Autoridades sul-africanas pedem apoio internacional
A justiça da África do Sul solicitou o apoio dos Emiratos para instruir o processo crime contra o antigo Chefe de Estado
No prosseguimento do processo dos alegados casos de corrupção em que está envolvido Jacob Zuma, as autoridades judiciais da África do Sul pediram às suas congéneres dos Emiratos Árabes Unidos apoio para salvaguardarem pagamentos que o antigo Presidente possa lá ter recebido através de depósitos com dinheiro transferido de modo ilegal.
Neste momento, no centro das atenções da Justiça sulafricana estará uma transferência de aproximadamente 80 milhões de dólares que a família Gupta terá efectuado para uma conta domiciliada no Dubai e que, supostamente, estaria em nome de Jacob Zuma ou de algum seu familiar próximo.
Esta verba teria sido retirada de uma empresa ligada á família Gupta que liderava o “projecto-fantasma” de Estina e é resultante de investimentos feitos por alguns incautos empresários e cidadãos sul-africanos. Os oficiais de Justiça sul-africanos que acompanham o processo estão optimistas e acreditam que as autoridades do Dubai, cidade onde se encontra depositado o dinheiro, irão cooperar e impedir que a referida verba seja movimentada. Em boa verdade, este é o primeiro passo na série de acções que a Justiça sul-africana pretende efectuar contra a família Gupta, muito chegada ao antigo Presidente Jacob Zuma, de quem se suspeita seja a real proprietária de uma luxuosa mansão avaliada em cerca de 100 milhões de dólares onde ele e a sua família ficavam instalados sempre que se deslocassem em viagem ao Dubai.
Não existe qualquer acordo de cooperação judicial entre a África do Sul e os Emiratos Árabes Unidos, mas os dois países já se aju- daram mutuamente em anteriores ocasiões, tanto num como noutro país. Uma ordem judicial obtida na África do Sul permite às autoridades verificar dois depósitos efectuados pela família Gupta no Banco Baroda, em Agosto e Outubro de 2013.Teria sido o segundo depósito que foi transferido para o Dubai em Agosto desse ano que as autoridades querem confirmar se foi, ou não, para uma conta em nome de Jacob Zuma ou de algum dos seus familiares directos.
Curiosamente, o Banco Baroda, ligado a uma empresa associada à família Gupta, cessou as suas operações na África do Sul apenas três dias depois das autoridades terem conseguido obter a referida ordem judicial.
A devolução do dinheiro
No essencial aquilo que as autoridades sul-africanas querem é que todo o dinheiro que a família Gupta conseguiu transferir, neste caso para o Dubai, regresse ao país sob a alegação de que ele teria servido para “comprar” os serviços de ajuda prestados pelo antigo Presidente da República.
É evidente que tudo isto poder ser muito mais complicado de deslindar do que de escrever, uma vez que pelo meio das referidas transferências o dinheiro terá passado por muitas contas em nome de diversas pessoas e em distintos países.
É, pois, necessário seguir a pista desse dinheiro, como agora foi feito em relação aqueles dois depósitos do Banco Baroda, para que o processo possa ser concluído, até porque não é assim tão líquido que as autoridades do Dubai aceitem, com facilidade, a devolução das verbas pedidas pela África do Sul, ainda para mais sem um acordo de cooperação antecipadamente estabelecido.
Possuindo interesses em várias empresas, no interior e no exterior da África do Sul, a família Gupta já provou saber lidar com esquemas que facilitam a movimentação de dinheiro longe dos olhares indiscretos das autoridades financeiras, ficando agora por se saber se consegue fazer o mesmo em relação às autoridades judiciais.
De acordo com suspeitas divulgadas pela Justiça sulafricana avalia-se que cerca de 300 milhões de dólares possam ter sido usados para corromper instituições e personalidades sul-africanas, entre as quais o Presidente Jacob Zuma.