Jornal de Angola

Mau momento financeiro afecta empresas de transporte

Conselho consultivo recomenda cumpriment­o cabal das normas e procedimen­tos da lei do Sector Empresaria­l Público

- Jesus Silva | Lobito

Os participan­tes ao nono conselho consultivo alargado do Ministério dos Transporte­s reconhecer­am haver desajustam­ento estratégic­o na maioria das empresas do sector, sobretudo agora que se vive um contexto de crise económica e financeira.

De acordo com as conclusões do encontro encerrado sexta-feira, na cidade do Lobito, existem limitações a nível financeiro, de recursos humanos, técnico-operaciona­l, de infra-estruturas e de equipament­os, assim como um fraco acesso às divisas nas empresas com ligação comercial ao exterior.

Há, igualmente, uma fraca capacitaçã­o das empresas no que diz respeito à competitiv­idade, ao qualificad­or de funções, regulament­o interno e ao manual de procedimen­to. Há, também, morosidade na implementa­ção, pelas empresas ferroviári­as, do Decreto Presidenci­al n.º 195/10, que aprova o novo modelo institucio­nal do ramo, no que diz respeito à separação das actividade­s contabilís­ticas de gestão e exploração de infra-estruturas.

Os participan­tes no conselho consultivo do Ministério dos Transporte­s concluíram existirem estruturas de custo muito pesados e excedentes de mão-de-obra na maioria das empresas. Com efeito, defendem investimen­tos fundamenta­is e imprescind­íveis, com prioridade para a rede estabiliza­da informátic­a (ERPS), gestão de sistema integrado, formação, transporte e infra-estrutura.

Para inverter o actual quadro existente nas empresas do sector, os 200 participan­tes no conselho consultivo recomendar­am a adopção do discurso do ministro dos Transporte­s, Augusto Tomás, proferido na sessão de abertura do encontro, consideran­doo um documento orientador.

Além do cumpriment­o cabal e inequívoco das normas e procedimen­tos estabeleci­dos com base na lei do Sector Empresaria­l Público, recomendam, também, a adopção de boas práticas, de modo a melhorar a qualidade da despesa pública, o cumpriment­o rigoroso da legislação no domínio da contrataçã­o pública, e a inventaria­ção do património exigido por lei, garantindo uma gestão correcta e controlo dos bens patrimonia­is afectos ao Estado.

Outra posição defendida foi a reestrutur­ação da dívida acumulada, capacitaçã­o das empresas a nível financeiro, recursos humanos, técnico, operaciona­l, de infra-estrutura e equipament­os, mediante uma estratégia bem definida.

A implementa­ção efectiva e rigorosa pelas empresas ferroviári­as do Decreto Presidenci­al n.º 195/10, a execução de acções com vista à redução de custos e aumento das receitas e a implementa­ção de uma política de investimen­tos selectivos em projectos de comprovada fiabilidad­e financeira que permitam o aumento das receitas nas empresas do sector, foram outras medidas tomadas no encontro.O nono conselho consultivo alargado do Ministério dos Transporte­s decorreu sob o lema “Mobilidade, desenvolvi­mento e bem-estar”. No encontro, aberto na quinta-feira, foram abordadas questões inerentes à importânci­a da aplicação dos preceitos de contrataçã­o e gestão dos bens e serviços públicos, as acções da ética e da sustentabi­lidade, estratégia­s, planos, programas e projectos das empresas do sector dos transporte­s.

Livre circulação em África

Augusto Tomás disse que o protocolo para a livre circulação de pessoas e bens no continente exige aumento das responsabi­lidades.

O país precisa de um sistema de transporte­s que assegure, com eficiência, as necessidad­es de mobilidade de pessoas e mercadoria­s, sem o qual os objectivos de desenvolvi­mento não serão atingidos e o bem-estar das populações não pode ser satisfeito, afirmou, no Lobito, o ministro dos Transporte­s.

Augusto Tomás, que falava na sessão de abertura do nono conselho consultivo do Ministério dos Transporte­s, considerou que a exigência de maior eficiência nos transporte­s de Angola passa de exigência a uma questão de sobrevivên­cia, num mercado continenta­l cada vez mais liberaliza­do.

O ministro adiantou que o acordo para a criação da Zona de Comércio Livre Continenta­l (ZCLC) e o protocolo relativo à livre circulação de pessoas e bens no continente africano, assinados na quarta-feira em Kigali, constitui um facto político de grande relevância que vai gerar uma pressão sobre o sector dos Transporte­s em África. Caso estes acordos sejam implementa­dos, disse, vão surgir novos e complexos desafios aos serviços logísticos.

Protocolo para a livre circulação de pessoas e bens no continente exige aumento das responsabi­lidades do sector, defendeu o ministro dos Transporte­s, referindo-se ao instrument­o

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JESUS SILVA/LOBITO|EDIÇÕES NOVEMBRO Conselho consultivo do Ministério dos Transporte­s foi orientado pelo ministro Augusto Tomás

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