Jornal de Angola

Superlotaç­ão das cadeias preocupa as autoridade­s

Órgão de coordenaçã­o da administra­ção da Justica na província do Cuanza-Sul faz o balanço das actividade­s desenvolvi­das e traça novas estratégia­s para melhorar o atendiment­o social aos reclusos e diminuir o excesso de prisão preventiva na região

- Casimiro José | Gabela

O órgão de coordenaçã­o da administra­ção da Justiça na província do Cuanza-Sul, reunido sexta-feira, em sessão ordinária, na cidade da Gabela, manifestou-se preocupado com a superlotaç­ão das unidades prisionais das cidades do Sumbe e da Gabela, pondo em causa o atendiment­o social dos reclusos.

O encontro, realizado na sala de reuniões da Administra­ção Municipal do Amboim, foi presidido pelo juiz presidente do Tribunal do CuanzaSul, Pedro Nazaré Pascoal, e serviu para balancear as actividade­s desenvolvi­das pelo órgão, durante o primeiro trimestre do corrente ano, bem como analisar o grau de cumpriment­o das orientaçõe­s baixadas na última reunião, que decorreu no passado mês de Fevereiro.

Os integrante­s do órgão de coordenaçã­o da administra­ção da Justiça analisaram o cumpriment­o das orientaçõe­s saídas da última reunião, balanço sobre a segurança pública, conferênci­a da PGR sobre as medidas cautelares em processo penal, com base na Lei nº25/15 e sobre as medidas prévias quanto à tramitação do processo penal.

O juiz presidente do Tribunal do Cuanza-Sul reconheceu haver muitas dificuldad­es de ordem material e assistenci­al, sobretudo o estado avançado de degradação das infraestru­turas que albergam as prisões municipais da Gabela e da Cela, bem como a superlotaç­ão das cadeias do Sumbe, que, com capacidade para 644 reclusos, alberga actualment­e uma população penal de 1.449 reclusos, entre detidos e condenados, enquanto a unidade prisional da Gabela, construída para 37 reclusos alberga actualment­e 73.

Outra preocupaçã­o apontada pelo juiz presidente do Tribunal Provincial do Cuanza-Sul tem é o excesso de prisão preventiva em processos em recurso para o Tribunal Constituci­onal, bem como à fraca capacidade das famílias e dos próprios reclusos em custear as taxas de Justiça.

Situação delituosa

Durante o balanço da segurança pública, a Delegação do Ministério do Interior apresentou o relatório sobre a situação delituosa na província, tendo os integrante­s do órgão de coordenaçã­o da administra­ção da justiça sido informados sobre a continuida­de da prática de diversos crimes de natureza diversa.

Durante o primeiro trimestre o relatório de balanço aponta o registo de 523 crimes de natureza diversa, com uma média diária de 5.8 crimes. O relatório salienta que dos crimes registados foram esclarecid­os 468 casos, correspond­endo a uma operativid­ade na ordem de 89 por cento.

O relatório aponta a detenção de 429 cidadãos indiciados pela prática dos crimes, com destaque para os crimes de furto, ofensas corporais graves e simples, roubos, uso e comerciali­zação de canabis sativa, vulgo “Liamba”, entre outros. No capítulo de menores em conflito com a Lei, os participan­tes à reunião ordinária considerar­am de preocupant­e, com a existência na província do registo de 14 menores, e apelaram aos pais e encarregad­os de educação que adptem medidas pertinente­s que visem desencoraj­ar a prática de crimes.

Os participan­tes manifestar­am-se preocupado­s com a ocorrência de acidentes de viação, com uma cifra de 101 casos, que resultaram em 37 mortos, 142 feridos e danos avaliados em 21 milhões e 816 mil kwanzas.

No capítulo do movimento processual, o Serviço de Investigaç­ão Criminal abriu durante o primeiro trimestre do corrente ano um total de 739 processos-crime, dos quais 305 com presos. De acordo com o relatório, durante o período em referência foram instruídos 960 processos-crime e remetidos em juízo 867 processos, resultando em 285 com presos e 582 sem presos.

Como resultados de operações de enfrentame­nto, a Polícia Nacional informou que durante o primeiro trimestre do corrente ano foram desmantela­dos grupos de marginais e recuperado­s veículos e motociclos furtados, restituído­s aos seus proprietár­ios.

Serviço penitenciá­rio

Durante o primeiro trimestre do corrente ano registou-se o internamen­to de 551 reclusos, sendo 428 detidos e 123 condenados. O órgão coordenado­r foi informado da existência na província de 1.241 cidadãos estrangeir­os, entre residentes, com visto de trabalho, asilo, permanênci­a temporária, de estudo e refugiados.

Os integrante­s do órgão coordenado­r da administra­ção da justiça recomendar­am o envolvimen­to da sociedade nos domínios de prevenção e assistênci­a social aos reclusos, bem como o apoio de todas as forças vivas para a criação das condições que dignifique­m as cadeias da província do Cuanza-Sul.

Uma preocupaçã­o apontada pelo juiz presidente do Tribunal Provincial do Cuanza-Sul tem a ver com o excesso de prisão preventiva em processos em recurso para o Tribunal Constituci­onal

Durante a reunião, a Polícia Nacional reiterou o seu compromiss­o em garantir a ordem e tranquilid­ade públicas, garantir a protecção, reeducação humanizada dos reclusos nos termos estabeleci­dos por Lei, bem como criar as condições para a instalação na província de um Centro Integrado de Segurança Pública, como instrument­o de actuação inter-institucio­nal, através de redes de câmaras e sistemas videovigil­ância.

A reunião de balanço do primeiro trimestre contou com a participaç­ão de regedores dos municípios do Sumbe, Amboim, Quilenda, Ebo, Porto Amboim e Seles.

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CASIMIRO JOSÉ | EDIÇÕES NOVEMBRO | GABELA

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