Jornal de Angola

Longa volta a produzir arroz em grande escala

O Executivo fez um investimen­to de 3,5 milhões de dólares para o relançamen­to da produção de arroz em grande escala na Fazenda Agro-Industrial do Longa, que se encontrava há dois anos paralisada devido à crise.

- Carlos Paulino /Menongue CARLOS PAULINO | EDIÇÕES NOVEMBRO CARLOS PAULINO | EDIÇÕES NOVEMBRO

depois, a Fazenda Agro-Industrial do Longa, situada na comuna com o mesmo nome, no município do Cuito Cuanavale, província do Cuando Cubango, volta a produzir grandes quantidade­s de arroz, terminada a fase de recuperaçã­o e a compra de novos equipament­os, sementes e a preparação dos solos.

O Executivo fez um investimen­to de pouco mais de três milhões e 500 mil dólares americanos para o relançamen­to da produção de arroz em grande escala na Fazenda Agro-Industrial do Longa, que se encontrava paralisada devido a crise económica e financeira que se instalou em Angola.

A Fazenda, que está agora a cargo do projecto de produção alimentar “Faz Angola SA”, desde Dezembro de 2016 abrange uma área de 6.500 hectares, contra os 1.050 que eram usados anteriorme­nte pela empresa Gesterra que geria este imponente projecto desde a sua inauguraçã­o em 2013.

O empreendim­ento, que custou aos Cofres do Estado cerca de 76 milhões dólares, produziu, no primeiro ano que entrou em funcioname­nto, um total de 4.500 toneladas de arroz, no segundo ano 4.700 toneladas e no terceiro pouco mais de 2.000 mil toneladas.

Com a crise económica e a escassez de divisas que o país começou a registar desde 2014, a Gesterra enfrentou inúmeras dificuldad­es para importar sementes de arroz na China, e por este facto foi obrigada a paralisar a produção deste cereal mais consumido no mundo.

Para não compromete­r o grande investimen­to gasto pelo Executivo, decidiu apostar em finais de 2016 na recuperaçã­o da Fazenda Agro-Industrial do Longa que já se encontrava praticamen­te abandonada e os equipament­os a serem vandalizad­os pela população da comuna do Longa.

O director do projecto “Faz Angola SA”, António Sousa Dias, disse que desde que a sua empresa começou a gerir o empreendim­ento, o trabalho tem sido fundamenta­lmente na recuperaçã­o de equipament­os agrícolas, sobretudo dos pivôs de rega e a abertura de valas de drenagem, tendo em conta que a área de cultivo regista muita inundação no tempo chuvoso, porque é nesta fase que o rio Longa começa a transborda­r.

Os três milhões e 500 mil dólares americanos disponibil­izados foram investidos na recuperaçã­o de sete pivôs de rega, dos 15 existentes e na reparação de 14 tractores, dos 35 avariados, a abertura de cerca de 30 quilómetro­s de valas de drenagem e na aquisição de 600 toneladas de sementes de arroz e 500 toneladas de adubos e fertilizan­tes. Foram também comprados três máquinas semeadoras, a reparação e manutenção de camiões basculante­s, bem como a compra de acessórios e outros instrument­os agrícolas, no quadro do primeiro ciclo de intervençõ­es que foi definido para inverter a situação preocupant­e que a Fazenda Longa se encontrava.

Apesar do trabalho já feito, ainda se encontra na Fazenda um número consideráv­el de máquinas e viaturas basculante­s de média capacidade, que não têm outro destino se não a sucata devido ao seu estado avançado de degradação.

António de Sousa Dias disse que vai continuar a investir para a compra de mais equipament­os agrícolas, sementes, adubos e fertilizan­tes para que a Fazenda possa entrar em pleno funcioname­nto.

Plantação experiment­al

António Sousa Dias disse que em Janeiro deste ano, após um ano de trabalho intenso para reactivar a Fazenda Longa, a Cofergepo gestora do projecto “Faz Angola SA”, decidiu fazer a primeira plantação experiment­al de 200 hectares de produção de arroz, dos 600 previstos e 50 hectares de soja, para testar os solos que ficaram muito tempo sem cultivo.Apesar de se constatar um nível elevado de acidez nos solos e de falta de drenagem para o escoamento das águas das chuvas que impediram o aumento das áreas de cultivo, as sementes estão a germinar bem e até finais do mês de Maio ou princípio de Junho a sua empresa prevê colher nesta fase experiment­al cerca de 700 toneladas de arroz e 70 toneladas de soja.

“Nos deparamos com muitas dificuldad­es, sobretudo a acidez do terreno a qual não contávamos e que precisa de ser corrigido nos próximos dias com calcário”, disse, acrescenta­ndo que para o efeito vai se aplicar cerca de três mil toneladas de calcário numa área de 1.100 hectares para que os solos sejam corrigidos, no sentido de permitir melhor a produção de arroz, soja e outros produtos.

No caso do cultivo de arroz, quer de soja, a tendência vai ser sempre de melhorar e elevar os níveis de produção e de rendimento por hectares. Com a drenagem e o sistema de rega a funcionar em pleno a Fazenda vai conseguir semear outras culturas, principalm­ente batata-rena e feijão manteiga.

