Huíla aposta nos lacticínios
A indústria láctea entrou em declínio a partir do ano em que morreu o maior produtor da época, o empresário Fernando Borges.
Se, entre antigos e novos produtores, vontade não falta para a dinamização da produção, falta a renovação de manadas leiteiras e a obtenção de divisas para a importação de equipamento diverso.
O gestor da fazenda Jamba, Yudo Borges, defende que, para se reactivar este segmento, o seu grupo necessita de oito milhões e 500 mil dólares americanos.
O dinheiro destina-se à aquisição de 240 vacas leiteiras e equipamentos para suporte da produção de leite, queijo e manteiga.
Este é um montante que o Grupo Fernando Borges já tem, financiado pelo programa “Angola Investe”, mas há dificuldades na sua conversão em divisas para efeitos de importação.
.O grupo projecta arrancar com uma produção de sete mil litros/dia em três turnos, a fim de satisfazer a procura, na medida em que a fábrica de lacticínios está a produzir apenas iogurte feito com leite em pó, na ordem dos cinco mil litros/dia.
Detentor de uma fazenda com dois mil e 500 hectares, o grupo revela-se preparado para receber o gado, faltando apenas o dinheiro para que o programa seja iniciado e implementado.
Actualmente, o único produtor de leite na Região Sul é a Fazenda N'tundavala, com capacidade para apenas mil litros diários e seus derivados, como iogurte, seis tipos de queijo e requeijão, produção quase residual, devido ao reduzido número de animais a ordenhar, 65 vacas.
À Angop, o responsável da administração e logística da fábrica semi-industrial, José Angélico, disse que a produção é “bem aceite” no mercado, com realce para o iogurte, pois 15 mil unidades, entre 190 gramas a um quilograma, são produzidas e vendidas no mesmo dia. Os produtos são comercializados em vários pontos da Huíla e escoados para as províncias do Luanda, Benguela, Cunene e Namibe.
Nova fábrica emerge
O Grupo Silvestre Tulumba quer construir uma fábrica de lacticínios, com parceria alemã, na comuna da Huíla, estimada em 91 milhões de dólares.
A construção da unidade arrancou em Março do mesmo ano e está em curso o processo de montagem dos equipamentos, prevendo-se que comece a produzir, a partir de Maio, 36 mil toneladas de leite, 4,4 de leite em pó, 500 de queijo, duas mil de manteiga, 23 mil de iogurte e uma de leite condensado/ano.
A sua capacidade de processamento é de 60 mil litros de leite/dia, em cinco linhas de produção, que, numa primeira fase, será sustentada por matéria-prima importada da Nova Zelândia.
A situação actual não inibe as autoridades de afirmar em que a província tem condições para reactivar a produção, disse o director da Agricultura e Florestas, Lutero Campos.
A Huíla dispõe de milhares de cabeças de gado bovino, clima, vegetação e a vontade dos produtores, elementos fundamentais para a industria, mas é necessários que os produtores de lacticíniosbeneficiem de incentivos fiscais e financeiros do Estado, defendeu.
Lutero Campos destaca que o Vale do Chimbolelo e a Tunda dos Gambos são as áreas onde operam os “grandes” fazendeiros filiados à Cooperativa de Criadores de Gado do Sul de Angola , que possuem animais de grande porte e de raça.
A produção de leite na Huíla está em queda desde 2003, altura em que a Fazenda Jamba detinha a capacidade de produzir oito mil litros/dia de leite, a partir de 600 cabeças de gado leiteiro cedidas pelo Governo, em 1992.