Martírio dos moradores da Ilha Seca perto do fim
O administrador distrital, Costa Gabriel, assegurou que as famílias que vivem, há cerca de seis anos, em casebres no meio da estrada, na rua da Dira, no Zango, podem abandonar o local nos próximos dias
está perto do fim. É o que pode acontecer, nos próximos dias, com as 126 famílias que vivem entre os separadores da estrada da rua da Dira, na famosa Ilha Seca do Zango 4, quando as mesmas forem transferidas para um local mais seguro.
Há mais de seis anos a viver no meio da estrada e em casebres de chapas, as famílias tinham sido levadas ao Zango, depois de desalojadas por fortes chuvas que inundaram e destruíram as suas casas nos bairros do Jika (Alvalade) e Vila Nova (imediações da Cadeia de Viana).
Mas, esse sofrimento, em casas de chapas de zinco, com menos de 2,5 metros de largura e dois de altura, construídas no meio de uma estrada com muito trânsito, principalmente às noites, pode ficar para o passado, como assegurou o administrador distrital do Zango, Eduardo Costa Gabriel.
Embora o administrador não tenha avançado a data precisa, garantiu que as famílias da Ilha Seca vão ser retiradas dali, nos próximos dias. “Eles devem receber um tratamento diferenciado em relação aos outros desalojados. Estão nas nossas prioridades, porque não podemos permitir que continuem a viver naquelas condições, consideradas desumanas”, reconheceu.
Questionado se os moradores vão ser já instalados em casas ou apenas num espaço de concentração (transição), o responsável distrital disse apenas que existem já condições para as famílias serem efectivamente retiradas da Ilha Seca. “Não posso realçar mais dados, mas estas não mais vão ficar ali”, disse.
Se o problema dos moradores da Ilha Seca já tem solução à vista, Costa Gabriel disse que os outros que se encontram, também, em casebres de chapas no Condomínio de Prata e no bairro Katondo ainda podem continuar ali por mais algum tempo, embora existam ideias para melhorar as condições de habitabilidade dessas cerca de sete mil famílias.
“Esses grupos constituem uma grande dor de cabeça para a administração, uma vez se tratar de um assunto antigo”, disse.
Apesar disso, avançou que o assunto está já praticamente sob a mesa das autoridades municipais e provinciais, para ser solucionado o mais rápido possível.
Neste momento, Costa Gabriel referiu que o Governo está a projectar o ordenamento de uma área, com vista ao reassentamento das mais de sete mil famílias, tendo em conta que não existem casas para distribuir a todas elas.
Tendo em conta o número de famílias a viver em péssimas condições, adiantou que, a curto prazo, vai ser encontrada uma área para ser urbanizada com o objectivo de serem distribuídos sete mil lotes à população, no sentido de esta construir as suas próprias habitações.
O administrador garantiu que aquela região de Luanda tem muitos terrenos, estando a ser feito um esforço para se aumentar essa capacidade de oferta a nível do Zango.
Por isso, revelou que foi remetido um plano às autoridades provinciais, para esta entidade autorizar a execução de um programa, que ajudaria a reassentar todas as pessoas em zonas de risco.
“Temos capacidade para isso. Basta que nos autorizem e avançaremos”, gabase o administrador do Zango, distrito que se limita entre a via expressa e o Quilómetro 45, fazendo fronteira com o Bela Vista, no município do Icolo e Bengo.
Com mais de 100 quilómetros ao quadrado, o Zango tem uma população estimada em mais de 500 mil habitantes. Desses, a maioria enfrenta ainda muitos problemas com a distribuição de água e energia eléctrica, mau saneamento básico, assim como outros recorrem à delinquência e à prostituição como formas de sobrevivência.