Fracasso em Gbadolite
Aos poucos, o conflito angol a no cresceu. Ganhou alguma visibilidade internacional. Angola tornouse uma extensão da guerra fria, com a particularidade de os combates se disputarem na arena real. No cont exto de devastação do tecido humano e de infraestruturas, a via negocial foi-se impondo novamente como a única solução para o calar dos fuzis. Assim, chegámos a Gbadol i t e. Quinta-feira, 22 de Junho de 1989. A terra natal do deposto presidente do então Zaíre, Mobutu Sesse Seko, acolheu 19 Chefes de Estado africanos, o rei Hassan II do Marrocos e o vice-presidente da Tanzânia. Perspectivava-se uma tentativa de paz para Angola.
Consta que foi a primeira vez que José Eduardo dos Santos e Jonas Malheiro Savimbi encontraram-se na condição de Presidente da República e líder do movimento rebelde. A declaração final realçava a “evolução positiva dos acontecimentos”, fruto do qual se determinou a vontade de “todas as filhas e filhos de Angola porem fim à guerra e proclamar, perante o mundo, a reconciliação nacional”.
O derrube de torres condutoras de energia eléctrica, alguns dias depois do mediático encontro, deixou Luanda às escuras. A prática recorrente consistia num dos métodos de pressão protagonizados pela UNITA, no âmbito da política que visava “bater onde dói mais”. A responsabilidade recaiu sobre uma vaca perdida da manada, mas a trégua rubricada em Gbadolite resumiu-se a um documento desprovido de qualquer valor, além da referência histórica.