Síria anuncia destruição de 71 dos 105 mísseis norte-americanos
Bombardeamento dos Estados Unidos com ajuda da França e Reino Unido sem grandes danos, afirma Moscovo
O Exército russo afirmou ontem que a defesa anti-aérea síria conseguiu interceptar 71 dos 103 mísseis de cruzeiro lançados na madrugada de sábado contra instalações do Governo de Damasco pelos Estados Unidos da América (EUA) e aliados.
“Isto testemunha a grande eficácia destes sistemas (antiaéreos) e a excelente formação do pessoal militar sírio formado pelos nossos especialistas”, declarou o general russo Serguei Rudskoi, em conferência de imprensa, após o ataque aéreo lançado contra Damasco devido ao alegado uso de armas químicas em Douma.
O general Serguei Rudskoi confirmou que os bombardeamentos dos EUA e aliados da França e Reino Unido não causaram “qualquer vítima” civil ou militar.
“De acordo com informações preliminares, não se registou qualquer vítima entre a população civil ou entre as Forças Armadas sírias”, declarou.
De acordo com as Forças Armadas russas, 103 mísseis de cruzeiro foram disparados pelos EUA, França e Reino Unido, incluindo foguetes Tomahawk, e 71 foram interceptados pela defesa antiaérea síria, equipada com sistemas de concepção russa.
O Exército sírio possui sistemas S-125, S-200, Bouk, Kvadrat e Ossa. “Em ano e meio, a Rússia restabeleceu totalmente os sistemas de defesa anti-aérea da Síria e continua a fazer melhorias”, acrescentou o general russo.
Tendo em conta os ataques, o Governo de Moscovo está já a estudar a possibilidade de fornecer sistemas antiaéreos S-300 à Síria e a outros países, indicou.
O porta-voz do Comando Geral do Exército sírio, Ali Maihub, afirmou que os EUA, a França e o Reino Unido lançaram 110 mísseis e garantiu que as forças de defesa antiaérea destruíram “a maioria” dessas armas.
“A agressão tripartida foi perpetrada às 3h55 locais (1h55 em Angola) contra objectivos sírios em Damasco e fora” da capital síria, afirmou.
A mesma fonte acrescentou que outros mísseis não foram interceptados e atingiram um centro de investigação, no qual se encontra um laboratório científico e um centro educativo, só tendo sido registados danos materiais.
De acordo com o Exército russo, os aeródromos das forças sírias não registaram danos significativos na sequência dos ataques ocidentais, mas as “instalações alegadamente ligadas ao dito programa químico de Damasco foram parcialmente destruídas”.
Estes edifícios “não são usados há muito tempo e não estava nada no interior, nem pessoal, nem material”, precisou Serguei Rudskoi.
“Consideramos que estes bombardeamentos não são uma resposta a um imaginário ataque químico, mas uma reacção ao êxito das forças sírias na libertação do seu território do terrorismo internacional”, disse.
Os EUA, a França e o Reino Unido realizaram na madrugada de ontem uma série de ataques com mísseis contra alvos alegadamente associados à produção de armamento químico na Síria, em resposta a um suposto ataque com armas químicas na cidade de Douma, Ghuta Oriental, por parte do Governo do Presidente Bashar al-Assad.
A ofensiva consistiu em três ataques, com uma centena de mísseis, contra alegadas instalações utilizadas para produzir e armazenar armas químicas, informou o Pentágono, Ministério da Defesa dos EUA.
O Presidente dos EUA, Donald Trump, justificou o ataque como uma resposta à “acção monstruosa” realizada pelas forças de Damasco contra a oposição e prometeu que a operação irá durar “o tempo que for necessário”.
Al-Assad mais determinado
Entretanto, o Presidente Bashar al-Assad, garantiu estar mais determinado do que nunca em “lutar contra o terrorismo” na Síria, após bombardeamentos dos EUA, França e Reino Unido contra instalações das suas forças armadas, em represália pelo recente ataque químico contra a cidade de Douma.
“Esta agressão não faz mais do que reforçar a determinação da Síria em continuar a lutar e esmagar o terrorismo, em cada parcela do seu território”, assegurou ontem Bashar al-Assad durante uma conversa telefónica com o seu homólogo iraniano, Hassan Rohani, citado pela Presidência síria.
A Rússia anunciou que vai pedir uma reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU para discutir os ataques ocidentais contra alvos na Síria.
“A Rússia convocou uma reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU para discutir as acções agressivas dos Estados Unidos e seus aliados”, refere em comunicado o Governo de Moscovo.
Donald Trump afirma que ataque é “uma resposta à acção monstruosa” realizada pelas forças de Damasco contra civis e promete continuar a operação “o tempo que for necessário”