Palestinianos em greve e luto pelas mortes na Faixa de Gaza
Conselho de Segurança das Nações Unidas reunida de emergência exige o fim da violência contra civis
Os palestinos observam desde ontem uma jornada de greve e luto nacional pelos 16 mortos e 1.400 feridos provocados pelos recentes confrontos entre o Exército israelita e manifestantes, na fronteira de Gaza com Israel.
Escolas, universidades, instituições públicas e empresas privadas encerraram as portas, após o Presidente palestino, Mahmoud Abbas, ter decretado dia de luto.
As manifestações de sexta-feira na fronteira entre Israel e o território de Gaza degeneram em violentos confrontos, tendo terminado com, pelo menos, 16 vítimas mortais.
Segundo a agência Efe, pelo menos 40 mil pessoas participaram nos protestos e mais de 1.400 ficaram feridas, entre as quais 800 com ferimentos de bala e 600 por inalação de gás. Cerca de 20 feridos estão em estado crítico.
O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, afirmou estar “profundamente preocupado” com a agitação em Gaza e apelou a uma “investigação independente e transparente” dos acontecimentos.
Os protestos, organizados pelo movimento Hamas, devem durar seis semanas e destinam-se a exigir o “direito de retorno” dos refugiados palestinos e denunciar o bloqueio a Gaza.
O embaixador da Palestina na ONU, Riyad Mansour, manifestou a sua decepção pelo facto de o Conselho de Segurança não ter condenado o que chamou de “massacre hediondo” de manifestantes pacíficos na Faixa de Gaza.
No final da reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, a pedido do Koweit, o diplomata não escondeu o desapontamento, sobretudo pelo facto de não terem sido tomadas medidas concretas para travar a violência. O embaixador voltou a condenar Israel e alertou para a falta de protecção da população civil palestina.
“Esperamos que o Conselho de Segurança assuma a sua responsabilidade” e “trave esta situação volátil, que é claramente uma ameaça à paz e segurança internacionais”, disse Mansour.
O embaixador israelita Danny Danon disse que “a comunidade internacional não deve ser enganada” pelo que chamou de “uma manifestação de terror bem organizada e violenta” por parte dos palestinos, sob o disfarce de uma marcha pacífica.
“Os palestinos atingiram ainda um ponto muito baixo ao tentarem usar a ONU para espalhar mentiras sobre Israel”, disse Danny Danon, em comunicado.
Alguns membros do Conselho de Segurança sugeriram durante a reunião de emergência que Israel devia garantir o uso proporcional das suas forças militares. Alguns pediram também aos manifestantes palestinos que evitassem a violência, segundo a Associated Press.
Na sexta-feira, as forças israelitas, que também enviaram blindados para a zona fronteiriça com Gaza, utilizaram munições reais contra os manifestantes que tentavam ultrapassar as barreiras de segurança. Durante os confrontos, 16 perderam a vida e 1400 ficaram feridos.
O Exército israelita justificou ter utilizado balas reais depois de os manifestantes, situados junto à zona fronteiriça, terem lançado pedras e bombas incendiárias em direcção aos soldados israelitas.
O Exército informou ter atacado três posições do Hamas, com tanques e aviões, na sequência dos ataques contra a fronteira, que incluíram disparos por parte de duas pessoas, que foram mortas.
Governo do Irão fala em “massacre selvagem”
O Governo iraniano condenou aquilo a que chamou de “massacre selvagem” de 16 palestinos pelas forças de segurança de Israel, no seguimento da manifestação que decorreu na sextafeira na Faixa de Gaza.
Segundo o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Bahram Ghassemi, o que aconteceu foi um “massacre selvagem de um grande número de palestinos por forças militares israelitas”.
Para além do porta-voz, também o chefe da diplomacia iraniana, Mohammad Javad Zarif, criticou os “tiranos sionistas que matam manifestantes pacíficos palestinos, cuja terra foi roubada”.
Os protestos organizados pelo Hamas devem durar seis semanas e destinam-se a exigir o “direito de retorno” dos refugiados palestinianos e denunciar o bloqueio a Gaza