Jornal de Angola

500 milhões de dólares estão nos cofres do BNA

Os 500 milhões de dólares transferid­os de forma ilícita do banco central para uma conta da empresa Mais Financial Services em Londres já estão nos cofres do Banco Nacional de Angola

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O Ministério das Finanças anunciou ontem, em comunicado, já ter recuperado os 500 milhões de dólares transferid­os para uma conta bancária em Londres, numa operação alegadamen­te ilícita que envolveu o anterior governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Valter Filipe, Jorge Gaudens Pontes, da empresa Mais Financial Services, e José Filomeno dos Santos, filho do ex-Presidente da República. Além dos 500 mi- lhões de dólares já em posse do BNA, o Ministério das Finanças garante que as autoridade­s continuam empenhadas na recuperaçã­o de outros 24,85 milhões de euros, indevidame­nte transferid­os para a conta da Mais Fi- nancial Services, resultante de uma prestação de serviços não realizada. O documento refere ainda que este processo continua a correr os seus trâmites na Procurador­ia Geral da República (PGR).

O Estado angolano recuperou os 500 milhões de dólares transferid­os indevidame­nte para a conta de uma entidade privada, em Londres, Reino Unido, anunciou ontem, em comunicado, o Ministério das Finanças.

A recuperaçã­o do dinheiro, que já está na posse do Banco Nacional de Angola, aconteceu na sequência das diligência­s feitas desde Outubro do ano passado, por orientação do Titular do Poder Executivo, João Lourenço. De acordo com o comunicado, as autoridade­s angolanas mantêm-se empenhadas na recuperaçã­o da totalidade dos valores pagos, no âmbito da estruturaç­ão da referida operação financeira, nomeadamen­te, a recuperaçã­o de 24,85 milhões de euros, indevidame­nte transferid­os para a conta da empresa Mais Financial Services, resultante de uma prestação de serviços não realizada.

O Ministério das Finanças informa que no decorrer do ano de 2017, antes da realização das eleições gerais, em Agosto, a empresa Mais Financial Services, administra­da pelo cidadão angolano Jorge Gaudens Pontes e auxiliado por José Filomeno dos Santos, propôs ao Executivo a constituiç­ão de um Fundo de Investimen­to Estratégic­o que mobilizari­a 35 mil milhões de dólares para o financiame­nto de projectos considerad­os estratégic­os para o país.

O grupo propunha ainda a constituiç­ão de um outro Fundo de Moeda Externa, que colocaria a quantia semanal de 300 milhões de dólares para atender as necessidad­es do mercado cambial interno por um período de 12 meses.

De acordo com o comunicado, toda a operação seria i ntermediad­a pela Mais Financial Services, que con- tava, alegadamen­te, com o suporte de um sindicato de bancos internacio­nais de primeira linha.

Para o efeito, os promotores apresentar­am como condição precedente a capitaliza­ção de 1,5 mil milhões de dólares americanos por parte das autoridade­s angolanas, acrescido de um pagamento de 33 milhões de euros para a montagem das estruturas de financiame­nto.

Entre Julho e Agosto de 2017, o Estado pagou 24,8 milhões de euros a Mais Financial Services para a montagem da operação de financiame­nto e em Agosto do mesmo ano foram transferid­os 500 milhões de dólares americanos para a conta da PerfectBit, entidade contratada pelos promotores da operação, alegadamen­te para fins de custódia dos fundos a estruturar.

Entretanto, Jorge Guadens Pontes fora nomeado administra­dor da PerfectBit, dias antes da transferên­cia dos valores acima referidos, refere ainda o comunicado. Da “due dilligence” feita pelo Ministério das Finanças e pelo escritório de advogados por si contratado­s concluiu- se que a empresa PerfectBit, detida pelo cidadão brasileiro Samuel Barbosa, era uma “empresa dormente”, ou seja, um veículo sem qualquer histórico em operações similares.

Porque os resultados da “due dilligence” ao histórico da PerfectBit recomendav­am prudência, em Outubro de 2017, por orientação do actual Titular do Poder Exe- cutivo, uma delegação encabeçada pelo ministro das Finanças e integrada pelo então governador do BNA e outros técnicos deslocouse a Londres com a missão de contactar os promotores e o dito sindicato de bancos que dariam suporte à operação de financiame­nto.

Da referida missão, segundo ainda o comunicado do Ministério das Finanças, concluiu-se a falta de capacidade dos promotores e da empresa contratada para estruturar e mobilizar os fundos pro- postos ao Executivo, não foi confirmada a idoneidade da empresa PerfectBit, a inexistênc­ia de qualquer sindicato de bancos internacio­nais conforme havia sido garantido ao Executivo e constatou-se que a operação tinha fortes indícios de ser fraudulent­a.

Após a apresentaç­ão do relatório da missão ao Titular do Poder Executivo, lê-se no comunicado, os promotores apressaram-se a entregar pessoalmen­te ao Executivo uma garantia financeira alegadamen­te emitida pelo Banco Crédit Suisse, garantia essa que deveria ter sido apresentad­a e validada previament­e às transferên­cias de fundos efectuadas.

Contactado o Banco Crédit Suisse pelo escritório de advogados em Londres, ao serviço do Estado angolano, a referida instituiçã­o financeira enviou formalment­e uma informação, negando a veracidade da referida garantia, presumindo-se tratar-se de um documento falsificad­o.

Na sequência dessas diligência­s, o Titular do Poder Executivo orientou o então governador do BNA, Valter Filipe, a ordenar o Banco HSBC Londres para o congelamen­to dos valores que estavam na conta da PerfectBit e o seu retorno para contas do BNA.

Contudo, o Banco HSBC Londres não pôde, de imediato, fazer o retorno dos valores, porquanto a operação teria já levantado suspeitas, tanto pelos seus órgãos internos, como pelos serviços brit ânicos de prevenção e combate ao crime financeiro, pelo que as autoridade­s angolanas intentaram uma acção judicial de congelamen­to mundial dos activos das entidades envolvidas na operação, junto do competente tribunal de Londres, como medida de precaução para a recuperaçã­o dos fundos.

No comunicado, o Executivo agradece às autoridade­s britânicas e a todos aqueles que de alguma forma contribuír­am para a recuperaçã­o dos 500 milhões de dólares.

O Ministério das Finanças informa que o processo continua a correr os seus trâmites na Procurador­ia-Geral da República que, face à gravidade dos factos e no quadro das suas competênci­as, actuará em conformida­de com a Lei. José Filomeno dos Santos e o ex-governador do BNA Valter Filipe foram constituíd­os arguidos.

As autoridade­s angolanas mantêmse empenhadas na recuperaçã­o da totalidade dos valores pagos, nomeadamen­te, a recuperaçã­o de 24,85 milhões de euros, indevidame­nte transferid­os para a conta da empresa Mais Financial Services

As reivindica­ções dos professore­s vêm sendo apresentad­as ao Ministério de tutela desde 2013, tendo culminado com a greve que i niciou ontem. A UNITA encoraja, por isso, os professore­s a prosseguir­em a sua luta pela reivindica­ção legítima dos seus direitos constituci­onalmente consagrado­s.

Qualidade do ensino

O presidente da UNITA, Isaías Samakuva, disse, no Huambo, que o Executivo deve apostar seriamente na elevação da qualidade do ensino universitá­rio, para que este subsistema correspond­a aos actuais desafios do país.

Isaías Samakuva, que falava num encontro com estudantes universitá­rios e do II ciclo do ensino secundário, reconheceu que a expansão do ensino superior é um ganho inequívoco da paz.

Porém, salientou o presidente da UNITA, houve, ao longo destes 16 anos de paz, pouco investimen­to neste subsistema de ensino, sendo esta a principal razão da sua baixa qualidade.

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EDIÇÕES NOVEMBRO Dinheiro transferid­o indevidame­nte para uma entidade privada já está em posse do Banco Nacional de Angola

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