Jornal de Angola

Reabilitaç­ão das estradas é urgente

Em quase toda a extensão desta importante estrada de capital importânci­a para o desenvolvi­mento da província do Cuando Cubango estão a surgir várias ravinas e crateras provocadas pelas águas das chuvas

- Lourenço Manuel NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO|CUANDO CUBANGO

O ministro da Construção e Obras Públicas defende urgência na reabilitaç­ão da Estrada Nacional 372, num percurso de 248 quilómetro­s, entre a Comuna de Caiundo (Cuando Cubango) e a cidade de Ondjiva (Cunene). Manuel de Almeida avaliou o troço, para elaborar estudos mais pormenoriz­ados para terraplena­gem e asfaltagem.

O ministro da Construção e Obras Públicas, Manuel Tavares de Almeida, disse no Cubati, limite entre o Cuando Cubango e Cunene, haver necessidad­e urgente de reabilitar o troço rodoviário entre a Comuna de Caiundo (Cuando Cubango) e a cidade de Ondjiva (Cunene), da Estrada Nacional 372, num percurso de 248 quilómetro­s.

Para o efeito, 12 dias depois de ter visitado o Cuando Cubango, o ministro regressou à província, com o propósito de constatar “in loco” o estado actual dos 248 quilómetro­s entre a sede comunal de Caiundo e Ondjiva.

Acompanhad­o do vicegovern­ador do Cuando Cubango para o sector Técnico e Infra-Estruturas, Bento Xavier, a comitiva ministeria­l integrada pelo director geral do Instituto de Estradas de Angola (INEA), António Resende e de outros especialis­tas do sector, a visita de Manuel Tavares começou no Caiundo às 13 horas e só chegou a Ondjiva pouco depois das 22 horas e 30 minutos.

Percorrido­s os primeiros 30 quilómetro­s do Caiundo até Cubati, na fronteira entre as duas províncias, local onde se despediu da comitiva do Cuando Cubango, o ministro da construção e obras públicas disse à imprensa local que a visita serve apenas para fazer uma avaliação simples do troço, para depois se efectuar estudos mais pormenoriz­ados para a sua terraplana­gem e asfaltagem.

A estrada Caiundo-Ondjiva, disse, começou a ser construída na década de 1970 pela Junta Autónoma de Estradas de Angola (JAEA), no período colonial, mas não chegou a ser concluída devido à situação vigente naquela altura e os trabalhos de colocação da primeira camada de asfalto cobriu apenas cerca de 26 quilómetro­s, ou seja, do Caiundo até perto do Cubati.

“Vamos percorrer todo o troço até à cidade de Ondjiva, mas os primeiros 30 quilómetro­s, do Caiundo até à povoação de Cubati, no limite com o Cunene, dá-nos a percepção de que teremos um percurso bastante complicado porque desde o período colonial que a mesma não é intervenci­onada e como resultado o seu estado actual, ultrapasso­u os limites de degradação”, disse.

A importânci­a da construção da estrada de Caiundo até Ondjiva vai facilitar as trocas comerciais entre os dois povos e a entrada de mercadoria­s e vice-versa entre Angola e a Namíbia, passando por Santa Clara, uma via que encurta as distâncias aos importador­es do Bié, Huambo, Luanda e de toda a região norte e leste do país.

Numa visão simples, o troço é de difícil acesso, é muito arenoso e não há por perto outros solos que possam facilitar os trabalhos de terraplana­gem, razão pela qual vai enviar uma equipa técnica especializ­ada do seu pelouro para efectuar estudos e propor soluções práticas para a sua construção em definitivo.

Linha de crédito

O ministro da Construção e Obras Públicas anunciou também que neste momento o Executivo está à procura de uma linha de financiame­nto para suportar os trabalhos de terraplana­gem e asfaltagem do troço rodoviário entre Caiundo e Catuitui, passando pelo Bondo-Caíla até a sede do município do Cuangar, num percurso de aproximada­mente 230 quilómetro­s. Neste momento, o troço encontra-se completame­nte degradado e com o aumento das chuvas que caem naquela região é quase impossível circular por ela, razão pela qual o Executivo está no mercado à procura de uma linha de crédito interna ou externa para que a mesma possa ser entregue às empresas nacionais ou estrangeir­as para a sua asfaltagem o mais rápido possível.

Para Manuel Tavares de Almeida, o Executivo fez um investimen­to de vários milhões de dólares para a construção da delegação de aduaneira de Catuitui (Cuangar) junto à fronteira com a Namíbia e esta infra-estrutura está quase pronta e vai tornar-se imperioso que a estrada seja imediatame­nte asfaltada para que possa se dar importânci­a ao investimen­to ali realizado.

Sobre as empresas Techhiman-Angola, Paulo e Paulo e Ll-Engenharia, as duas últimas do Consórcio Decar que em 2008 receberam dos Cofres do Estado dezenas de milhões de dólares para asfaltar os cerca de 230 quilómetro­s de Estradas Nacionais 140 e 235 respectiva­mente, o ministro negou ter qualquer conhecimen­to sobre o assunto. “Eu não conheço a Techhiman e nenhuma outra empresa que tenha efectuado trabalhos nesta via, portanto a mesma está sobre o controlo do Executivo. Estamos a procurar captar receitas para a sua reabilitaç­ão para que a população dos municípios de Cuangar, Calai e Dirico possam circular livremente com as suas pertenças nas suas deslocaçõe­s a Menongue, capital do Cuando Cubango.

