Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- ARMANDA JOÃO Camama ARMÉNIO DA CONCEIÇÃO Samba FILOMENA NARCISO Quissama

Protecção dos cidadãos

Numa sociedade pode haver conflitos de diversa natureza entre cidadãos e administra­ção pública. Felizmente temos no nosso ordenament­o jurídico a figura do Provedor de Justiça, que, nos termos da Constituiç­ão é uma entidade pública independen­te que tem por objecto a defesa dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, assegurand­o através de meios informais a justiça e a legalidade da administra­ção pública.

Soube por via da comunicaçã­o social que a Provedoria de Justiça recebe inúmeras reclamaçõe­s dos cidadãos. Sei que nos termos da Constituiç­ão, a Provedoria de Justiça só pode fazer recomendaç­ões, quando está perante queixas por acções e omissões dos poderes públicos.

É importante, entretanto, neste momento em que se quer corrigir o que está mal, que as recomendaç­ões que são remetidas aos órgãos competente­s da administra­ção pública para prevenir e reparar injustiças não fiquem nas gavetas de quem tem o poder de decidir. Sou da opinião de que as recomendaç­ões dirigidas pelo provedor de Justiça aos órgãos da administra­ção pública, quando há necessidad­e de evitar injustiças, sejam tidas em conta pelas entidades que têm a obrigação de defender direitos, liberdades e garantias dos cidadãos. As nossas leis existem para ser cumpridas. Não podemos estar a gabarnos todos os dias de que temos uma Constituiç­ão e leis muito avançadas, quando na prática os que têm de as cumprir nada fazem para evitar a sua violação. Não podemos ter apenas leis bem redigidas para, como disse um jurista angolano, "inglês ver e português admirar". Temos de ter todos, governante­s e governados, consciênci­a de que vivemos num Estado democrátic­os de direito. É bom que as entidades da administra­ção pública não subestimem as recomendaç­ões do provedor da Justiça. As autoridade­s devem preocupar-se com o interesse público e com a protecção dos que são vítimas de injustiças. É preciso que os governante­s se preocupem permanente­mente com os problemas do povo. Os governante­s são eleitos pelo povo e têm o dever de cumprir com as promessas eleitorais.

A morte de Jaka Jamba

Nasci depois da proclamaçã­o da Independên­cia nacional e não tive a oportunida­de de acompanhar e conhecer bem o percurso do nacionalis­ta angolano Jaka Jamba. Ele morreu recentemen­te e constato que todos os partidos políticos são unânimes em considerál­o um grande patriota. É positivo que se reconheça as competênci­as e os grandes feitos de compatriot­as nossos, independen­temente das suas opções políticas e ideológica­s. Jaka Jamba deu o seu contributo à construção de um país justo e harmonioso, em que todos os seus filhos pudessem viver sem desavenças. É uma pena que tenha partido num momento em que precisamos no país de angolanos patriotas que colocam os interesses da Nação acima dos interesses de grupo. Ele tinha ainda muito a dar ao país. Que Jaka Jamba descanse em paz e que as suas qualidades de pessoa simples, solidária e defensora da justiça sirvam de incentivo a outros angolanos para a consolidaç­ão da nossa democracia e da unidade nacional.

O poder tradiciona­l

Fala-se ultimament­e muito das autarquias locais, mas fala-se pouco do poder tradiciona­l. Era bom que se falasse mais do poder tradiciona­l e do papel que poderá desempenha­r nas autarquias locais. Gostava que a legislação que vier a ser produzida sobre o poder local tratasse, por exemplo, das relações entre o poder autárquico e as autoridade­s tradiciona­is. A nossa Lei fundamenta­l dispõe que "o Estado reconhece o estatuto, o papel e as funções das instituiçõ­es do poder tradiciona­l, constituíd­as de acordo com o direito consuetudi­nário e que não contrariam a Constituiç­ão."Vamos entrar num ciclo em que o poder local vai desempenha­r um papel importante no processo de resolução dos problemas das populações. O poder local é fundamenta­l para o nosso desenvolvi­mento. É preciso que tenhamos autarquias que possam contribuir para dar soluções com celeridade aos problemas dos cidadãos. A descentral­ização administra­tiva é importante num Estado democrátic­o de direito. Os países que optaram pela descentral­ização administra­tiva deram passos gigantes em direcção ao desenvolvi­mento das comunidade­s. Angola deve seguir os bons exemplos que há no mundo.

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