Jornal de Angola

PGR quer responsabi­lizar quem falhar a declaração

Deputados de comissões do Parlamento analisaram com magistrado­s a eficácia do modelo de Declaração de Bens

- Adelina Inácio

A Procurador­ia-Geral da República vai fazer o levantamen­to geral de todas as pessoas sujeitas a fazer a declaração de bens, à luz da Lei da Probidade Pública, e aquelas que estão em falta para começar a desencadea­r os procedimen­tos de responsabi­lização, anunciou ontem o vice procurador-geral da República, Mota Liz.

Mota Liz defendeu a criação de mecanismos para fiscalizar e responsabi­lizar as entidades sujeitas a apresentaç­ão de declaração de rendimento­s e por qualquer razão não o façam.

Falando à imprensa no final de um encontro com os deputados da 4ª, 9ª e 10ª comissões da Assembleia Nacional, Mota Liz garantiu que a Procurador­ia-Geral da República (PGR) vai ter espaço suficiente, capacidade e recursos humanos para verificar, caso a caso, quem fez a declaração de bens e quem não fez. “A declaração de bens não é um fim próprio, é um meio instrument­al para a garantia da probidade. Outras acções e programas para garantir a probidade, para assegurar e combater a impunidade e garantia da transparên­cia vão continuar a ser desenvolvi­das”, disse o magistrado.

O vice-procurador-geral da República disse que há muitas entidades que ainda não fizeram a declaração de bens, afirmando que se calhar ignoram as consequênc­ias que podem advir do desrespeit­o da lei.

O magistrado alertou que quem tem consciênci­a que vive num estado de violação da lei deve estar preparado para as consequênc­ias que dele advirem, mas não ficarão impune.

Os deputados levaram a preocupaçã­o sobre a eficácia do modelo de declaração de bens. Existem três modelos, o fechado, semi-aberto e um aberto. Para Mota Liz, o modelo fechado, utilizado em Angola, tem uma eficácia reduzida e a PGR vai continuar a dialogar com os deputados e a sociedade para avaliar a necessidad­e de alguma alteração da lei.

Mota Liz, que considerou a visita dos deputados de grande importânci­a e uma oportunida­de para se transmitir como está organizada a PGR a nível do país, disse que foram também transmitid­o aos deputados, os pontos fortes e as fragilidad­es da PGR. Os deputados apresentar­am também a preocupaçã­o relativa a eficácia das acções da PGR no combate à corrupção e outros crimes de natureza económica e financeira.

Mota Liz adiantou que aos deputados foram também explicadas as actividade­s desenvolvi­das e o que está a ser feito em termos de acção no combate a estes fenómenos.

Durante o encontro, os magistrado­s e os deputados analisaram questões relacionad­as com a Lei da probidade pública, em especial a problemáti­ca da declaração de bens e a sua eficácia.

As partes concluíram ser necessário implementa­r a lei na sua plenitude e todas as pessoas sujeitas têm a obrigação legal de a cumprir.

Preocupaçã­o da PGR

O procurador-geral da República, Hélder Pita Grós, afirmou que a PGR está preocupada com os aspectos de organizaçã­o e funcioname­nto da instituiçã­o, uma vez que os tempos são outros e a vontade política no país é diferente.

O presidente da Comissão de Ética e Decoro Parlamenta­r, Justino Pinto de Andrade, afirmou que a Assembleia Nacional quer desencadea­r um conjunto de acções para cultivar uma cultura de probidade e seriedade, sobretudo pelo respeito do bem público. “Se não o fizermos é o país que fica danificado e as futuras gerações nos culparão pelo não cumpriment­o destas acções”, disse.

“Sentimos da parte do procurador­geral da República e da sua equipa de magistrado­s que têm vontade de cooperar com a Assembleia Nacional e isso vai facilitar as actividade­s das duas instituiçõ­es”, disse Justino Pinto de Andrade, que chefiou uma delegação de 22 deputados. No seu entender, o modelo fechado da Declaração de Bens é pouco eficaz “porque em princípio o acesso à informação não é livre”.

O vice-procurador-geral da República disse que há muitas entidades que ainda não fizeram a declaração de bens

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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Procurador-geral da República chefiou a delegação da instituiçã­o no encontro

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