Jornal de Angola

Melhor é no Maculusso a pior está na Mutamba

A zona do Maculusso é em Luanda a melhor servida de restauraçã­o, enquanto no lado oposto está a zona da Mutamba, onde as excepções confirmam a regra.

- Luciano Rocha CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO EDUARDO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO MARIA AUGUSTA | EDIÇÕES NOVEMBRO

A Baixa da capital parece atrair tudo de mau. A restauraçã­o não foge à regra. Como a querer fazer companhia ao estado das ruas e ao trânsito caótico

Pouco menos de um ano volvido sobre o início desta página dedicada à restauraçã­o de Luanda é tempo de fazer um balanço sobre os espaços que visitámos e nos levaram a concluir que a Baixa é, de longe, o local da cidade pior servido.

A conclusão é certamente a mesma da de qualquer luandense que, por circunstan­cias várias, come amiúde fora de casa e não se limita a fazê-lo apenas numa determinad­a zona da capital.

Leitor assíduo desta página pode afirmar que a restauraçã­o da cidade extravasa o número de casas de pasto que visitámos. Até, as áreas geográfica­s nas quais se inserem. É verdade, como também é dizer que jamais tivemos a veleidade de fazer deste espaço semanal um compêndio de gastronomi­a. Para isso era essencial termos conhecimen­tos maiores sobre cozinha e enologia. O objectivo principal sempre foi divulgar locais de comer e beber de várias categorias e, inclusivam­ente, especialid­ades.

Dentro das limitações, recordámos alguns dos restaurant­es mais antigos da cidade e demos a conhecer outros. Sempre que se justificou, contamos, igualmente, as estórias dos bairros onde estão instalados, tal como dos proprietár­ios, alguns deles herdeiros dos espaços. Como da “Vouzelense”, que, para já, vai na terceira geração...

No deambular gastronómi­co semanal, procuramos sempre pôr na “tribuna de honra” a cozinha angolana, nem sempre tão bem tratada como deve. Acima de tudo, a revelar falta de imaginação e a circunscre­ver-se, na esmagadora maioria dos casos, aos mesmos pratos. Ainda por cima, nem sempre bem confeccion­ados.

A nível de especialid­ades, escrevemos essencialm­ente sobre cozinha italiana e gelados. Naturalmen­te, como é óbvio, também sobre a nossa. Que somente tem um “reino a tempo inteiro”, a Funge House.

A página até agora foi ocupada maioritari­amente por “restaurant­es normais”, aqueles onde o cliente come sentado e é atendido à mesa, mas não esquecemos os com serviço exclusivo de “buffet”.

Ao leitor, demos a conhecer as “especialid­ades” de cada casa, pratos mais pedidos, aperitivos, digestivos, se têm cerveja à pressão, carta de vinhos, preços. Avaliação da confecção, tempo de espera, forma de atendiment­o, asseio do espaço e dos empregados mereceram sempre, como nos compete, atenção especial. Por entendermo­s que, com isso, apoiamos os verdadeiro­s empresário­s do sector e quem nos lê.

O trabalho de todos destes meses revelou-nos que o Maculusso é a zona melhor servida de restauraçã­o. Ao ponto de alguns dos seus piores espaços serem melhores do que a maioria dos da Baixa. A Ilha, onde também há bons restaurant­es, parece ser “cada vez mais o mesmo”: local preferido de estrangeir­os e de uma certa pequena burguesia nacional emergente.

A Vila Alice, que nunca teve tradição nos “comes e bebes” despertou e tem agora alguns dos melhores da cidade.

O bairro dos Coqueiros, em tempo visto como potencial área de boa restauraçã­o, parece ter estagnado.

Dos piores males da restauraçã­o da capital é o serviço de atendiment­o que deriva, em parte, de um empresaria­do também ele sem preparação para o ser. É, no fundo, “a pescadinha de rabo na boca”.

Luanda merece melhor restauraçã­o. E com isto não estamos a advogar a existência exclusiva de espaços luxuosos. Nada disso, as cidades também precisam de tascas, desde que se assumam como tal para não parecerem zungueiras de vestido de noite e salto alto. O importante é, independen­te da categoria de cada estabeleci­mento, não “vender gato por lebre”, asseio e simpatia.

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Avaliação da confecção, tempo de espera, forma de atendiment­o, asseio do espaço e dos empregados mereceram sempre, como nos compete, atenção especial. O trabalho destes meses revelou-nos que o Maculusso é a zona melhor servida de restauraçã­o.
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