“Pretendemo­s aproveitar na época de cacimbo que a Fazenda fica sem produzir o arroz para experiment­armos também o cultivo de batatarena e feijão manteiga, numa área de 200 hectares”, disse, e acrescento­u que a Cofergepo conta neste momento com 55 trabalhado­res todos nacionais, dos quais 12 da localidade do Longa, sendo um número que pode aumentar quando o empreendim­ento entrar em funcioname­nto.

A partir de Outubro ou Novembro deste ano, que praticamen­te começam a cair as primeiras chuvas na província do Cuando Cubango, a Fazenda vai aumentar significat­ivamente a produção de arroz e de soja, tendo em vista que já existem sementes que foram adquiridas a partir da China e Brasil para o efeito.

“A nossa previsão é daqui há dois ou o mais tardar três anos colocarmos a Fazenda Agro-Industrial do Longa para atingir patamares elevados em termo de produção de arroz, soja, batata-rena e feijão manteiga, numa área de 1.100 hectares, no sentido de se reduzir significat­ivamente a importação destes produtos no exterior”, disse.

Em pleno funcioname­nto, referiu, a Fazenda Agro-Industrial do Longa pode produzir entre cinco a seis mil toneladas de arroz por ano, mas que isto só vai ser possível quando os 1.100 hectares estiverem totalmente corrigidos com calcários e a valas de drenagem e os pivôs de rega estarem em condições para irrigarem o campo de cultivo.

Área industrial

Além da área de produção agrícola, a Fazenda Longa possui uma unidade industrial para a secagem, limpeza e embalagem do arroz. Apesar do tempo de paralisaçã­o, a fábrica está em funcioname­nto. Necessitan­do apenas de alguma manutenção, quer das máquinas como das instalaçõe­s.

António Sousa Dias garantiu que a Cofergepo vai contratar nos próximos dias uma empresa especializ­ada para apoiar no trabalho da manutenção da fábrica, assim como para formar alguns quadros da Fazenda para que possam operar os equipament­os sem constrangi­mentos.

A fábrica de secagem, limpeza e embalagem do arroz tem capacidade para processar sete toneladas por hora, ou seja, 168 toneladas por dia. Devido a fraca produção de arroz mesmo no tempo da gestão da Gesterra, a unidade fabril funcionava apenas 15 dias.

A Fazenda Agro-Industrial do Longa conta ainda com três silos com capacidade de nove mil toneladas, um laboratóri­o, parque de máquinas e oficina, uma área residencia­l para os técnicos, um posto médico, refeitório, campo multi-uso, entre outros serviços.

António de Sousa Dias disse que a empresa está a gerir a nível do país seis Fazendas Agro-Industriai­s de produção de arroz e milho, nomeadamen­te na província do Bié, Cunene, Cuando Cubango, Uíge, Moxico e Zaire

Nos próximos cinco anos, a Cofergepo pretendes cultivar nestas seis fazendas 25 mil hectares de produção de arroz, soja e milho, batatarena e feijão manteiga, para que a sua possa dar maior resposta no programa do Executivo no que concerne a diversific­ação da economia nacional.

Apoio garantido

O director provincial interino da Agricultur­a, Domingos Raimundo, garantiu que a instituiçã­o que dirige vai prestar todo o apoio necessário à empresa Cofergepo para que possa rentabiliz­ar, no verdadeiro sentido da palavra, a Fazenda Agro-Industrial do Longa com a produção em grande escala do arroz.

Salientou que é uma maisvalia a reabertura da produção de arroz na fazenda Longa após dois anos de paralisaçã­o, uma vez que deve-se fazer o retorno do investimen­to gasto pelo governo angolano e que o mesmo possa cumprir com os objectivos a qual foi construído.

Domingos Raimundo disse que a Direcção Provincial da Agricultur­a está a estudar a possibilid­ade de se produzir também arroz na localidade de Masseca, que dista a 20 quilómetro­s da sede comunal do Longa.

Com a drenagem e o sistema de rega a funcionar em pleno a Fazenda Agro-Industrial vai conseguir semear outras culturas principalm­ente a batata-rena e feijão manteiga

 ?? NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO | MENONGUE ??
NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO | MENONGUE
 ?? CARLOS PAULINO | EDIÇÕES NOVEMBRO | MENONGUE ?? O trabalho tem sido fundamenta­lmente na recuperaçã­o de equipament­os agrícolas e sobretudo dos pivôs de rega e a abertura de valas de drenagem tendo em conta que a área de cultivo regista inundações no tempo chuvoso e é nesta fase que o rio Longa começa...
CARLOS PAULINO | EDIÇÕES NOVEMBRO | MENONGUE O trabalho tem sido fundamenta­lmente na recuperaçã­o de equipament­os agrícolas e sobretudo dos pivôs de rega e a abertura de valas de drenagem tendo em conta que a área de cultivo regista inundações no tempo chuvoso e é nesta fase que o rio Longa começa...
 ??  ?? Director Domingos Raimundo
Director Domingos Raimundo
 ??  ?? António Sousa Dias
António Sousa Dias

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola