UE pode mudar modelo de relações com África
A União Europeia quer aproveitar o fim do período do acordo com o grupo África, Caraíbas e Pacífico (ACP), no quadro do Acordo de Cotonou, para mudar o formato das relações com África, defendeu ontem um responsável europeu.
“Pós-Cotonou é uma oportunidade estratégica para inovar e para consolidar a relação”, afirmou o director-geral para as questões africanas no Serviço Europeu de Ação Externa da UE, Koen Vervaeke, num seminário no Instituto Real de Relações Internacionais, em Londres.
O actual Acordo de Parceria ACP-UE foi assinado em 23 de Junho de 2000 em Cotonou (Benim), por um período de vinte anos e vai expirar em Fevereiro de 2020.
Bruxelas quer dar “mais ênfase às relações entre os continentes”, referiu o responsável, no evento intitulado “Redefinir a Parceria: o relacionamento UE-África para além do Acordo de Parceria de Cotonou”.
A União Africana é “um elemento importante” neste modelo de relações entre blocos, e qualificou as reformas da organização e as propostas de acordos para livre comércio e circulação de pessoas “exemplos fantásticos de progresso e ambição”.
Vervaeke elogiou também o trabalho de grupo que os países africanos estão a fazer a nível das questões do ambiente “porque sabem que, se não tiverem uma única voz em temas como as alterações climáticas, não serão ouvidos”.
Mas entende que são necessárias mudanças nas relações com África, como atrair investimento privado para que os incentivos à economia não se resumam a políticas de cooperação internacional.
O plano de investimento externo europeu de quatro mil milhões de euros apresentado durante a Cimeira UE-África de Abidjan, em Dezembro, visa alavancar 40 mil milhões de investimento, reduzindo o custo do crédito e funcionando como fundo de garantia.