CARTAS DOS LEITORES
A taxa de circulação
Estou satisfeito com o facto de Administração Geral Tributária ter prorrogado o prazo de pagamento da taxa de circulação. Penso que se trata de uma decisão sensata, até porque é do interesse do Estado arrecadar o maior volume de receitas possível, para poder fazer despesas que vão beneficiar muitos cidadãos. Era bom entretanto que os que têm a obrigação de pagar a taxa de circulação aproveitassem a prorrogação para cumprir com este seu dever. Temos de ter a cultura de pagamento de taxas e impostos ao Estado. Sem receitas tributárias o Estado não pode resolver muitos dos nossos problemas, sobretudo agora que enfrentamos uma crise económica e financeira. É entretanto importante que os cidadãos sintam que os impostos e taxas que pagam ao Estado contribuem para o melhoramento das suas vidas. Uma das causas da resistência em se pagar impostos e taxas é o facto de os cidadãos não verem melhorias na sua qualidade de vida. E pergunta que as pessoas fazem é para onde vai o dinheiro dos impostos e taxas que pagamos ao Estado? Temos mais um mês para pagar a taxa de circulação, tempo que considero suficiente. Um bom cidadão deve cumprir também com as suas obrigações fiscais. Sejamos todos bons cidadãos, para que o nosso país supere o subdesenvolvimento.
Merenda escolar
Sou encarregado de educação e tenho lido as cartas que outros encarregados de educação escrevem para o vosso jornal e que se referem à distribuição de merenda escolar nos estabelecimento de ensino público. Não tenho conhecimento de que nas escolas primárias de Luanda as crianças estejam a receber merenda escolar. Não sei também se as verbas destinadas ao sector da Educação e inscritas no Orçamento Geral do Estado para 2018 contemplam a distribuição de merenda escolar nas escolas primárias públicas. Penso que se deve levar muito a sério esta questão da distribuição de merenda escolar, uma vez que muitas crianças não têm possibilidade de tomar uma refeição antes de irem para escola. Em Angola , há famílias que têm um rendimento mensal de menos de trintas mil kwanzas. É preciso que os governantes conheçam o país real e tomem medidas urgentes para se irem reduzindo os níveis de pobreza.
É necessário mexer nos rendimentos das famílias, os quais podem contribuir para o crescimento económico, por via do aumento do poder de compra dos cidadãos, de que podem beneficiar as empresas. Se as famílias não tiverem dinheiro para adquirir bens e serviços, as empresas não poderão ter lucros. Hoje muitas pequenas e médias empresas estão encerradas por falta de clientes. E as empresas são necessárias para que haja empregos.
Ensino superior
Gostava que as entidades competentes ligadas ao sector da Educação procedessem a partir deste ano à avaliação de instituições de ensino superior, para se saber se todas estão em condições de transmitir conhecimentos a pessoas que um dia podem ser absorvidas pelo mercado de trabalho.
Não podemos estar a brincar com o ensino superior. Não se pode por exemplo permitir que haja professores titulares que tenham apenas a licenciatura. A criação de estabelecimentos de ensino superior não deve ser vista prioritariamente como um negócio para se ganhar muito dinheiro. Penso que a instituição que tem, de autorizar a abertura de universidades devem ter o cuidado de verificar se de facto estas estarão em condições de formar bons quadros.
Os que abrem universidades devem pensar em primeiro lugar na formação de bons quadros e não apenas no dinheiro que podem ganhar. Em Angola, muita gente quer ter um diploma de uma qualquer universidade, para conseguir rapidamente um emprego ou um aumento de salário, mesmo sem ter os conhecimentos necessários para o exercício de uma determinada profissão. Há mesmo estudantes universitários que não frequentaram o ensino médio, tendo conseguido ingressar numa universidade com certificados falsos. Estudei numa universidade onde a secretaria fazia questão de verificar se os certificados que os candidatos aos cursos apresentavam eram falsos ou verdadeiros.