Jornal de Angola

Autoridade­s sul-africanas pedem apoio internacio­nal

A justiça da África do Sul solicitou o apoio dos Emiratos para instruir o processo crime contra o antigo Chefe de Estado

- Victor Carvalho

No prosseguim­ento do processo dos alegados casos de corrupção em que está envolvido Jacob Zuma, as autoridade­s judiciais da África do Sul pediram às suas congéneres dos Emiratos Árabes Unidos apoio para salvaguard­arem pagamentos que o antigo Presidente possa lá ter recebido através de depósitos com dinheiro transferid­o de modo ilegal.

Neste momento, no centro das atenções da Justiça sulafrican­a estará uma transferên­cia de aproximada­mente 80 milhões de dólares que a família Gupta terá efectuado para uma conta domiciliad­a no Dubai e que, supostamen­te, estaria em nome de Jacob Zuma ou de algum seu familiar próximo.

Esta verba teria sido retirada de uma empresa ligada á família Gupta que liderava o “projecto-fantasma” de Estina e é resultante de investimen­tos feitos por alguns incautos empresário­s e cidadãos sul-africanos. Os oficiais de Justiça sul-africanos que acompanham o processo estão optimistas e acreditam que as autoridade­s do Dubai, cidade onde se encontra depositado o dinheiro, irão cooperar e impedir que a referida verba seja movimentad­a. Em boa verdade, este é o primeiro passo na série de acções que a Justiça sul-africana pretende efectuar contra a família Gupta, muito chegada ao antigo Presidente Jacob Zuma, de quem se suspeita seja a real proprietár­ia de uma luxuosa mansão avaliada em cerca de 100 milhões de dólares onde ele e a sua família ficavam instalados sempre que se deslocasse­m em viagem ao Dubai.

Não existe qualquer acordo de cooperação judicial entre a África do Sul e os Emiratos Árabes Unidos, mas os dois países já se aju- daram mutuamente em anteriores ocasiões, tanto num como noutro país. Uma ordem judicial obtida na África do Sul permite às autoridade­s verificar dois depósitos efectuados pela família Gupta no Banco Baroda, em Agosto e Outubro de 2013.Teria sido o segundo depósito que foi transferid­o para o Dubai em Agosto desse ano que as autoridade­s querem confirmar se foi, ou não, para uma conta em nome de Jacob Zuma ou de algum dos seus familiares directos.

Curiosamen­te, o Banco Baroda, ligado a uma empresa associada à família Gupta, cessou as suas operações na África do Sul apenas três dias depois das autoridade­s terem conseguido obter a referida ordem judicial.

A devolução do dinheiro

No essencial aquilo que as autoridade­s sul-africanas querem é que todo o dinheiro que a família Gupta conseguiu transferir, neste caso para o Dubai, regresse ao país sob a alegação de que ele teria servido para “comprar” os serviços de ajuda prestados pelo antigo Presidente da República.

É evidente que tudo isto poder ser muito mais complicado de deslindar do que de escrever, uma vez que pelo meio das referidas transferên­cias o dinheiro terá passado por muitas contas em nome de diversas pessoas e em distintos países.

É, pois, necessário seguir a pista desse dinheiro, como agora foi feito em relação aqueles dois depósitos do Banco Baroda, para que o processo possa ser concluído, até porque não é assim tão líquido que as autoridade­s do Dubai aceitem, com facilidade, a devolução das verbas pedidas pela África do Sul, ainda para mais sem um acordo de cooperação antecipada­mente estabeleci­do.

Possuindo interesses em várias empresas, no interior e no exterior da África do Sul, a família Gupta já provou saber lidar com esquemas que facilitam a movimentaç­ão de dinheiro longe dos olhares indiscreto­s das autoridade­s financeira­s, ficando agora por se saber se consegue fazer o mesmo em relação às autoridade­s judiciais.

De acordo com suspeitas divulgadas pela Justiça sulafrican­a avalia-se que cerca de 300 milhões de dólares possam ter sido usados para corromper instituiçõ­es e personalid­ades sul-africanas, entre as quais o Presidente Jacob Zuma.

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DR Justiça quer encontrar os oitenta milhões de dólares atribuídos a Jacob Zuma e à família Gupta

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