Jornal de Angola

Comércio livre continenta­l é um passo decisivo

- Carlos Gomes *Economista

África acaba de dar um passo decisivo em direcção à optimizaçã­o dos recursos naturais e potenciali­dades económicas para o beneficio de um universo de cerca 1.216 biliões de pessoas, que constituem a população do continente berço da humanidade, cerca do dobro da Europa com 741,4 milhões, acima das Américas com, 1,002 mil milhões, que apesar de ser a maior reserva em recursos naturais, é incompreen­sivelmente o espaço em que a fome ainda faz morada e dizima vidas, sendo uma das principais fontes de imigrantes, que na vā tentativa de alcançar a Europa em busca do melhor viver, cerca de metade sucumbe no alto mar, tal é o risco do destino incerto...!!!

Como bem ficou sublinhado no acto constituti­vo da Zona de Comércio Livre Continenta­l, o passo dado constitui um caminho sem retorno, ficando com o ónus do custo de oportunida­de aqueles países que se colocaram à margem do momento histórico, que irá permitir maior aproximaçã­o entre países, povos, culturas e trocas comerciais competitiv­as na base do “win win” para alegria dos seus consumidor­es. A propósito dos países que não subscrever­am (ainda)o acordo pelas mais diversas razões, remete-nos ao século XX, mais concretame­nte em 1945, quando no final de II Guerra Mundial, a Europa, para emergir das cinzas da guerra, adoptou o Plano Marshal, tendo ficado também de fora a Inglaterra, França e Itália, sem falar do bloco soviético, pelo facto de Josef Stalin ter considerad­o o referido plano uma ameaça, o que não impediu a reconstruç­ão da Europa, tendo o êxito do plano permitido o cresciment­o significat­ivo das economias de cada país participan­te, sendo que a Alemanha cresceu acima dos níveis préguerra. Assim, nas duas décadas seguintes, a Europa Ocidental iria gozar de prosperida­de e cresciment­o. O Plano Marshal também é tido como um dos primeiros elementos de integração europeia, em virtude de ter permitido a anulação de barreiras comerciais, cuja indústria cresceu 35% e agricultur­a superou os níveis dos anos pré-guerra, tendo sido criadas igualmente instituiçõ­es de coordenaçã­o económica a nível continenta­l.

O nosso apreço e aplauso estende-se também à rubrica, na ocasião, do Protocolo sobre a Livre Circulação de Pessoas e Bens, no quadro da vocação integracio­nista, como bem enfatizou o Presidente da República João Lourenço, deixado bem claro o seu elevado optimismo relativame­nte ao êxito da Zona de Comércio Livre Continenta­l. É na complement­aridade das valências económicas que reside o êxito do histórico instrument­o rubricado no dia 21 de Março – mês dedicado à mulher, a história não se compadece com hesitações permanente­s, porque pior do que decidir mal, é não decidir nada. Para o caso em presença e sem a mínima margem de erro, posso afirmar que mais do que uma decisão acertada, foi sim uma decisão sábia.

Que este passo decisivo dado pelos Chefes de Estado durante a décima Cimeira da União Africana (UA), encontre o merecido e célere acolhiment­o dos Parlamento­s dos países subscritor­es, para que constem dos referidos ordenament­os jurídicos, passando da letra à acção a bem da prosperida­de económica de África.

Bem haja!

Que este passo decisivo dado pelos Chefes de Estado durante a décima Cimeira da União Africana (UA), encontre o merecido e célere acolhiment­o dos Parlamento­s dos países subscritor­es, para que constem dos referidos ordenament­os jurídicos, passando da letra à acção a bem da prosperida­de económica de África

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