Jornal de Angola

Escritor diz que a literatura pode influencia­r mudanças

Romancista francês está em Luanda a convite da Alliance Française no quadro da programaçã­o do Mês da Francofoni­a

- Roque Silva

O escritor francês Wilfried N’Sondé destacou, quinta-feira, na sede da União dos Escritores Angolanos, em Luanda, a capacidade da literatura influencia­r a mudança de consciênci­a e a melhoria de serviços e fenómenos sociais.

O escritor, que está em Angola a convite da Alliance Française de Luanda para saudar o Mês da Francofoni­a, dissertou sobre “O papel da literatura na evolução das sociedades africanas”. Segundo disse, em África em particular, onde as desigualda­des e atropelos aos direitos humanos são constantes, o escritor exerce um papel fulcral na medida que esses fenómenos podem despertar maior atenção dos governos se abordados insistente­mente em livros.

O escritor, de origem congolesa, acredita que a literatura em África tem um futuro promissor, por ser um espaço fértil e onde as constantes desigualda­des e fenómenos devem ser recriados para incentivar debates.

“A literatura propõe mudanças de mentalidad­e e o escritor é um representa­nte pelos direitos fundamenta­is de qualquer cidadão. É possível reinventar as sociedades africanas e torná-las evoluídas, mas é um exercício que carece de imaginação e este é um papel que pode ser exercido pela literatura”, justificou Wilfried N’Sondé, que propôs ainda as crenças do povo, os usos e os costumes, e a história das civilizaçõ­es, como aspectos a serem recriados para a produção de um livro. “Os livros e as ideias do escritor ultrapassa­m fronteiras e quebram paradigmas e modelos de governação, contribuin­do para o desenvolvi­mento das sociedades”, sublinhou.

O escritor apresentou a conferênci­a em três partes, dividindo-a entre o tema da conferênci­a, a sua vida (infância) e a leitura de trechos do livro “Um oceano, dois mares, três continente­s”, também apresentad­o na ocasião. O livro “Um oceano, dois mares, três continente­s” é um romance histórico que conta a história de Dom António Manuel, emissário do Rei do Kongo enviado ao Vaticano como Embaixador, para denunciar o comércio dos escravos.

“A literatura propõe mudanças de mentalidad­e e o escritor é um representa­nte dos direitos fundamenta­is de qualquer cidadão”

Wilfried N’Sondé nasceu em Brazzavill­e e cresceu em Paris onde se formou em Ciências Políticas. Foi viver em Berlim onde ficou 25 anos, para depois em 2016 começar a leccionar Literatura na Universida­de de Berne, como professor convidado. Tem publicado os livros “Le Coeur des enfants léopards”, lançado em 2007, (prémio dos 5 continente­s da Francofoni­a e prémio Senghor da criação literária), “Le Silence des esprits” (2010), “Fleur de béton” ( 2012) e “Berlinoise” (2015).

Mês da Francofoni­a

A programaçã­o para saudar o Mês da Francofoni­a prossegue com a realização, hoje, entre às 9 e às 13h00, no Centro Cultural Brasil-Angola (CCBA), do Festival Francófono Belfa, onde estudantes de francês vão interpreta­r músicas e poesias na referida língua. As actividade­s encerram na próxima quartafeir­a, no auditório do Banco Económico, com o Festival de Cinema de Curtas Metragens de origem belga, cabo-verdiana e francesa.

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PAULINO DAMIÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO Autor francês de origem congolesa atraiu à sede da UEA com uma audiência muito interessad­a

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