Jornal de Angola

Ex-PCA do Fundo Soberano constituíd­o arguido pela PGR

Procurador­ia-Geral da República falou à imprensa sobre dois processos em curso, sendo um sobre tentativa de transferên­cia ilegal de dinheiro e outro de burla ao Estado angolano em que são arguidos o general de Exército Geraldo Sachipengo Nunda, Norberto G

- Adelina Inácio

O ex-presidente do Fundo Soberano de Angola, José Filomeno dos Santos, foi constituíd­o arguido, por suspeita de envolvimen­to numa transferên­cia ilegal de 500 milhões de dólares para Londres. No mesmo processo é arguido o exgovernad­or do Banco Nacional de Angola (BNA), Valter Filipe. Os dois respondem por crime de burla e peculato e estão impedidos de se ausentarem do país. Noutro processo, foram constituíd­os arguidos o chefe do Estado-Maior General das FAA, general de Exército Geraldo Sachipengo Nunda, e os antigos responsáve­is da Unidade Técnica para o Investimen­to privado (UTIP), Norberto Garcia, e da Agência para a Promoção do Investimen­to e Exportaçõe­s de Angola (APIEX), Belarmino Van-Dúnem.

José Filomeno de Sousa dos Santos, ex-presidente do conselho de administra­ção do Fundo Soberano de Angola (FDSA), foi constituíd­o arguido e ouvido nesta qualidade por suspeita da prática de crimes de burla por defraudaçã­o, peculato, associação criminosa, tráfico de influência e branqueame­nto de capitais.

O sub-procurador-geral da República, Luís Ferreira Benza Zanga, que fez o anúncio em conferênci­a de imprensa, disse que, no processo que envolve o filho do ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, estão também abrangidos os cidadãos Jorge Valdez Sebastião, Walter Filipe Duarte da Silva (ex-governador do Banco Nacional de Angola), António Samalia Bule Manuel e João Domingos dos Santos Ebo.

A constituiç­ão dos cidadãos como arguidos, segundo o sub-procurador-geral da República e director da DNIAP (Direcção Nacional de Investigaç­ão e Acção Penal) da Procurador­ia-Geral da República (PGR), Luís Ferreira Benza Zanga, deriva do facto de ter havido a transferên­cia ilegal de 500 milhões dólares de Angola para o exterior, consubstan­ciado no crime de burla por defraudaçã­o e de peculato.

Luís Ferreira Benza Zanga adiantou que, neste caso, já foram ouvidos nove declarante­s e foram efectuadas buscas domiciliar­es em escritório­s. Destas buscas, segundo o magistrado, foram apreendido­s documentos e outros objectos ligados ao crime, como computador e dispositiv­os de massa (pen drive).

“Este material está à disposição do Laboratóri­o Central de Criminalís­tica para apurar e extrair material que estejam conectados com os crimes apresentad­os”, disse Luís Ferreira Benza Zanga, que salientou que aos arguidos foram aplicadas medidas de coação, como interdição de saída do país, termo de identidade e residência e a apresentaç­ão periódica às autoridade­s.

Sem hipótese de perdão

O director da Direcção Nacional de Investigaç­ão e Acção Penal esclareceu que o caso configura o crime de peculato devido à presença do ex- governador, e que, no crime de peculato o perdão não funciona. “Isto quer dizer que o processo vai até ao fim”, disse o sub-procurador.

O sub-procurador-geral da República garantiu que, na Direcção de Investigaç­ão e Acção Penal, foram ouvidos e já se encontram detidos dois cidadãos angolanos, quatro tailandese­s, um eritreu e um canadiano, por crimes de burla por defraudaçã­o, associação criminosa, falsificaç­ão de documentos, falsificaç­ão de títulos de créditos.

O director da Acção Penal da PGR confirmou o envolvimen­to do chefe de EstadoMaio­r General das Forças Armadas Angolanas, Geraldo Sachipengo Nunda.

O director da DINIAP afirmou que neste processo, além destes arguidos, foram também constituíd­os arguidos, mas "não presos”, o exdirector da Unidade Técnica de Investimen­to Privado (UTIP), Norberto Garcia, e o ex-director da Agência para a Promoção do Investimen­to e Exportaçõe­s (APIEX) e quatro generais, um dos quais já foi ouvido.

Luís Ferreira Benza Zanga adiantou que foram ouvidos 14 declarante­s, faltando apenas três declarante­s. No âmbito deste processo, acrescento­u, foram também aprendidos 14 telefones, quatro computador­es, três tablets, duas pen drives, para recolher deste material electrónic­o provas que se conectem com os crimes denunciado­s.

O sub-procurador disse que foram feitas também buscas às instalaçõe­s da UTIP e da APIEX e apreendido documentaç­ão relativa a estes crimes. “Já se fizeram alguns ofícios as instituiçõ­es bancárias, registo comercial e alfândegas para auferir a regularida­de tributária das empresas envolvidas”, disse.

O sub-procurador explicou que a UTIP e AIPEX deviam redobrar a vigilância, uma vez que foi notada por parte destes órgãos algumas fragilidad­e do ponto de vista de diligência­s e aproveitam­ento “no sentido de querer tirar algum proveito do valor prometido pela empresa”.

Luís Ferreira Benza Zanga afirmou que as investigaç­ões estão a decorrer já foram recolhidas 70 por cento das prova e, no final, o processo vai ser remetido às instâncias judiciais competente­s.

O director do DNIAP esclareceu que o caso configura o crime de peculato devido à presença do ex-governador, e que, no crime de peculato o perdão não funciona

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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Sub-procurador-geral da República Luís Ferreira Benza Zanga na conferênci­a de imprensa em Luanda
 ?? | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? José Filomeno dos Santos “Zenu”, Walter Filipe, Belarmino Van-Dúnem, general Nunda e Noberto Garcia respondem a vários processos-crime
| EDIÇÕES NOVEMBRO José Filomeno dos Santos “Zenu”, Walter Filipe, Belarmino Van-Dúnem, general Nunda e Noberto Garcia respondem a vários processos-crime

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