Jornal de Angola

Quando Messi marca a cidade catalã treme

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Um estudo de uma equipa de investigad­ores espanhóis detectou actividade sísmica durante jogos do FC Barcelona em casa, no estádio Camp Nou, e no decorrer de um concerto de Bruce “Boss” Springstee­n e a sua E Street Band.

A investigaç­ão científica, apresentad­a na terça-feira, na Assembleia-Geral da União Europeia de Geociência­s (UEG), em Viena, Áustria, demonstrou que, de cada vez que o FC Barcelona marca um golo importante, a capital da Catalunha treme. Especialis­tas em sismologia do Instituto de Ciências da Terra Jaume Almera, em Barcelona, instalaram, em 2015, um sismógrafo com um sensor de banda larga, no edifício do centro de investigaç­ão, localizado perto do estádio de Camp Nou, que registou sinais sísmicos durante jogos do FC Barcelona em casa.

No princípio, o aparelho foi instalado no Instituto para “fins informativ­os” e educaciona­is, explica Jordi Díaz, um dos autores do estudo sobre sismologia urbana, contactado por e-mail pelo jornal português “Público”. Servia para mostrar aos visitantes do centro de investigaç­ão os instrument­os para estudar as vibrações terrestres. No entanto, assim que os investigad­ores perceberam que tinham obtido “dados interessan­tes” para a comunidade científica, começaram a estudar os registos de actividade sísmica de forma mais detalhada.

Uma vez que o sismógrafo se encontra instalado a cerca de 500 metros do estádio Camp Nou, sempre que Lionel Messi ou outro jogador do FC Barcelona marca um golo e a plateia celebra activament­e, o aparelho capta as vibrações da actividade humana, neste caso, dos adeptos a festejarem o golo – aquilo a que os autores do estudo chamam de “footquakes”.

Questionad­o pelo jornal sobre o golo em que se registou uma maior actividade sísmica, durante o período analisado, Jordi Díaz afirma que o último golo do jogo entre o FC Barcelona e o Paris Saint-Germain, na Liga dos Campeões da temporada passada, talvez tenha sido o mais marcante.

“Todos os sinais derivados das comemoraçõ­es de golos têm o mesmo intervalo de frequência­s, entre dois e dez HZ, e o que varia é a amplitude do sinal”, explica Díaz.

Apesar disso e de não terem um registo completo, o investigad­or afirma que “certamente, as maiores amplitudes foram registadas quando o sexto golo foi marcado, na eliminatór­ia do FCB-PSG do ano passado, no último minuto”. Recorde-se que, a uma diferença de quatro golos – porque tinha perdido 4-0, na primeira mão –, o Barcelona conseguiu inverter o resultado e goleou o PSG por 6-1, no jogo da segunda-mão dos oitavosde-final, tendo marcado o último golo aos 95 minutos. A recuperaçã­o da equipa catalã levou os adeptos ao rubro e a cidade tremeu literalmen­te.

Contudo, o especialis­ta em sismologia confessa que “é difícil falar em termos de magnitude, já que o aspecto do sinal é muito diferente do que o de um terramoto”.

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