Estado Islâmico assume ataque no Sul da França
Jovem de origem marroquina fez vários reféns num supermercado antes de ser abatido pela polícia
O grupo terrorista Estado Islâmico reivindicou ontem a autoria do ataque contra polícias e a tomada de reféns num supermercado de Trèbes, sul da França, na qual quatro pessoas morreram, incluindo o atirador.
O grupo rebelde Estado Islâmico (EI) reivindicou ontem através da agência de notícias vinculada aos jihadistas, “Amaq”, a autoria do ataque contra vários agentes da Polícia e a tomada de reféns num supermercado de Trèbes, região de Carcassonne, no sul da França, na qual pelo menos quatro pessoas morreram, incluindo o próprio atirador.
A agência emitiu um breve comunicado através do aplicativo Telegram no qual garantiu que o atacante é “um soldado do Estado Islâmico” e que agiu “em resposta aos apelos para atacar os países da coligação” internacional liderada pelos Estados Unidos.
O ataque provocou ainda 17 feridos, muitos deles em estado grave, segundo as autoridades.
De acordo com as autoridades locais, o autor do ataque é Redouane Lakdim, um jovem de 26 anos de origem marroquina que acabou abatido pela forças policiais enviadas ao local.
Redouane Lakdim era conhecido das autoridades por pequenos delitos, mas “não havia sinais de se ter radicalizado”, disse o ministro francês do Interior, Gérard Collomb, em conferência de imprensa em Aube, o Departamento em que se situa Trèbes.
Lakdim “agiu sozinho” e exigia a libertação do único presumível autor dos ataques de Novembro de 2015 vivo, Salah Abdeslam.
Segundo o jornal Le Parisien o criminoso nasceu em Marrocos, era muito activo nas redes sociais salafistas e já tinha sido preso em Carcassonne em 2016, não sendo avançado qual o motivo para o encarceramento.
O jovem morava com os pais e irmãs. Em declarações ao jornal francês, uma testemunha afirmou ter visto o suspeito a levar a irmã à escola antes do ataque.
O ministro do Interior explicou que um polícia, um tenente-coronel de 45 anos que se encontrava no supermercado, tomou o lugar de um refém. Esse polícia foi ferido com gravidade e outros dois sofreram ferimentos durante o assalto.
Fontes próximas da investigação citadas pela agência France Press disseram que, antes do ataque ao grupo de polícias e do sequestro no supermercado, o suspeito terá morto uma pessoa, que, segundo as mesmas fontes, de nacionalidade portuguesa, e ferido outra para roubar a viatura em que seguiam.
Depois, já ao volante do veículo roubado, passou pelo grupo de polícias e disparou seis tiros, ferindo um deles num ombro, e seguiu para Trèbes, a cerca de dez quilómetros, onde entrou no supermercado Super U e fez reféns. O sequestro no supermercado começou cerca das 11h15 locais e o assalto foi lançado às 14h25.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, condenou o ataque cobarde e expressou total apoio às vítimas da situação.
“Quero garantir o meu apoio àqueles que tiveram de enfrentar e ainda enfrentam esta situação”, disse, no início de uma conferência de imprensa conjunta com a chanceler alemã Angela Merkel.
O antigo Chefe de Estado francês François Hollande também reagiu ao ataque em Carcassonne e exprimiu solidariedade às famílias das vítimas deste acto terrorista.
O ex-Presidente francês reagiu através da sua conta do Twitter.
“Estendo a minha solidariedade às famílias das vítimas deste ataque terrorista que volta a enlutar a França. Saúdo a coragem das forças de segurança. Este ataque confirma o elevado nível de ameaça do Daesh e exige a vigilância e a coesão de toda a nação”, escreveu o antigo Presidente francês, que liderou os destinos do país entre 2012 e 2017.
Durante esse período, a França foi alvo de uma série de ataques terroristas, entre os quais os ocorridos na redacção do Charlie Hebdo (onde morreram 17 pessoas) e no Bataclan (morreram 130 pessoas) em 2015. No ano seguinte, Nice foi palco de novo ataque com dimensões trágicas, quando um camião atropelou uma multidão. Neste ataque morreram 86 pessoas.
“Jihadista” Redouane Lakdim era conhecido pelas autoridades por pequenos delitos, mas não revelou sinais de se ter radicalizado. Ele agiu sozinho e exigia a libertação de Salah Abdeslam