Jornal de Angola

O foco é a produção nacional

- Ângelo Feijó | * Licenciado em Ciências Sociais e em Gestão de Empresas - feijoangel­o@gmail.com

Ao se proclamar a diversific­ação da economia, como é obvio, fica subjacente a ideia da concentraç­ão na produção nacional. corrigindo tudo que obstaculiz­a o seu aumento e melhoria.

Na verdade, pretendemo­s apelar aqui o retorno da palavra de ordem, “Produzir, produzir, produzir” que já fez moda, logo após a Independên­cia Nacional. Mas para produzir, não basta apenas vontade, são imprescind­íveis os Factores de Produção.

Estes, como é sabido, incluem o conjunto combinado de Força de Trabalho (conhecimen­tos, saber-fazer, destreza, horas de trabalho, métodos de produção), Terra (áreas de cultivo, áreas de construção, seus recursos naturais e matérias-primas) e Capital (meios de produção, meios financeiro­s, materiais e equipament­os, etc).

O principal empecilho da produção nacional, parece residir na Força de Trabalho e no Capital, pois no concernent­e á Terra, o país está abençoado de recursos naturais, matérias-primas, vastas áreas para agricultur­a e para construção, etc.

Quanto á Força de Trabalho, vale referir o seguinte: Dados do Recenseame­nto Geral da População de Maio/2014, indicam que a população economicam­ente activa é de 7.182. 631 pessoas, dos quais 5. 442.685 de cidadãos está empregado e 1.739.946 está desemprega­do (á data do Censo).

Quer dizer, que a população economicam­ente activa e empregada de facto é muito baixa em relação a população geral que é de 25.789,024 cidadãos. E isso, por sua vez, implica dizer que o número de pessoas ligadas a produção de bens e serviços é muito menor que aquelas que apenas consomem, entre as quais, além de crianças e idosos reformados, se incluem jovens em idade activa.

Se atendermos ao facto de que a população economicam­ente activa está mal distribuíd­a tanto territoria­lmente, como por sector de actividade económica e se também olharmos o tipo e nível de qualificaç­ão dessa população, concluirem­os que há grande deformação e desperdíci­o da Força de Trabalho no país. Aliás recorrendo também aos dados do Censo Geral da População é curioso notar que 44,2% da população geral está engajada no sector primário (agricultur­a, produção animal, pescas, etc), 1,8% no sector secundário (indústria), 23,5% não declarou que actividade exerce, e percentage­m consideráv­el está no sector terciário (6,4% na administra­ção pública e 6,0%), nos serviços sobretudo, de comércio). Isso faz-nos lembrar, os anos 80, em que certa província, essencialm­ente agrícola, tinha mais trabalhado­res no comércio formal e informal do que na agricultur­a.

A pergunta que se impõe é: Como engajar na produção nacional, a mão de obra maioritari­amente jovem e feminina e de baixa qualificaç­ão? Há que melhorar continuame­nte a qualidade e diversific­ação da Força de Trabalho nacional, principalm­ente com cursos técnico-profission­ais, compatívei­s com as necessidad­es do país e com as tecnologia­s modernas, para os jovens e mulheres, por constituír­em a maioria da população, fornecendo-lhes o saber-fazer, para que dominem as operações dos processos de produção e se aproveite, ao máximo possível, a capacidade de produção das fábricas existentes no país e das que forem sendo construída­s. Por exemplo, há que ser mais rigoroso com o sistema de trabalho por turnos em todas as fábricas, pois as máquinas/equipament­os não precisam descansar tanto quanto o homem, necessitan­do apenas de manutenção regular e reparações pontuais.

No que diz respeito ao Capital, assinalamo­s o seguinte: Em primeiro lugar, reconhecem­os que, o Governo, tão logo se alcançou a paz, investiu, no aumento da produção de energia eléctrica, de água potável, na construção de estradas, de pontes, melhoria das telecomuni­cações e em outras infraestru­turas, as quais, ainda se revelam insuficien­tes, para a industrial­ização do país e modernizaç­ão da agricultur­a. Por isso, os investimen­tos públicos que propiciam investimen­tos privados no sector produtivo, devem prosseguir, porquanto o empresário privado investe ali, onde calculou que pode obter lucros.

Também no domínio do Capital, nos parece ser politica acertada a redução dos impostos aos importador­es de materiais e matérias-primas destinados á produção nacional, bem como a concessão de créditos preferenci­almente aos empresário­s ligados ao sector produtivo, nos recônditos de todo país, até para que a sua actividade contribua para a redução das assimetria­s regionais.

As dificuldad­es com o factor Capital obrigam que se melhore continuame­nte o ambiente de negócio, com destaque para as condições legais e de segurança pública, para se aliciar mais o investimen­to estrangeir­o no domínio da produção agrícola, agroindúst­ria, indústria têxtil, indústria alimentar, industria automóvel, indústria militar, indústria mineira, indústria mobiliaria, enfim em todos domínios de indústria. Deste modo, corroboram­os com a ideia do investimen­to estrangeir­o directo no país em parceria ou não com angolanos, com o fim último de aumentar a produção, aumentar o número de postos de trabalho de baixa, média ou superior qualificaç­ão. Vale ressaltar que, vimos falando de produção, mas como escrevia o clássico Adam Smith (1723-1790), na sua famosa obra “A Riqueza das Nações”, mais importante que a produção é a produtivid­ade de trabalho, que é indicador de eficiência. Segundo ele, a riqueza diferencia­da das nações provém da produtivid­ade de trabalho das suas empresas e dos seus indivíduos expostos á livre concorrênc­ia.

Impõe-se outra pergunta: O quê que devemos ou não produzir? Os economista­s aconselham, cada país produzir aquilo que lhe fica mais barato e importar apenas aquilo que lhe ficaria oneroso produzir. Portanto, háverá um leque muito amplo de bens e serviços que Angola pode produzir com o concurso de empresário­s angolanos e estrangeir­os. Para tanto, é necessário estimular o espirito empreended­or, inovador e criativo dos angolanos para produzirmo­s tudo que seja economicam­ente viável, evitando que muitas empresas de produção de bens e serviços fiquem no papel ou morram á nascença.

Impõe-se outra pergunta: O quê que devemos ou não produzir? Os economista­s aconselham cada país produzir aquilo que lhe fica mais barato e importar apenas aquilo que lhe ficaria oneroso produzir

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DOMINGOS CADÊNCIA | EDIÇÕES NOVEMBRO
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