O foco é a produção nacional
Ao se proclamar a diversificação da economia, como é obvio, fica subjacente a ideia da concentração na produção nacional. corrigindo tudo que obstaculiza o seu aumento e melhoria.
Na verdade, pretendemos apelar aqui o retorno da palavra de ordem, “Produzir, produzir, produzir” que já fez moda, logo após a Independência Nacional. Mas para produzir, não basta apenas vontade, são imprescindíveis os Factores de Produção.
Estes, como é sabido, incluem o conjunto combinado de Força de Trabalho (conhecimentos, saber-fazer, destreza, horas de trabalho, métodos de produção), Terra (áreas de cultivo, áreas de construção, seus recursos naturais e matérias-primas) e Capital (meios de produção, meios financeiros, materiais e equipamentos, etc).
O principal empecilho da produção nacional, parece residir na Força de Trabalho e no Capital, pois no concernente á Terra, o país está abençoado de recursos naturais, matérias-primas, vastas áreas para agricultura e para construção, etc.
Quanto á Força de Trabalho, vale referir o seguinte: Dados do Recenseamento Geral da População de Maio/2014, indicam que a população economicamente activa é de 7.182. 631 pessoas, dos quais 5. 442.685 de cidadãos está empregado e 1.739.946 está desempregado (á data do Censo).
Quer dizer, que a população economicamente activa e empregada de facto é muito baixa em relação a população geral que é de 25.789,024 cidadãos. E isso, por sua vez, implica dizer que o número de pessoas ligadas a produção de bens e serviços é muito menor que aquelas que apenas consomem, entre as quais, além de crianças e idosos reformados, se incluem jovens em idade activa.
Se atendermos ao facto de que a população economicamente activa está mal distribuída tanto territorialmente, como por sector de actividade económica e se também olharmos o tipo e nível de qualificação dessa população, concluiremos que há grande deformação e desperdício da Força de Trabalho no país. Aliás recorrendo também aos dados do Censo Geral da População é curioso notar que 44,2% da população geral está engajada no sector primário (agricultura, produção animal, pescas, etc), 1,8% no sector secundário (indústria), 23,5% não declarou que actividade exerce, e percentagem considerável está no sector terciário (6,4% na administração pública e 6,0%), nos serviços sobretudo, de comércio). Isso faz-nos lembrar, os anos 80, em que certa província, essencialmente agrícola, tinha mais trabalhadores no comércio formal e informal do que na agricultura.
A pergunta que se impõe é: Como engajar na produção nacional, a mão de obra maioritariamente jovem e feminina e de baixa qualificação? Há que melhorar continuamente a qualidade e diversificação da Força de Trabalho nacional, principalmente com cursos técnico-profissionais, compatíveis com as necessidades do país e com as tecnologias modernas, para os jovens e mulheres, por constituírem a maioria da população, fornecendo-lhes o saber-fazer, para que dominem as operações dos processos de produção e se aproveite, ao máximo possível, a capacidade de produção das fábricas existentes no país e das que forem sendo construídas. Por exemplo, há que ser mais rigoroso com o sistema de trabalho por turnos em todas as fábricas, pois as máquinas/equipamentos não precisam descansar tanto quanto o homem, necessitando apenas de manutenção regular e reparações pontuais.
No que diz respeito ao Capital, assinalamos o seguinte: Em primeiro lugar, reconhecemos que, o Governo, tão logo se alcançou a paz, investiu, no aumento da produção de energia eléctrica, de água potável, na construção de estradas, de pontes, melhoria das telecomunicações e em outras infraestruturas, as quais, ainda se revelam insuficientes, para a industrialização do país e modernização da agricultura. Por isso, os investimentos públicos que propiciam investimentos privados no sector produtivo, devem prosseguir, porquanto o empresário privado investe ali, onde calculou que pode obter lucros.
Também no domínio do Capital, nos parece ser politica acertada a redução dos impostos aos importadores de materiais e matérias-primas destinados á produção nacional, bem como a concessão de créditos preferencialmente aos empresários ligados ao sector produtivo, nos recônditos de todo país, até para que a sua actividade contribua para a redução das assimetrias regionais.
As dificuldades com o factor Capital obrigam que se melhore continuamente o ambiente de negócio, com destaque para as condições legais e de segurança pública, para se aliciar mais o investimento estrangeiro no domínio da produção agrícola, agroindústria, indústria têxtil, indústria alimentar, industria automóvel, indústria militar, indústria mineira, indústria mobiliaria, enfim em todos domínios de indústria. Deste modo, corroboramos com a ideia do investimento estrangeiro directo no país em parceria ou não com angolanos, com o fim último de aumentar a produção, aumentar o número de postos de trabalho de baixa, média ou superior qualificação. Vale ressaltar que, vimos falando de produção, mas como escrevia o clássico Adam Smith (1723-1790), na sua famosa obra “A Riqueza das Nações”, mais importante que a produção é a produtividade de trabalho, que é indicador de eficiência. Segundo ele, a riqueza diferenciada das nações provém da produtividade de trabalho das suas empresas e dos seus indivíduos expostos á livre concorrência.
Impõe-se outra pergunta: O quê que devemos ou não produzir? Os economistas aconselham, cada país produzir aquilo que lhe fica mais barato e importar apenas aquilo que lhe ficaria oneroso produzir. Portanto, háverá um leque muito amplo de bens e serviços que Angola pode produzir com o concurso de empresários angolanos e estrangeiros. Para tanto, é necessário estimular o espirito empreendedor, inovador e criativo dos angolanos para produzirmos tudo que seja economicamente viável, evitando que muitas empresas de produção de bens e serviços fiquem no papel ou morram á nascença.
Impõe-se outra pergunta: O quê que devemos ou não produzir? Os economistas aconselham cada país produzir aquilo que lhe fica mais barato e importar apenas aquilo que lhe ficaria oneroso produzir