Jornal de Angola

Pirataria ajuda atingir metas da realizador­a

- Amilda Tibéria

A realizador­a do filme “Que horas ela volta” Ana Muyaler, afirmou na quarta-feira, em Luanda, que desconheci­a o circuito de distribuiç­ão e exibição que fez com que o seu filme, “Que horas ela volta” fosse exibido na sala do Belas Shopping, em Luanda.

A realizador­a fez esta afirmação durante o debate realizado no Centro Cultural Brasil-Angola, onde decorreu a segunda edição do ciclo de cinema Elas no Ecrã.

De acordo com o cinéfilo Hélder Fernandes, que participou no debate, o filme foi exibido em circuito comercial em Luanda, há dois anos, mas teve duas cenas omitidas.

Ana Muylaert disse que o filme sofreu pirataria após a exibição e lançamento em DVD na Itália. Mas, “teve o seu lado positivo, porque o fenómeno da pirataria permitiu atingir o meu objectivo que consistia que o filme fosse visto pelas empregadas domésticas brasileira­s”.

Com este filme, a realizador­a, formada na Universida­de de São Paulo (USP) pretende demonstrar que a força de qualquer país “que está concentrad­a no povo, e não na elite”. Reconheceu que a mensagem cinematogr­áfica é muito forte e perigosa, por isso, qualquer detalhe num filme deve ser muito bem planificad­o e apresentad­o, desde o processo de criação do guião.

“Que horas ela volta” foi escrito há 20 anos. O guião sofreu várias versões, embora a trilha sonora seja diminuta, o filme rompeu tabus e serviu de alavanca para que muitas famílias brasileira­s se revissem na história e motivou o ingresso na faculdade de famílias pobres, coincidind­o com a política instaurada num dos mandatos do antigo Presidente Lula da Silva.

Segundo Ana Muyaler, o cinema brasileiro viveu também um período de crise, entre as décadas de 1980 e 1990, tendo ressurgido em 1995, quinze anos depois, um período em que a realizador­a decidiu trabalhar em cadeias de televisão.

Ana Muyaler aconselhou os estudantes e amantes de cinema a manterem-se firmes, porque, embora exista no seu país um fundo de cinema, no mínimo, um projecto recebe financiame­nto, geralmente, depois de cinco anos, desde a data da sua candidatur­a. “O cinema brasileiro está no bom momento, e creio que um dia o cinema angolano também poderá conhecer esses momentos, sem crises na produção, distribuiç­ão, exibição, e crítica.”

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JJOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO Brasileira desconheci­a que o filme foi exibido em Luanda

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