CARTAS DOS LEITORES
As nossas igrejas
Sou agnóstico, mas completamente à vontade para com as igrejas e o papel que o Estado angolano reserva para as mesmas. Escrevo estas modestas linhas para relevar a atribuição e função que as igrejas devem ter numa sociedade como a nossa. As igrejas desempenham um papel importante na moralização da sociedade, mobilização dos fiéis para não apenas as causas da fé, mas igualmente as de natureza social. Mas escrevo estas linhas com algum cepticismo ao ver que o comportamento em geral das pessoas nas instituições, comunidades, bairros não reflectem exactamente o lado religioso. Embora grande parte das pessoas reclamem algum tipo de devoção a Deus e alguma confissão religiosa, ainda assim estamos longe de ver esses compromissos reflectidos nas práticas e atitudes diárias, de uma maneira geral. É verdade que existem algumas excepções, mas como a vida não é feita de excepção o que mais me preocupa é, seguramente, o comportamento da maioria. Espero que as autoridades eclesiásticas, de todas as confissões religiosas, incorram mais em "apelos agressivos" no sentido dos seus fiéis viverem efectivamente a palavra que recebem. No fim, insisto que os religiosos devem na sua maioria fazer prova de que não escolheram apenas seguir ou transformar-se em seguidores
Contra a chuva
Sou munícipe de Luanda e escrevo pela primeira vez para o e, como recomenda a praxis, gostaria começar por cumprimentar toda a equipa redactorial. Numa altura em que as chuvas dão o sinal dos seus últimos "gritos" nestas últimas semanas. vale a pena tecer algumas considerações sobre o fenómeno. A minha intenção, com esta modesta carta, é sensibilizar as famílias no sentido de prestarem mais atenção porque, como sabemos, as chuvas de Abril são problemáticas. Elas vêm com muita ventania e chuvas imprevisíveis, razão pela qual urge revermos as chapas das nossas casas. A chuva é obra da natureza e contra ela pouco ou nada podemos fazer. Resta-nos apenas nos adaptarmos aos seus efeitos, antes ou depois, procurando sempre dar prioridade à saúde e integridade dos menores. Para terminar, gostaria endereçar palavras de encorajamento aos funcionários do Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros, que se cansam de desempenhar o seu papel. Espero que os mesmos sejam capazes de continuar a promover uma campanha de sensibilização para que as famílias sejam capazes de optar pela prevenção quando se trata de se proteger contra as intempéries.
Matadouro e inspecção
Sou apreciador de carne, preferencialmente de origem nacional, razão pela qual escrevo para abordar a questão do abate e venda de carne no país, pelo menos ao nível do mercado de Luanda. A carne consumida em Luanda tem origem diversificada, o que é bom, mas precisa de continuar a ser certificada pelas acções de inspecção por parte de autoridades competentes. Com estas palavras não pretendo dizer que haja motivos de preocupações com a carne comercializada nos mais variados locais aqui em Luanda, mas apenas e somente enfatizar a componente segurança alimentar. Numa altura em que se ouvem numerosas estórias de carnes de origem duvidosa, tal como em tempos sucedeu envolvendo cidadãos estrangeiros aqui residentes, vale a pena apertar ao cerco no que a inspecção diz respeito.
Porque não criar um mecanismo por via do qual os matadouros sejam certificados, os animais ou produtos que recebem tenham a certificação de um outro órgão, passos esses que serviriam para garantir segurança nas cozinhas e mesas das famílias angolanas ?
Acho que muito deve ser feito inclusive para que as pessoas sejam aconselhadas a consumir. Na verdade, trata-se de um desafio que transcende às autoriaddes porque, enquanto consumidores devemos ser dos primeiros a desempenhar o papel que se nos espera. Denunciar a prestação de bens e serviços que perigam a saúde dos membros do agregado familiar.