Jornal de Angola

Lixo invade as barreiras de protecção do rio Dande

Autoridade­s da província do Bengo procuram encontrar soluções por meio de palestras e outras iniciativa­s para contornar o fénómeno que provoca inúmeras doenças aos moradores das redondezas afectada pelo problema de resíduos sólidos

- Edson Fontes | Caxito

O dique de protecção do Rio Dande em Caxito, na província do Bengo, foi invadido pelo lixo depositado por moradores que vivem nos arredores. Em consequênc­ia disso, muitas doenças estão a aumentar, e põem em risco a saúde da população.

Numa ronda feita esta semana, o JornaldeAn­gola apurou que a população faz uso diário do rio, ainda assim o lixo já está em contacto directo com a água usada para o banho, lavagem de roupa, louça e para o consumo em casa.

Questionad­o sobre o facto, o jovem Francisco Pedro, de 33 anos de idade e morador no bairro Kinguxi, disse ser triste ver a quantidade de lixo a crescer todos os dias. “Houve tempos em que um grupo de vigilantes da JMPLA fazia recolha dos resíduos”, disse.

Francisco Pedro acrescento­u que esta acção de voluntarie­dade de nada adiantou, porque os jovens quando realizavam a limpeza e queimavam o lixo e depois os moradores voltavam a fazer depósitos de resídios sólidos no dique de protecção do rio.

“A população sempre consumiu esta água. Nesta época chuvosa é muito complicado e só Deus nos pode salvar. A água vem suja devido à terra que arrasta e com a mistura deste lixo, piora a contaminaç­ão do rio”, disse.

Maria Eduarda, todas as manhãs, recorre ao Rio Dande para o banho. A jovem encontra-se na condição de gestante, e disse ser normal fazer uso dessa água "porque é corrente". De acordo com a nossa entrevista­da, o grande problema das zonas adjacentes ao Rio Dande passa pelos mosquitos, que aumentam dia após dia.

“Há mui t o capim no bairro, sem mosquiteir­os ou dragão não se consegue dormir, além do facto do paludismo estar à espreita”, frisou.

Manuel Domingos disse que o lixo já invadiu o dique do rio. O jovem é igualmente morador do bairro Kinguxi, frisou que naquelas localidade­s registam- se fortes chuvas, há a necessidad­e de abrir as comportas da barragem das Mabubas.

“Ultimament­e, casos de malária, febre tifóide, diarreias e outras doenças estão a aumentar na nossa região. Por essa razão, a Administra­ção Municipal tem de ver estas situações com urgência”, disse.

Manuel Domingos disse que as equipas adstritas à Administra­ção Municipal não fazem limpeza nesta área há muito tempo. Realizamse palestras para sensibiliz­ar os moradores para as campanhas de limpeza e de prevenção de doenças mas ainda assim, não surtem os efeitos desejados.

Carros de fumigação

A reportagem do Jornalde Angola constatou, também, que os carros de fumigação entregues recentemen­te ao hospital provincial, nunca passaram pela circunscri­ção. Por isso, Manuel Domingos sugere a colaboraçã­o dos demais moradores, de forma a combaterem os focos de lixo e evitar doenças.

A directora clínica do Hospital Geral do Bengo, Georgina Inglês, disse que se têm promovido palestras de sensibiliz­ação para alertar a população para os riscos de propagação de muitas doenças.

A responsáve­l clínica disse que o Hospital Geral do Bengo regista nos últimos tempos muitos casos de doenças, e que a média de consultas diárias é de 350 pacientes.

Georgina Inglês disse, ainda, que tanto em consultas externas, como nas urgências, destacam-se serviços, como, de pediatria, medicina interna, cirurgia, ortopedia, oftalmolog­ia, otorrinola­ringologia, planeament­o familiar, ginecologi­a e obstetríci­a.

Assegurou, ainda, que esta unidade sanitária conta com 80 camas distribuíd­as por diversos serviços, como de pediatria, área de inter- namento, banco de urgência, medicina, urgência, cirurgia e medicina.

Georgina Inglês acrescento­u que a unidade sanitária regista em média diária o internamen­to de 25 a 30 crianças, 60 por cento dos casos realaciona­dos com a malária.

Em relação aos adultos, há também casos de malária, assim como de doenças crónicas, como hipertensã­o e diabetes.

Georgina Inglês adverte, também, que a vala de irrigação de Caxito traduz um grande perigo para os populares que consomem água provenient­e desta.

“Em 2017, registámos um total de 330 casos de schistosom­iasis e no primeiro trimestre de 2018, temos o registo de 28 casos”, disse a responsáve­l.

A directora clínica do Hospital Geral do Bengo disse que devido ao uso dessa água, surgem no seio das comunidade­s várias patalogias, como malária, doenças diarreicas agudas, respiratór­ias agudas, desnutriçã­o e dermatites.

Georgina Inglês informou que a assistênci­a médica e medicament­osa da população na região está a melhorar, apesar do défice de fármacos e de materiais gastáveis.

Dique de protecção do Rio Dande, em Caxito, na província do Bengo, foi invadido pelo lixo depositado por moradores que vivem nos arredores. Em consequênc­ia disso, muitas doenças estão a aumentar

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MARIA JOÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO | BENGO Lixo depositado por populares nas margens do rio Dande pode provocar enfermidad­es à população das zonas limítrofes

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