Isabel dos Santos alega desconhecimento dos factos em audição
Isabel dos Santos disse, em Paris, numa audição de arbitragem internacional, desconhecer os factos que lhe são imputados, segundo uma transcrição da audição, divulgada ontem pelo jornal português “Público”.
Em causa estão acusações de que a empresária estaria, alegadamente, a bloquear o pagamentos de dividendos da Unitel à brasileira Oi, e de que teria criado uma empresa nas Ilhas Virgens Britânicas, para prestar serviços “suspeitos” à Unitel.
Tokeyna é uma empresa registada em nome de Isabel dos Santos nas Ilhas Virgens, através da qual foram assinados contratos de prestação de serviços de consultoria e suporte que deram origem ao pagamento de 155 milhões de euros, em 2013, e de 177,9 milhões, em 2014.
O processo, cujo desfecho deve acontecer nas próximas semanas, está a decorrer na Câmara de Comércio Internacional de Paris, instância em que Isabel dos Santos apresentou a sua defesa, alegando desconhecimento ou esquecimento sobre alguns assuntos.
A acusação original, feita pelos brasileiros da Oi, que ficaram com a participação da Portugal Telecom na Unitel, é de que os angolanos bloquearam o pagamento de cerca de 600 milhões de euros em dividendos.
Segundo o processo, os auditores da Unitel SA, nessa altura a consultora PwC, emitiram reservas às contas de 2013.
O argumento apresentado foi de que as transacções com a Tokeyna reduziam em 764 milhões de dólares o valor contabilístico da companhia e impactavam negativamente o resultado líquido desse ano, em 434 milhões de dólares.
Em Outubro de 2015, a Oi, através da PT Ventures, iniciou um processo arbitral contra os outros accionistas da Unitel, por, alegou, estes terem violado o acordo parassocial da operadora angolana, incluindo o facto de não terem sido pagos à PT Ventures os dividendos da Unitel e terem retido “informações e esclarecimentos sobre tal pagamento”.
A PT Ventures exige um pagamento de três mil milhões de dólares (2,4 mil milhões de euros, ao câmbio actual).