Jornal de Angola

Batalha histórica mudou o rumo da África Austral

Comemoraçõ­es foram marcadas por uma manifestaç­ão contra a Direcção do Fórum dos Combatente­s da Batalha do Cuito Cuanavale exigindo melhores condições de vida

-

A Batalha do Cuito Cuanavale mudou o curso da história na África Austral, afirmou ontem, naquela localidade, o ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, general Pedro Sebastião.

O Presidente da República e Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Angolanas, João Lourenço, rendeu ontem “homenagem” aos “bravos e heróicos” combatente­s da vitória da Batalha do Cuito Cuanavale, em particular aos que sacrificar­am as próprias vidas.

Em mensagem por ocasião do 30º aniversári­o da Batalha do Cuito Cuanavale, assinalado ontem, João Lourenço conta que, no histórico confronto, milhares de angolanos em armas, com internacio­nalistas cubanos e soviéticos, combateram dia e noite para a salvaguard­a da integridad­e da Nação angolana.

O Chefe de Estado sublinha que aquela gesta histórica foi a “reafirmaçã­o inequívoca” da tradição de luta do povo angolano, que se estende no tempo.

No documento, o estadista sublinha que o triunfo conduzirá os angolanos a novas vitórias no esforço colectivo de edificar uma sociedade de prosperida­de, justiça social e inclusão.

O Presidente João Lourenço pede aos angolanos que se orgulhem do carácter decisivo deste confronto que alterou, definitiva­mente, a correlação de forças na África Austral e abriu caminho à implementa­ção da Resolução 435/78 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, resultando na Independên­cia da Namíbia e no fim do regime de segregação racial na África do Sul.

O Comandante-em-Chefe das Forças Armadas reconhece o papel determinan­te das então Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA) na “vitória retumbante” sobre as forças sul-africanas, a 23 de Março de 1988.

Batalha do Cuito Cuanavale

O ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, general Pedro Sebastião, enalteceu ontem a bravura das extintas FAPLA, que no dia 23 de Março de 1988 quebraram o mito da invencibil­idade do exército do regime do apartheid da África do Sul.

Pedro Sebastião, que falava durante o acto central do 30º aniversári­o da Batalha do Cuito Cuanavale, considerou que os heróis daquela gesta histórica não morrem, porque continuam nos “nossos corações”.

“Foi aqui nesta localidade do Cuito Cuanavale, sob liderança do então Comandante­em-Chefe das FAPLA e Presidente da República, José Eduardo dos Santos, que se definiu o futuro do nosso país e da região, depois da derrota em combate do exército da África do Sul que eram auxiliados por milhares de guerrilhei­ros da UNITA”, disse Pedro Sebastião.

Pedro Sebastião realçou que se recorda daquele episódio com júbilo, porque a integridad­e territoria­l foi assegurada e a unidade nacional é um facto. O general sublinhou que tudo isso deve ser recordado, para se honrar os heróis e para que as gerações actuais e vindouras tenham noção de quanto custou a liberdade e a paz que se vivem hoje.

A Batalha do Cuito Cuanavale, disse, foi o maior confronto militar travado no sul do continente africano, depois da Segunda Guerra Mundial, tendo em atenção o enorme potencial bélico que os sul-africanos traziam no terreno, como os famosos canhões de longo alcance G-5 e G-6, entre outro equipament­o militar.

Memorial

O ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República sublinhou que a construção do Memorial em homenagem aos heróis da Batalha do Cuito Cuanavale transmite a força, a determinaç­ão, a coragem e todo o vigor dos combatente­s que participar­am naquele evento histórico. Com a homenagem, disse, o povo angolano quis enaltecer e perpetuar a memória dos seus heróis.

Pedro Sebastião aproveitou a ocasião para render uma homenagem a todos quantos sacrificar­am as suas vidas para que a nação angolana e outros povos da região alcançasse­m a liberdade.

O acto contou com as presenças dos embaixador­es da Federação Russa, Vladimir Tararov, da África do Sul, Fannie Phakola, de Cuba, Esther Armenteros, e da Namíbia, Cláudia Ushona.

No Cuito Cuanavale, Pedro Sebastião depositou uma coroa de flores em memória aos heróis tombados pela Batalha do Cuito Cuanavale, acendeu a tocha que simboliza a glória eterna e assinou o livro de honra. Fez uma visita demorada ao Memorial.

Reconhecim­ento

O embaixador sul-africano em Angola, Fannie Phakola, admitiu ontem, ao Jornal de Angola, que as Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA) foram superiores ao exército do regime do apartheid que saiu derrotado na Batalha do Cuito Cuanavale.

“Não podemos esconder a verdade, sob pena de amanhã sermos criticados pelos nossos filhos, sobrinhos ou netos. Na realidade, houve uma invasão e ela foi duramente repelida pelas FAPLA. Esta é uma realidade que na África do Sul já não se pode esconder”, afirmou.

Por esta razão, disse ser consensual que o dia 23 de Março de 1988 seja na realidade feriado em toda a região da África Austral. Assegurou que, tão logo este dossier esteja sobre a mesa do governo sul-africano, vai homologar a proposta.

Manifestaç­ão

Durante as celebraçõe­s dos 30 anos da Batalha do Cuito Cuanavale, os ex-militares das FAPLA, manifestar­amse contra a antiga Direcção do Fórum dos Combatente­s da Batalha do Cuito Cuanavale exigindo melhores condições de vida.

Durante a curta manifestaç­ão as chefias militares pediram calma aos ex-militares e prometeram levar o assunto à consideraç­ão superior no sentido de se resolver o problema o mais rápido possível.

Entretanto, o Jornal de Angola apurou que a FOCOBACC, associação dos Combatente­s da Batalha do Cuito Cuanavale, desde a sua instituiçã­o até à data nunca beneficiou de qualquer ajuda para benefício dos seus integrante­s, que precisam de apoios em vários domínios.

 ?? NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO | MENONGUE ?? Acto central foi presidido pelo ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança, Pedro Sebastião
NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO | MENONGUE Acto central foi presidido pelo ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança, Pedro Sebastião

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola