O drama dos doentes de VIH/Sida no Uíge
Pessoas portadoras do Vírus de Imunodeficiência Humana e do Síndroma de Imunodeficiência Adquirida (VIH/Sida) continuam a viver dias difíceis na província do Uíge devido ao estigma de rejeição por parte de certas sensibilidades da sociedade, apesar do esforço das autoridades sanitárias no combate a este mal.
O Jornal de Angola ouviu algumas pessoas, que na primeira pessoa contaram o seu sofrimento, numa história que enche os olhos de lágrimas e cria angústia.
Cecília Mosa Pedro, de 27 anos de idade, portadora do vírus do VIH/Sida, a viver no bairro Kakiuia, arredores da cidade do Uíge, disse que contraiu a doença através do seu marido Adão Feliciano, falecido em Janeiro deste ano.
A jovem disse que tomou conhecimento da sua condição em 2010, durante consultas pré-natais no Centro Materno Infantil da Maternidade do Hospital Geral do Uíge, quando estava grávida da pequena Joana Feliciano que hoje tem oito anos.
Cecília Mosa Pedro conta que quando se apercebeu do seu estado serológico entrou em choque até ser acalmada para depois reflectir sobre a origem da enfermidade. De regresso a casa, expôs a situação ao esposo mas este preferiu manter o sigilo à esposa por temer destruir a relação e perder a mulher que amava. Hoje cuida dos três filhos sozinha, uma das quais é a Joana, seropositiva. Com oito anos de idade, a menina carece de acompanhamento médico e de um psicólogo. A pequena frequenta a primeira classe e tem fraco aproveitamento escolar devido à deficiência imunológica, falta de material escolar e registo de nascimento.
Outro seropositivo é Alberto Teca, que decidiu romper o silêncio e lançar um grito de socorro. Contou que contraiu a doença em 1999 na LundaNorte, onde era funcionário da Endiama. Agora desempregado, aguarda pela sua inserção na caixa de previdência social da Polícia Nacional para poder beneficiar da pensão de reforma. Pai de cinco filhos, Alberto Teca vive separado da esposa e não se recorda como contraiu a doença.