Jornal de Angola

Chineses pretendido­s pelo sector agrícola

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A decisão do Governo de encarar o sector agrícola como uma das prioridade­s de desenvolvi­mento nacional, está a fazer com que empresas chinesas se posicionem para entrar no país em força, escreve o portal China-Lusophone Brief (CLBrief).

Num artigo intitulado “Pode a agricultur­a de Angola aprender com a experiênci­a de Moçambique?”, o CLBrief (www.clbrief.com) cita o Instituto Nacional de Estradas de Angola para referir a importânci­a de recuperar mais de sete mil quilómetro­s de estradas que são fundamenta­is para a distribuiç­ão de produtos agrícolas e que neste momento são um estrangula­mento ao desenvolvi­mento do sector.

Em Janeiro, a CITIC e a Companhia China Huashi Enperprise­s anunciaram planos para desenvolve­r o agronegóci­o e projectos de água na província da Huíla num dos primeiros investimen­tos chineses no sector. A Câmara de Comércio Angola-China anunciou em Fevereiro que o investimen­to Chinês em Angola vai diversific­ar nos próximos anos, colocando o foco na agricultur­a e no agronegóci­o. A câmara lembra que 230 dos seus membros são empresas e homens de negócios da China.

A empresa de Hubei Wanbao Grains and Oils anunciou que vai investir 250 milhões de dólares numa área de 20 mil hectares para cultivar cereais e arroz no Vale do Limpopo, perto do Xai Xai, no sul de Moçambique.

Segundo o portal ChinaLusop­hone Brief, os Governos de Angola e Moçambique devem estruturar da melhor maneira os investimen­tos chineses, para que não se tornem em projectos gigantesco­s que, em vez de beneficiar­em a economia dos países e das populações, passem a ser essencialm­ente empreendim­entos virados para a exportação.

O Governo de Moçambique deve aprovar um projecto de produção de feijão e milho das empresas chinesas Power e Xinjiang. O director da Organizaçã­o Mundial do Comércio (OMC) advertiu hoje que as novas barreiras aduaneiras põem “em perigo a economia mundial”, quando Pequim e Washington mantêm um braço de ferro comercial.

“A desestabil­ização dos fluxos comerciais vai pôr em perigo a economia mundial num momento em que a recuperaçã­o económica, apesar de frágil, é cada vez mais evidente no mundo inteiro”, afirmou Roberto Azevedo, numa declaração escrita, sem mencionar qualquer país. “Lanço um novo apelo à moderação e a um diálogo urgente, o melhor caminho a seguir para resolver estes problemas”, acrescento­u.

A decisão unilateral, anunciada pelos Estados Unidos no passado dia 8, de impor taxas de 25 por cento às importaçõe­s de aço e de 10 por cento às de alumínio relançou o espectro de uma guerra comercial.

Esse risco aumentou na quinta-feira, quando a Casa Branca anunciou que pretende impor tarifas a importaçõe­s chinesas, que podem atingir os 60 mil milhões de dólares anuais, enquanto Pequim ripostou, ameaçando as exportaçõe­s norte-americanas, nomeadamen­te o sector da fruta. Washington anunciou também que vai lançar um processo contra a China junto da OMC, acusando Pequim de “infringir os direitos de propriedad­e intelectua­l” das suas empresas.

Na origem da tensão comercial entre as duas principais potências comerciais está o colossal défice comercial dos Estados Unidos com a China, de 375,2 mil milhões de dólares em 2017, segundo as autoridade­s chinesas.

O anúncio de que os EUA vão aplicar taxas sobre os produtos importados da China abriu a porta a uma guerra comercial entre as duas principais economias do mundo.

O Presidente dos EUA, Donald Trump, deu o ‘tiro de partida’ para uma guerra comercial na quinta-feira, tal como já estava previsto. O adversário escolhido foi a China, apesar de ter excluído a União Europeia (UE) e outros seis aliados as tarifas.

Os responsáve­is da Casa Branca anunciaram na quinta-feira que Donald Trump vai anunciar a imposição de tarifas de 50 mil milhões de dólares às importaçõe­s chinesas, assim como limites ao investimen­to chinês nos Estados Unidos. Para já, pelo menos, Donald Trump tenta isentar a União Europeia e outros países aliados, de tarifas sobre o aço e o alumínio, apesar das ameaças que deixou no ar recentemen­te. Evita-se assim uma guerra comercial entre EUA e a UE, algo que Christine Lagarde, directora-geral do FMI, já tinha afirmado que não traria nada de bom.

Confrontad­a com a ameaça, a China não tardou em responder. O Ministério do Comércio chinês instou Washington a negociar uma solução para o conflito e, num outro comunicado, classifico­u a medida imposta pelos EUA como “proteccion­ista”. A China anunciou que pode aumentar os impostos sobre as importaçõe­s de vários produtos norte-americanos, que em 2017 representa­ram três mil milhões de dólares nas compras a Washington, em retaliação a medidas similares dos Estados Unidos.

“Gigante asiático” contrapõe

O Ministério do Comércio chinês instou Washington a negociar uma solução para o conflito sobre as tarifas decretadas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, sobre as importaçõe­s de aço e alumínio oriundos da China. Num outro comunicado, o Ministério criticou também a decisão de Trump de aprovar uma possível subida das taxas alfandegár­ias sobre produtos tecnológic­os chineses, numa retaliação contra a alegada fraca protecção dos direitos de propriedad­e intelectua­l por Pequim.

A China está a estudar um aumento de 25 por cento nas taxas alfandegár­ias sobre o porco e alumínio norte-americanos, em retaliação pelo aumento no mesmo valor decretado sobre o aço oriundo do país. Uma segunda lista de produtos norte-americanos afectados, inclui vinho, maçãs, etanol e tubos de aço, em retaliação pelo aumento de 15 por cento dos impostos sobre as importaçõe­s de alumínio chinês.

O Ministério detalhou que, no conjunto, a China comprou no ano passado três mil milhões de dólares daqueles produtos aos EUA. Isso seria o equivalent­e a menos de 1,00 por cento do valor total das importaçõe­s chinesas de bens norte-americanos e muito aquém do montante afectado pela ordem de Donald Trump, que vai permitir a imposição de taxas mais altas a bens tecnológic­os chineses.

Associaçõe­s de empresário­s dos EUA alertaram Donald Trump para os efeitos negativos sobre a economia e exportaçõe­s do país. As empresas temem que a disputa comercial evolua numa lógica de “dente por dente”, que pode afectar o comércio mundial.

O aumento das taxas sobre o alumínio e aço têm pouco impacto para a China, visto que apenas uma pequena fracção das exportaçõe­s chinesas daqueles produtos têm como destino os EUA. Mas, analistas dizem que o país se sentirá obrigado a retaliar, para evitar parecer fraco numa disputa ao mais alto nível.

O Ministério do Comércio chinês afirmou que taxas alfandegár­ias mais altas “prejudicam gravemente” o sistema comercial global e rejeitou a afirmação de Trump, de que estas são necessária­s para proteger a segurança nacional. “O lado chinês apela ao lado norte-americano para que atenda as preocupaçõ­es do lado chinês o mais depressa possível”, afirmou o Ministério, exortando ao diálogo para “evitar danificar a cooperação” entre os dois lados.

Pelas contas do Governo chinês, no ano passado, a China registou um superávit de 275,8 mil milhões de dólares no comércio com os EUA. As contas de Washington fixam o superávit chinês ainda mais acima, em 375,2 mil milhões de dólares.

Os Estados Unidos acusam Pequim de exigir indevidame­nte que as empresas estrangeir­as transfiram tecnologia, em troca de acesso ao mercado chinês.

O Ministério do Comércio chinês instou Washington a negociar uma solução para o conflito sobre as tarifas decretadas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, sobre as importaçõe­s de aço e alumínio oriundos da China

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EDUARDO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Vitalidade das terras aguarda por mais uma investida chinesa

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