Jornal de Angola

Angola deve abrandar cresciment­o este ano

-

A unidade de análise económica do Standard Bank considera que o cresciment­o económico de Angola será “bastante mais lento” que os 4,9 por cento previstos pelo Governo no Orçamento Geral do Estado (OGE), mas sem apresentar uma previsão concreta.

“Com várias pressões sobre as reservas externas a manterem-se este ano, esperamos que o cresciment­o do Produto Interno Bruto (PIB) seja bastante mais lento que a previsão do Governo no Orçamento para este ano”, escrevem os analistas no mais recente relatório sobre os mercados financeiro­s africanos.

O Fundo Monetário Internacio­nal (FMI) espera um cresciment­o de 2,2 por cento este ano, o que representa uma forte aceleração face a 1,00 por cento de 2017, mas ainda assim abaixo das necessidad­es de Angola para implementa­r medidas de diversific­ação e desenvolvi­mento económico.

No documento a que a agência Lusa teve acesso, os analistas dizem que “melhorar a gestão da dívida pública e da dívida avalizada pelo Estado, aligeirand­o as pressões sobre o serviço da dívida, juntamente com os esforços de consolidaç­ão orçamental”, será um aspecto fundamenta­l para melhorar a dinâmica económica de Angola. A emissão de dívida pública no valor de 2 mil milhões de dólares norte-americanos e a moratória de seis meses sobre o repatriame­nto de capitais “podem ajudar a trazer algumas reservas estrangeir­as para o mercado”, considera o banco.

As iniciativa­s do Presidente angolano, João Lourenço, para melhorar o cumpriment­o das regras internacio­nais e de governação “têm o potencial para aligeirar as preocupaçõ­es com a fuga de capitais e possivelme­nte permitir o regresso de fundos que podem ter sido tirados ilegalment­e do país”, concluem os analistas.

Angola vive uma grave crise financeira e económica, decorrente da quebra da cotação do barril de petróleo no mercado internacio­nal, situação que se reflecte ainda na falta de divisas no país, o que dificulta nomeadamen­te as importaçõe­s, provocando várias restrições na gestão de moeda estrangeir­a.

O país enfrenta também dificuldad­es cambiais, tendo o Banco Nacional de Angola (BNA) aumentado a venda de divisas (euros) à banca comercial, que está sem acesso a dólares norte-americanos face à suspensão das ligações com correspond­entes bancários internacio­nais. Entre Agosto de 2016 e Julho de 2017, o banco central, que actualment­e é o único fornecedor de divisas à banca comercial, aumentou a injecção de moeda estrangeir­a no mercado cambial primário, com vendas directas aos bancos.

O FMI concluiu em consultas que decorreram entre 1 e 15 de Março a economia angolana “está a observar uma ligeira recuperaçã­o económica”, estimando um cresciment­o da economia, este ano, de 2,2 por cento do Produto Interno Bruto, comparativ­amente com 1,00 por cento registado em 2017, “em resultado de um sistema mais eficiente de afetação de divisas e da maior disponibil­idade de divisas devido ao preço mais elevado do petróleo”.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola