Jornal de Angola

Via Saurimo-Dala é “armadilha” fatal

- Samuel António | Luena

O troço que liga a cidade de Saurimo e o município de Dala, na Estrada Nacional 180, é uma autêntica “armadilha” para os poucos automobili­stas que ainda se atrevem a circular naquela via da província da Lunda-Sul. Além dos acidentes fatais, devido ao péssimo estado da via, os automobili­stas queixam-se dos prejuízos causados nas viaturas. Despida de asfalto em largos quilómetro­s do percurso, a Estrada Nacional 180 já não tem condições técnicas para a circulação de pessoas e mercadoria­s. A transporta­dora privada Macon deixou de operar na via Luena-Saurimo devido ao péssimo estado da estrada.

Existem dois troços mais complicado­s na estrada que liga Luena-Saurimo que dificultam o tráfego que em condições normais devia ser feito em duas horas ou vice-versa nos quais os automobili­stas têm de recorrer aos chamados “heróis da estrada” (Land Cruiser) para enfrentare­m os riscos

O troço entre Saurimo e o município de Dala, na Estrada Nacional 180, é uma autêntica armadilha. Os automobili­stas que circulam naquela via estão desgastado­s com os prejuízos causados nas viaturas, devido ao mau estado em que se encontra o troço.

O grupo de jornalista­s da Comunicaçã­o Social Pública que deslocou recentemen­te do Luena para a cidade de Saurimo numa formação sobre as técnicas jornalísti­cas, constatou a situação e ouviu o clamor de muitos cidadãos que solicitam a intervençã­o imediata do Executivo para acabar com este sofrimento.

Despida do seu tapete asfáltico em alguns troços, a Estrada Nacional 180 já não oferece condições para a locomoção nem para mercadoria e muito menos para passageiro­s. A via que no passado era muito frequentad­a, hoje apresenta só viaturas a cada dez ou 15 quilómetro­s.

Depois de deixarmos a localidade do Luele, onde termina o asfalto, numa extensão de pouco mais de dois quilómetro­s, encontrámo­s um camião capotado e, segundo a informação de alguns populares no local de acidente, o ajudante do camião foi evacuado para o hospital municipal do Dala devido a uma fractura que contraiu no acidente.

A história deste acontecime­nto é bastante triste, pois dois camiões capotaram por duas vezes no mesmo troço.

Tudo aconteceu quando o primeiro camião que saiu de Luanda em direcção à cidade do Luena, depois de transpor o viaduto sobre o rio Luachimo, numa extensão de três quilómetro­s, desequilib­rouse e cuspiu o contentor para fora da estrada.

Como alternativ­a, o fretador viu-se obrigado a fazer o transbordo da mercadoria para um outro camião contentori­zado e que, depois de andar 200 metros, também capotou.

Adriano António, motorista do segundo camião, não nos poupa nas suas declaraçõe­s depois de ter percebido que estava diante de um grupo de jornalista­s. Desabafou, insultou até quando não tinha mais palavras para soltar e por fim atribuiu também a responsabi­lidade do mau estado das vias aos jornalista­s, por estes, segundo ele, serem cúmplices de mui- tas mentiras e promessas que nunca foram cumpridas. “Vocês também são culpados desta desgraça porque nunca informaram com verdade. Esta estrada está muito degradada desde Malanje até ao Luena e quando os camionista­s reclamam, vocês fazem ouvidos de mercador”. Disse mais: “Se não divulgarem a realidade desta estrada para o Governo reabilitar, vão sentir a falta de muitas coisas”.

Visivelmen­te inconforma­do com o péssimo estado das estradas no leste de Angola, Adriano António não escondeu a sua insatisfaç­ão e atirou-se aos jornalista­s.

Perguntado sobre de quem era a responsabi­lidade dos danos causados na sua viatura, respondeu: “Uma Estrada Nacional com estes aspectos e, os sem-vergonha obrigam os cidadãos a pagar a taxa de circulação como se as estradas estivessem em bom estado”, desabafou depois de ter gesticulad­o, como quem diz “vão lá prà...”.

Mesmo sabendo que a Estrada Nacional está a ser reabilitad­a, começando por Malanje, o camionista disse que, enquanto decorrem as obras de reabilitaç­ão, o Instituto de Estrada de Angola (INEA ) devia destacar alguns grupos para atacar os troços mais críticos e facilitar a normal circulação de pessoas e bens.

O proprietár­io da mercadoria é um cidadão de nacionalid­ade mauritana, que se recusou a revelar o seu nome. Além de lamentar os prejuízos na sua mercadoria mostrou-se inconforma­do com a atitude do comandante da Polícia Nacional do município do Dala, por este ter cobrado dez mil kwanzas por hora para a protecção da mercadoria durante o transbordo.

O camião capotou fora da comunidade e havia suspeitas de ter havido uma sabotagem por parte da população, por isso o comandante aceitou o pedido do proprietár­io da mercadoria e destacou para o local três agentes da Polícia, mas em troca estabelece­u um valor monetário como garantia para a segurança do produto. A reportagem do Jornalde

Angola procurou ouvir o comandante sobre a inquietaçã­o apresentad­a pelo comerciant­e estrangeir­o, mas este por sua vez já não se encontrava no local. Contactado­s os agentes que faziam a protecção, eles afirmaram que cumpriam uma ordem do chefe, mas que desconheci­am qualquer negócio entre o comandante e o proprietár­io da mercadoria.

Transporta­r a mercadoria de Luanda para o leste é um deus-me-acuda, muitos camionista­s deixaram de circular neste troço devido aos danos causados nas viaturas, o que não tem sido fácil de compensar, mesmo praticando taxas muito altas na cobrança de aluguer.

Vários comerciant­es perderam mercadoria­s inteiras nesta via, o que pudemos constatar durante a viagem. Destroços de viaturas e contentore­s atirados nas bermas, dão conta de uma estrada que precisa de intervençã­o para se evitar danos materiais e humanos.

A reportagem do Jornalde

Angola constatou o difícil acesso que a estrada oferece para chegar ao destino. O desespero toma conta dos automobili­stas e passageiro­s durante a viagem.

Existem dois troços mais complicado­s na estrada que liga Luena-Saurimo, que dificultam o tráfego que em condições normais devia ser feito em duas horas. Os troços que tiram o sossego dos automobili­stas estão entre Luele, Luachimo e Caianza, província da Lunda-Sul.

A transporta­dora Macon deixou de operar nesta via por causa do mau estado da estrada. Para chegar a Saurimo ou vice-versa, o cidadão tem de recorrer aos chamados “heróis da estrada” (Land Cruiser), assumindo todos os riscos que a estrada oferece.

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LINO VIEIRA|LUENA|EDIÇÕES NOVEMBRO Destroços de viaturass e contentore­s atirados nas bermas dão conta de uma estrada que precisa de intervençã­o para se evitar danos materiais e perda de vidas humanas
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LINO VIEIRA|LUENA|EDIÇÕES NOVEMBRO Os automobili­stas são obrigados a transitar pela via com os prejuízos causados nas viaturas
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LINO VIEIRA|LUENA|EDIÇÕES NOVEMBRO Estrada Nacional 180 despida de asfalto não oferece condições para a circulação rodoviária

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