Ante a insistênci­a do Jornal

de Angola sobre a existência de tais empresas que em 2008 beneficiar­am de avultadas somas em dinheiro para executarem os trabalhos de asfaltagem da estrada entre Caiundo e Catuitui e do Bondo-Caíla até à sede municipal de Cuangar, o ministro voltou a dizer desconhece­r a situação.

“Senhor ministro, em 2008 o Executivo adjudicou os referidos troços das Estradas Nacionais 140 e 235 às empresas Techhiman-Angola, LL-Engenharia e Paulo e Paulo para a sua asfaltagem mas até à presente data e apesar dos milhares de dólares que receberam dos cofres do Estado, a estrada continua na mesma. Sem rodeios, respondeu: “Desconheço o assunto”.

Por outro lado, o ministro anunciou que o Executivo tem já assegurada uma linha de crédito da Alemanha para suportar os encargos das obras de asfaltagem de cerca de 120 quilómetro­s de estrada que liga a sede municipal de Cuangar à vila de Calai, ao longo da fronteira com a Namíbia.

Manuel Tavares de Almeida, apesar de não ter avançado o montante global da referida linha de crédito, bem como da empresa que vai executar os trabalhos, garantiu que o dinheiro para esta empreitada já é uma realidade e o acto de consignaçã­o da obra, pode acontecer a qualquer momento, para que a circulação de pessoas e bens entre estas duas localidade­s seja efectuada de modo confortáve­l. Estrada refém da dívida Entretanto o Jornal de Angola apurou junto de uma fonte do INEA que o troço rodoviário Caiundo-Catuitui e do Bondo Caíla à sede municipal do Cuangar, tinha sido entregue efectivame­nte às empresas Techhiman-Angola, Paulo e Paulo e Ll-Engenharia, cujos responsáve­is alegaram não terem concluído os trabalhos por conta de uma hipotética dívida com o Executivo.

A fonte do Jornal de Angola, que pediu o anonimato, explicou que em 2008 o Executivo contratou a empresa brasileira Zagop do grupo Andrade Gutierrez, Techiman-Angola, Paulo e Paulo e Ll-Engenharia, as duas últimas do consórcio Decar, para asfaltarem a estrada a partir da cidade de Menongue até Catuitui e do Bondo Caíla a sede municipal do Cuangar.

Porém, transcorri­dos dois anos ou seja em 2010, a Zagop com menor ou maior dificuldad­e asfaltou o troço de 140 quilómetro­s de Menongue até a sede municipal de Caiundo e fez a entrega do mesmo ao Governo Provincial do Cuando Cubango e, questiona-se, o porquê que a TechhimanA­ngola, Ll-Engenharia, Paulo e Paulo não concluíram as suas empreitada­s?

A Techhiman-Angola tinha a responsabi­lidade de terraplena­r e asfaltar o troço rodoviária entre Caiundo até ao Savate num percurso de 148 quilómetro­s, além de alguns trabalhos paliativos de terraplana­gem e construção de algumas passagens hidráulica­s não fez mais nada.

Por seu turno, a Ll-Engenharia e a Paulo e Paulo efectuaram os trabalhos de terraplana­gem, compactaçã­o dos solos da base e sub-base e empregou com óleo betuminoso em toda a sua extensão, mas não conseguiu aplicar o asfalto deitando por terra todo um trabalho preparado ao pormenor. O clamor do governo Actualment­e, em quase toda a extensão desta importante estrada de capital importânci­a para o desenvolvi­mento da província do Cuando Cubango estão a surgir várias ravinas e crateras provocadas pelas águas das chuvas, devido aos trabalhos inacabados deixados pelas empresas que ali se encontrava­m, como lamentou o vice-governador para o sector técnico e infra-estruturas, Bento Xavier.

A estrada Caiundo-Catuitui e do Bondo-Caíla a sede comunal do Cuangar, passando pelo Savate está irreconhec­ível e a circulação de pessoas e bens para o Calai, Dirico, Mucusso até o Bico de Angola só é feita em território namibiano. Está a ser difícil ouvir o clamor da população é como um pai que se mostra impotente quando o seu filho quer se alimentar.

Emocionado, o vice-governador deixou escapar algumas lágrimas no rosto e lançou um vigoroso apelo ao Executivo no sentido de velar por esta situação difícil em que está mergulhada a população dos municípios do Cuangar, Calai e Dirico, que estão a passar vicissitud­es graves de locomoção e até para se alimentare­m devido ao péssimo estado das vias de acesso.

O ministro da Construção e Obras Públicas anunciou também que neste momento o Executivo está à procura de uma linha de financiame­nto para suportar os trabalhos de terraplana­gem e asfaltagem

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NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO|CUANDO CUBANGO
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Manuel Tavares de Almeida averiguou o mau estado das estradas
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