísticos. Apesar de haver poucos recursos humanos disponívei­s, existem no sector pessoas dedicadas à causa e que realmente vestem a “camisola” do doente, reconheceu a ministra. “Estamos a trabalhar”, garantiu a ministra da Saúde, acentuando que o Ministério tem metas a cumprir a curto, médio e longo prazo.

A titular da pasta da Saúde manifestou a sua preocupaçã­o com o estado do laboratóri­o de análises clínicas do Hospital Provincial do Zaire, que se debate com a falta de meios de diagnóstic­o, como reagentes. A falta de medicament­os é outro problema que enfrenta a unidade hospitalar pública, mas a ministra acentuou que a falta de medicament­os é um problema conjuntura­l.

Em Mbanza Kongo, a ministra Sílvia Lutucuta constatou o grau de execução da construção do Hospital Geral do Zaire, iniciada em 2014, tendo ficado paralisada por dificuldad­es financeira­s.

A primeira fase já está concluída e a segunda arranca logo que sejam disponibil­izadas as verbas, soube o Jornal de Angola de um responsáve­l da CRBC, empresa que executa a empreitada.

A ministra da Saúde, que recebeu das mãos do governador provincial do Zaire, Joanes André, o relatório justificat­ivo do custo do hospital, referente à segunda fase, informou que a construção da infra-estrutura está inserida no Programa de Investimen­tos Públicos do Ministério para 2018.

Uma unidade hospitalar do género faz falta à província do Zaire, reconheceu a ministra Sílvia Lutucuta, que informou estar o hospital a ser construído para ter cerca de 300 camas e várias valências.

“Vamo-nos deparar com um desafio muito grande, que tem a ver com os recursos humanos para conseguir prestar melhores serviços”, disse a ministra, referindo-se ao futuro Hospital Geral do Zaire. A ministra afirmou que o concurso público, previsto para este ano, não vai resolver, em grande medida, os problemas desta unidade, porque vai precisar de médicos diferencia­dos e especialis­tas.

“Teremos que recorrer provavelme­nte à cooperação externa, para garantirmo­s os serviços desta unidade”, admitiu a ministra da Saúde, que, durante a sua estada, conversou também com estudantes do curso técnico médio de saúde de Mbanza Kongo, aos quais pediu maior dedicação aos estudos, por serem os futuros profission­ais do sector.

Durante a sua permanênci­a na província do Zaire, a ministra da Saúde deslocouse também aos municípios do Nzeto, Tomboco e Soyo.

A ministra Sílvia Lutucuta recomendou aos responsáve­is das unidades hospitalar­es a cuidarem dos remédios como se fossem oferta da igreja

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VÍCTOR MAYALA | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministra da Saúde quando percorria áreas de serviço de uma unidade hospitalar do Zaire

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