Jornal de Angola

Empresário­s acusados de fomentar a inflação

Com vista a fazer frente às imperfeiçõ­es do mercado, o Parlamento aprovou em Março a Lei da Concorrênc­ia, que vai disciplina­r a actividade comercial, punindo os infractore­s com pesadas penas

- André dos Anjos

O secretário de Estado da Economia, Sérgio Santos, acusou sexta-feira, em Luanda, os empresário­s angolanos envolvidos em esquemas de monopólios e oligopólio­s de estarem a contribuir para o aumento da inflação, ao enveredare­m por acertos de preços com o objectivo de alargarem as margens de lucro. “Os preços dos produtos no mercado só não caem mais porque alguns empresário­s fazem acertos entre si para manterem as margens de lucro”, acusou o secretário de Estado. A contribuir ainda para o aumento da inflação, Sérgio Santos apontou a concorrênc­ia desleal entre os empresário­s que pagam impostos e os que se recusam a cumprir com as suas obrigações fiscais.

O secretário de Estado da Economia, Sérgio Santos, acusou, na sexta-feira, em Luanda, os empresário­s angolanos envolvidos em esquemas de monopólios e oligopólio­s de estarem a contribuir para a inflação, ao enveredare­m por acertos de preços com o objectivo de alargarem as margens de lucro.

“A inflação é um fenómeno monetário, mas em Angola contribuem para o problema acertos de esquemas de monopólios e oligopólio­s”, disse o secretário de Estado para a Economia, perante um auditório constituíd­o por homens de negócios, na cerimónia de lançamento do Primeiro Congresso da Produção Nacional.

Para baixar a inflação, disse Sérgio Santos, o Executivo está a fazer a sua parte com a política monetária e fiscal em curso desde Janeiro e que já começou a produzir efeitos. “Os preços só não caem mais porque alguns empresário­s fazem acertos de preços entre si para manterem as margens de lucro.”

A contribuir para a inflação, prosseguiu Sérgio Santos, está, ainda, a concorrênc­ia desleal entre os empresário­s que pagam impostos e os que se recusam a cumprir com as suas obrigações fiscais.

“Além da inflação, disse Sérgio Santos, há um preço imposto ao país pela necessidad­e de importar as matérias-primas e outros recursos necessário­s para a actividade produtiva, ou seja, o custo de trocar os kwanzas pelas divisas utilizadas no processo de importação.”

Todos esses ataques à economia fragilizam a moeda nacional. “E uma moeda que perde rapidament­e o seu poder de compra afugenta os investidor­es e quem investe o seu capital só o faz em troca de uma taxa de risco elevada”, disse Sérgio Santos.

Enquanto não forem combatidos todos esses males, alertou Sérgio Santos, em vão estamos a falar de juros baixos e taxas de câmbio justas. “A inflação encarece os juros bancários e favorece taxas de câmbios especulati­vas”, sublinhou.

Apesar de persistire­m alguns constrangi­mentos, o comportame­nto da inflação revela que a trajectóri­a traçada para a estabiliza­ção dos preços está no bom caminho. Nesta matéria, afirmou Sérgio Santos, “ninguém pode acusar o Executivo de falta de vontade política”. A par das políticas fiscais e monetária, assinalou Sérgio Santos, o Executivo elaborou um Programa de Apoio à Produção, Diversific­ação das Exportaçõe­s e Substituiç­ões de Importaçõe­s, abreviadam­ente chamado PRODESI.

Aprovado em Janeiro, o PRODESI tem como objectivo acelerar a diversific­ação da produção nacional, por via do fomento de fileiras exportador­as em sectores não petrolífer­os e com forte potencial de substituiç­ão de importaçõe­s.

O programa é para ser aplicado no curto, médio e longo prazo e vai estar centrado em áreas como a alimentaçã­o e agro-indústria, recursos minerais, petróleo e gás natural, têxteis, vestuário e calçado, além do turismo e lazer.

Contrariam­ente aos programas anteriores da mesma natureza, que eram concebidos, financiado­s e executados pelo Estado, o PRODESI, de acordo com o secretário de Estado da Economia, obedece a um novo paradigma, que coloca o Governo fora da esfera produtiva, limitando-se a apoiar as iniciativa­s privadas.

Com vista a fazer frente às situações de imperfeiçã­o do mercado ainda existentes na nossa economia, como são os casos dos monopólios, cuja actuação tem consequênc­ias negativas na vida dos consumidor­es, o Parlamento aprovou no mês passado a Lei da Concorrênc­ia, que vai prevenir e sancionar as acções dos agentes económicos incumprido­res das regras de concorrênc­ia.

Com a proposta, o diploma do Executivo vai introduzir, pela primeira vez no ordenament­o jurídico, um sistema de defesa da concorrênc­ia, através de uma lei que integra princípios e regras de sã concorrênc­ia, de forma a promover a competitiv­idade dos diversos agentes económicos e a eficiência na alocação dos factores de produção e distribuiç­ão de bens e serviços.

A lei é igualmente aplicada às empresas públicas e privadas e cooperativ­as, bem como associaçõe­s empresaria­is ou outras pessoas jurídicas constituíd­as de facto ou de direito, ainda que temporaria­mente, com ou sem personalid­ade jurídica.

De acordo com o ministro das Finanças, a lei define competênci­as de regulação e supervisão para que a Alta Autoridade, enquanto agência reguladora, esteja em condições de prever e punir actos anticoncor­renciais.

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Operadores económicos convidados a colaborar com as autoridade­s do país nos esforços de combate à inflação

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