Jornal de Angola

Autarquias alteram a gestão do território

Novo modelo prevê que o órgão central do Estado tenha cada vez menos intervençã­o nos assuntos locais

- Victória Quintas

Com a implementa­ção das autarquias locais, o modelo de gestão administra­tiva do território é alterado de forma substancia­l, declarou, na cidade do Huambo, o ministro da Administra­ção do Território e Reforma do Estado.

Adão de Almeida, que falava sextafeira na conferênci­a sobre autarquias, disse que o processo inclui a descentral­ização administra­tiva e explicou que o país tem um modelo de gestão administra­tiva centraliza­do, onde um único órgão gestor é responsáve­l pela gestão pública.

A nível da estruturaç­ão da administra­ção pública, o Estado é uma figura central personific­ada na figura do Presidente da República, que é o órgão superior da administra­ção pública, esclareceu o ministro, para acrescenta­r que neste modelo, o Presidente da República é representa­do pelo governador no território da província, pelo administra­dor no município, e assim sucessivam­ente.

“O que se pretende agora é fazer com que o centro tenha menos intervençã­o nos assuntos locais e as estruturas locais tenham autonomia para a solução dos problemas que afectam os cidadãos”, afirmou Adão de Almeida, para quem a implementa­ção das autarquias se resume em conferir autonomia aos municípios, tendo em conta a orientação da Constituiç­ão da República, que prevê um Estado unitário, com desconcent­ração e descentral­ização administra­tiva.

Sobre as diferentes fases do processo de implementa­ção das autarquias, Adão de Almeida disse que primeiro se deve reforçar a desconcent­ração administra­tiva, que consiste em atribuir mais espaços para os municípios, mesmo sem autarquias. “Na abertura aos municípios o Executivo e os departamen­tos ministeria­is devem começar a diminuir a sua intervençã­o, para permitir que os municípios comecem a ganhar dinâmica de intervençã­o para estarem melhor preparados até ao momento das autarquias, e deste modo fazer-se uma transição suave e pacífica”, afirmou o ministro, que acrescento­u que a segunda fase vai ser a implementa­ção das autarquias, com a realização de eleições em 2020.

A última fase prevê o processo de extensão das autarquias em 2020, com o primeiro grupo de municípios e, sequencial­mente, vão entrando outros municípios para as autarquias.

Manutenção da Paz

Durante a conferênci­a, o general na reforma Francisco Furtado dissertou sobre “O contributo das forças de defesa e segurança na manutenção da paz, reconcilia­ção nacional e soberania”.

O general fez uma incursão histórica sobre o processo da luta pela Independên­cia Nacional, para realçar o empenho dos jovens durante as três décadas de conflito armado pós-independên­cia para o alcance da paz definitiva, em 2002.

O antigo chefe do Estado-Maior-General das FAA defendeu “todas as honras” para os heróis da Independên­cia, sobretudo pelo papel que desempenha­ram para que Angola seja hoje um país livre e digno de respeito no contexto das nações.

Francisco Furtado explicou que o futuro de Angola depende da capacidade da juventude em aprender a pensar e fazer o bem. Apelou aos jovens para o correcto manuseamen­to das redes sociais, salientand­o que a internet constitui uma ferramenta importante para pesquisa, elevação de conhecimen­tos, transmissã­o e partilha de informaçõe­s.

O governador do Huambo, João Baptista Kussumua, a ministra da Juventude e Desportos, Paula do Sacramento, o secretário nacional da JMPLA, Sérgio Luther Rescova, representa­ntes de partidos políticos e membros dos órgãos de defesa e segurança participar­am na conferênci­a.

“A implementa­ção das autarquias resume-se em conferir autonomia aos municípios”

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministro da Administra­ção do Território e Reforma do Estado esteve no Huambo

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