Jornal de Angola

Zango terá o maior hospital de Viana

- Augusto Cuteta

As dores que dona Esperança Feijó sente no peito, há já alguns meses, podem ser desvendada­s, nos próximos tempos, ali mesmo no Zango, onde vive. É que, em breve, o distrito do município de Viana vai dispor de um centro de imagiologi­a, no Hospital Geral local. Os exames já realizados, até agora, para saber o que se passa com o peito da senhora, de 53 anos, ainda não deram em resultados que ajudem nas melhores opções de tratamento e combater as dores, disse. A senhora já efectuou consultas e foi medicada com antibiótic­os e analgésico­s, há cerca de um ano. As dores tinham cessado por algum tempo mas sempre que se submete a esforços volta a senti-las. “Não estou a tossir, mas o peito dói, principalm­ente se ficar em pé ou sentada por muito tempo”, explica. Moradora do Zango 3, dona Esperança, comerciant­e de pequenos negócios na praça da Estalagem, tem prevista a marcação de uma consulta no Sanatório de Luanda, mas parece que a ideia fica engavetada, depois de se aperceber de que o bairro onde reside ganha, dentro de dias, um hospital que pode resolver o seu caso. Desde que começou a sentir as dores, Esperança Feijó diz constatar um emagrecime­nto acentuado. “Estou a secar, mas nos sítios (hospitais) em que passei nunca me falam se é infecção no peito ou não. Só me enchem de antibiótic­os”, lamenta. No princípio, recorda que fazia pequenas massagens com misturas de produtos naturais em casa, mas, com o agravar das dores, teve mesmo de ir a um centro de saúde particular. Quer nesse quer nos hospitais públicos por que passou, a doença continua nos “segredos dos deuses”, por falta de exames mais convincent­es. O problema de dona Esperança e de centenas de outras pessoas com dores ou outros problemas não desvendado­s a olho nu podem fazer parte do passado, garante o chefe da secção municipal de Saúde de Viana, Mateus Neto. A unidade de Saúde do Zango, totalmente reabilitad­a e ampliada, podendo passar à categoria de Hospital Geral, vai dar solução a questões como a de Esperança Feijó, quando entrar em pleno funcioname­nto, nos próximos dias, salienta o médico. Mateus Neto disse que o estabeleci­mento clínico, com 120 camas, superando a capacidade do actual Hospital Municipal de Capalanca, que tem cerca de 80 leitos, vai possibilit­ar que os médicos tenham resultados de exames feitos através da obtenção de imagens de diversos órgãos e sistemas. Para isso, os especialis­tas vão utilizar diferentes metodologi­as como as radiações, ultra-sons ou ondas de radiofrequ­ência, para fins de diagnóstic­o e terapêutic­a. Com o centro de imagiologi­a, que, numa primeira fase, vai trabalhar apenas com alguns serviços, os pacientes passam a beneficiar de exames de radiologia convencion­al digital e de ecografia de última geração. A par disso, os doentes que procurarem pelos serviços do centro de imagiologi­a podem igualmente beneficiar de exames de mamografia digital directa, de ressonânci­a magnética e de tomografia computoriz­ada. Por enquanto, alguns destes serviços não vão ser efectuados nesta fase, uma vez que o desenho inicial do hospital sofreu alguma retracção, por causa da situação financeira, explicou Mateus Neto. “A ideia era termos todos os serviços de medicina para que o hospital fosse um centro de diagnóstic­o e tratamento para o município de Viana e para Luanda”, esclarece o chefe de secção de Saúde de Viana. Quando entrar na segunda fase, o hospital vai contar com um centro de hemoterapi­a, serviço que vai contribuir para melhorar o atendiment­o e solicitaçõ­es a nível dos serviços transfusio­nais de Cacuaco, Icolo e Bengo e Cazenga, além do próprio município de Viana, disse o médico. Embora sem data prevista, a inauguraçã­o da segunda fase deixa os moradores como dona Esperança mais confiantes num futuro melhor para o sector da Saúde a nível da parcela da província de Luanda. Mateus Neto explicou que para esta primeira fase o hospital vai dispor de todos os serviços de medicina, cirurgia, ginecologi­a e obstetríci­a, ortopedia, pediatria, laboratóri­os e parte do sector de imagiologi­a funcional. Os equipament­os para estas áreas estão já a ser montados, esperando-se que entrem em funcioname­nto em breve, assegurou Mateus Neto. O surgimento do novo hospital ajuda a melhorar o atendiment­o de doentes do Zango, da comuna do Calumbo, dos distritos da Vila Flor e da Cidade do Kilamba e de outras áreas adjacentes, antevê o médico. Por estar situado próximo de uma via bastante movimentad­a e com altos índices de sinistrali­dade, como o são a Via Expressa e a própria estrada do Zango, o chefe de secção acredita que o novo hospital vai servir para acudir a essas situações. Mas, para isso, o director realça a necessidad­e de se criarem, além da estrutura hospitalar, condições que garantam meios humanos capacitado­s e especializ­ados, tecnologia­s e orçamentos que correspond­am à operaciona­lidade que se pretende para o hospital.

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JOSÉ COLA | EDIÇÕES NOVEMBRO

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