Clássico termina sem golos
1º de Agosto e Petro de Luanda ficam aquém da expectativa criada em torno da partida de destaque da 10ª ronda do Girabola
1º de Agosto e Petro de Luanda empataram ontem, sem golos, no Estádio Nacional 11 de Novembro, no jogo 75 do clássico dos clássicos do futebol angolano, que marcou o destaque da 10ª jornada do Campeonato da I Divisão, Girabola Zap, cuja liderança isolada foi reforçada pelo Interclube, com 22 pontos.
Aguardado com grande expectativa, o reencontro dos dois maiores emblemas do desporto-rei em Angola terminou como começou. Os ataques montados por Zoran Maki, nos militares do Rio Seco, e Roberto Bianchi, nos petrolíferos do Eixo Viário, revelaram-se incapazes de violar as balizas defendidas por Neblu e Gerson.
As amarras tácticas armadas pelos treinadores, durante a semana de preparação, fizeram com que o jogo seguisse agitado, do primeiro ao último minuto, mas sem enfoque na finalização, pois foram escassas a situações de golos criadas no processo ofensivo de ambas as equipas, que privilegiaram o controlo das acções a meio campo.
Diante de um quadro de acentuado desfalque dos tricolores, privados dos préstimos de Job, “capitão” e principal dinamizador do jogo ofensivo, por castigo, do brasileiro Tony, pela mesma razão, e ainda de Wilson, comandante da estrutura defensiva, os “rubros e negros”, ontem sem a presença de Dany Massunguna, entraram obrigados a mandar no desafio.
E conseguiram impor as suas ideias sobre um adversário consciente das limitações, daí a adopção de uma postura mais calculista, primando pela utilização de um bloco médio-baixo, com saídas pontuais para o ataque em contra-golpe. Mas as investidas dos militares foram sempre longe da baliza de Gerson, que, no primeiro tempo, viu Geraldo a desconsertar os colegas, na organização defensiva, só que sem sucesso nas tentativas de assistência para finalização.
Eddie Afonso, o jogador mais esclarecido do Petro de Luanda, conseguiu colocar o sector mais recuado do 1º de Agosto em desassossego, quando deixou Neblu pregado à relva, fora da grande área. Valeu aos pupilos de Maki a recuperação de Bobó, que impediu o golpe certeiro a Tiago Azulão, “matador” neutralizado pelo defensores contrários, com destaque para Yisa, central de apurada qualidade.
Antes, Azulão cruzou com objectividade para a entrada de Francis, estorvado por Neblu, que fez a leitura correcta do lance. Até ao soar do apito do árbitro Rodrigues Aleixo, para o intervalo, os bicampeões nacionais revelavam falta de profundidade nas suas acções pelos flancos, invariavelmente conduzidas por Geraldo.
Mudança de atitude
O segundo tempo trouxe um 1º de Agosto diferente. A mudança do centro do jogo para o corredor central, sobretudo depois da entrada de Bua, exigiu do Petro maior entrega na defesa dos caminhos com destino à sua baliza, tarefa facilitada pela falta de poder de remate à meia-distância, apenas tentada minutos antes por Fofó, que viu Gerson fazer uma defesa apertada, com o braço invertido.
A presença militar no terço defensivo dos petrolíferos limitou as acções numa parte do campo, porém sem o discernimento necessário para que a partida registasse pelo menos um golo, porque na resposta, em contra-ataque, com o alçar da bola, de modo a apanhar em contra pé a defesa contrária, os avançados eram anulados com certa facilidade.
No seu registo habitual, Bianchi chamou a si o protagonismo e acabou por receber ordem de expulsão do árbitro Rodrigues Aleixo, alegadamente por dirigir palavras injuriosas ao assistente Júlio Lemos, por discordar de uma infracção assinalada à sua equipa.
O empate sem golos acabou por ir ao encontro das despesas ofensivas das duas equipas, que, à semelhança do clássico da primeira volta do Girabola do ano passado, produziram pouco futebol para brindar o público que quase ocupou metade do estádio, com pelo menos um golo. Deste modo, apesar dos desafios em atraso, os dois colossos, principais candidatos à conquista do título, vêem os polícias criar conforto na primeira posição.