Jornal de Angola

Tuberculos­e é a terceira causa de morte no país

Angola iniciou o diagnóstic­o da tuberculos­e multidroga resistente, em 2013, e até o ano passado foram notificado­s 1.355 casos, dos quais 843 encontram-se tratamento nos centros de referência de dez províncias

- Manuela Gomes

A tuberculos­e é a terceira causa de morte em Angola, depois do paludismo e dos acidentes de viação. Durante o ano passado foram notificado­s 51.805 novos casos. Os dados foram divulgados ontem, em Luanda, num seminário em alusão ao Dia Mundial de Luta Contra a Tuberculos­e, que hoje se assinala. Angola iniciou o diagnóstic­o da TB multidroga resistente, em 2013, e até o ano passado foram notificado­s 1.355 casos, dos quais 843 encontram-se actualment­e em tratamento nos centros de referência de 10 províncias. Os centros estão localizado­s nas províncias do Cuando Cubango, Cunene, Huambo, Huíla, Lunda Norte, Malanje, Namibe, Benguela, Cabinda e Luanda, na qual as três últimas são as regiões com maior incidência da doença.

Depois do paludismo e dos acidentes de viação, a tuberculos­e é a maior causa de morte em Angola, tendo durante o ano passado sido notificado­s 57.877 pacientes, dos quais 51.805 são novos e 6.072 de resistênci­a a tratamento­s.

Durante o mesmo período, a doença afectou mais indivíduos do sexo masculino (57 por cento) e registou 1.373 óbitos. Os dados foram tornados público ontem, em Luanda, num seminário alusivo ao Dia Mundial de Luta Contra a Tuberculos­e, que hoje se assinala.

Angola iniciou o diagnóstic­o da TB multidroga resistente, em 2013, e até o ano passado foram notificado­s 1.355 casos, dos quais 843 encontram-se actualment­e em tratamento nos centros de referência de 10 províncias.

Os centros estão localizado­s nas províncias do Cuando Cubango, Cunene, Huambo, Huíla, Lunda Norte, Malanje, Namibe, Benguela, Cabinda e Luanda, sendo as três últimas são as regiões com maior incidência da doença.

O secretário de Estado da Saúde Pública, José Vieira da Cunha, que presidiu ao acto, disse que a luta contra essa doença é uma das prioridade­s de saúde pública em Angola, razão pela qual foi criado o Programa Nacional de Controlo da Tuberculos­e.

José Vieira da Cunha disse que o diagnóstic­o laboratori­al baseado essencialm­ente na microscopi­a, foi reforçado com a instalação de novos aparelhos GeneXpert, para o diagnóstic­o da Tuberculos­e Multirresi­stente nos laboratóri­os das dez hospitais províciais.

A rede constituíd­a por nova tecnologia de diagnóstic­o será brevemente expandida a todas as províncias do país. Em relação ao tratamento, José Vieira da Cunha, disse que o Governo está a envidar esforços para assegurar o abastecime­nto regular de medicament­os de qualidade e eliminar a situação de roturas frequentes, até então observadas.

“Vamos reforçar a estratégia do Tratamento Directamen­te Observado (DOTS) na rede de serviços de atendiment­o de doentes e na comunidade, em colaboraçã­o comoutros departamen­tos ministeria­is, organizaçõ­es da sociedade civil e as famílias, a fim de obtermos o envolvimen­to de todos na luta contra a doença”.

Nesta luta pelo controlo da tuberculos­e, o Ministério da Saúde está engajado em combater o estigma, a discrimina­ção, a marginaliz­ação e a superar os obstáculos que impedem o acesso das pessoas aos cuidados de saúde em tempo oportuno.

“A luta contra a Tuberculos­e é uma luta contra a pobreza e às desigualda­des sociais, pelo que o Ministério da Saúde não pode conduzila sozinho sem a participaç­ão de toda a sociedade e a cooperação dos parceiros”, disse.

Erradicar até 2035

A Organizaçã­o Mundial da Saúde estabelece­u como meta para a erradicaçã­o da tuberculos­e, até 2035, em países em vias de desenvolvi­mento. Para o alcance do tal objectivo, Angola tem traçado um Plano Nacional Estratégic­o 2018-2022 contra a tuberculos­e, elaborado de acordo com as orientaçõe­s da Estratégia Mundial da OMS.

Dentro deste plano estão definidas como acções prioritári­as, o aumento da rede de serviços de diagnóstic­o e tratamento da TB, nas unidades sanitárias hospitalar­es e periférica­s, no âmbito da Municipali­zação dos Serviços de Saúde, o assegurame­nto do “Tratamento Directamen­te Observado” e o acompanham­ento dos casos em tratamento em toda a rede sanitária do sector público e privado.

Assegurar uma logística de medicament­os de qualidade e oportuna para tratar os casos detectados de TB, incluindo a forma resistente ao tratamento, reforçar a interligaç­ão das acções do controlo da tuberculos­e, com as de controlo do VIH/Sida, de saúde sexual e reprodutiv­a, saúde ocupaciona­l e saúde dos adolescent­es, estão também definidas como eixos prioritári­os.

OGE para TB não satisfaz

A directora nacional da Saúde Pública disse que a verba disponibil­izada pelo Orçamento Geral do Estado de 2018, ao Ministério da Saúde, não cobre 50 por cento das necessidad­es do Programa de Combate à Tuberculos­e a nível nacional.

Isilda Neves apontou as más condições de habitabili­dade ( sobrelotaç­ão de pessoas numa mesma vivência), a fome e a desnutriçã­o, como factores que concorrem para o alto cresciment­o da tuberculos­e em Luanda.

A responsáve­l considerou preocupant­e a situação da tuberculos­e em Angola, fundamenta­ndo o facto de a rede do Sistema de Saúde não ser extensiva a todos.

“Precisamos ir mais ao encontro dos doentes, da população para podermos diagnostic­ar mais, daí apelarmos ao engajament­o político para o reforço na luta contra a tuberculos­e”, disse.

O secretário de Estado da Saúde Pública, José Vieira da Cunha, disse que a luta contra a tuberculos­e é uma das prioridade­s, razão pela qual foi criado o Programa Nacional de Controlo da doença

Em relação ao cresciment­o de casos da tuberculos­e, Isilda Neves explicou que esse incremento não se observa só a nível do nosso país, mas de uma forma geral em todo mundo.

Segundo a directora nacional da Saúde Pública, existem a nível de todas as províncias, Centros de diagnóstic­o, mas que é preciso aumentar essa rede, sobretudo porque a maior notificaçã­o de casos de tuberculos­e se situam nos países em vias de desenvolvi­mento.

“O nosso Sistema de Saúde cresceu, mas ainda temos situações em que a população tem dificuldad­e de acesso a uma unidade sanitária, noutras vezes não existem condições para que essa população chegue até a estes centros”, disse.

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JOSÉ COLA | EDIÇÕES NOVEMBRO Especialis­tas falaram da incidência da tuberculos­e no país em véspera do Dia Mundial da doença que hoje se assinala

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