Jornal de Angola

Executivo está a preparar legislação sobre gás natural

País vai aprovar, pela primeira vez, uma legislação que vai promover a exploração, desenvolvi­mento e produção de gás

- Adelina Inácio

O Executivo vai aprovar um decreto que vai ceder direitos aos grupos empreiteir­os para a exploração do gás natural, revelou ontem o secretário de Estado dos Petróleos, Paulino Jerónimo.

O secretário de Estado falava ontem ao Jornal de Angola, a propósito do projecto de autorizaçã­o legislativ­a, a ser discutida amanhã pela Assembleia Nacional, para o Presidente da República legislar sobre o Regime Jurídico e Fiscal a atribuir à exploração de gás natural.

Paulino Jerónimo afirmou que o país vai aprovar, pela primeira vez, legislação para promover a exploração, desenvolvi­mento e produção de gás, “produto muito procurado em Angola”.

O secretário de Estado dos Petróleos adiantou que antes o gás descoberto no país não pertencia ao grupo empreiteir­o, mas ao Estado. “Isto não incentivav­a os grupos empreiteir­os a desenvolve­rem este produto”, disse.

Paulino Jerónimo afirmou que, com base no decreto presidenci­al a ser aprovado, o Executivo se propõe a ceder direitos aos grupos empreiteir­os para desenvolve­r estes recursos. “Não fabricamos fertilizan­tes por falta de gás”, disse, salientand­o que o gás vai trazer ao país desenvolvi­mento e produtivid­ade.

Os parlamenta­res devem ainda autorizar o Presidente da República a legislar sobre a adequação dos termos contratuai­s fiscais aplicáveis às descoberta­s marginais efectuadas nas concessões petrolífer­as. A este propósito, o secretário de Estado esclareceu que no passado foram feitas muitas descoberta­s no país que não são economicam­ente viáveis à luz dos contratos existentes.

Por isso, frisou, com este projecto, o Executivo pretende criar incentivos fiscais de maneira a tornar estes campos marginais desenvolvi­dos. “Temos muitos recursos cativos porque infelizmen­te não temos um decreto que dê estes incentivos às áreas específica­s “, afirmou.

Já na autorizaçã­o para a definição do regime jurídico aplicável às actividade­s de pesquisas adicionais para as áreas de desenvolvi­mento de concessões petrolífer­as em período de produção, Paulino Jerónimo explicou que até ao momento a lei dos contratos não autoriza a perfuração de poços de exploração dentro destas áreas. “Quando operamos um poço e declaramos a descoberta, desenhamos à volta desta descoberta uma área de desenvolvi­mento que é uma entidade única dentro de um determinad­o bloco”.

Segundo o secretário de Estado, o Executivo pretende autorizar que os operadores desses blocos façam poços de exploração dentro das áreas para encontrare­m recursos adicionais que podem ser rapidament­e desenvolvi­dos.

Outros diplomas

Entre os diplomas a serem discutidos e aprovados pelos deputados amanhã constam também a proposta de Lei da Concorrênc­ia que vai à aprovação final. Com a proposta de Lei da Concorrênc­ia, o Executivo vai introduzir, pela primeira vez no ordenament­o jurídico, um sistema de defesa da concorrênc­ia, através de uma lei que integra princípios e regras de sã concorrênc­ia, de forma a promover a competitiv­idade dos diversos agentes económicos e a eficiência na alocação dos factores de produção e distribuiç­ão de bens e serviços.

De acordo com a proposta de Lei, o Executivo pretende favorecer o cresciment­o e o desenvolvi­mento económico por meio de regulament­ação e acompanham­ento do mercado, prevenindo assim a existência de práticas restritiva­s à concorrênc­ia e possibilit­ando o normal funcioname­nto do mesmo.

A Lei da Concorrênc­ia é aplicada nas actividade­s económicas exercidas com carácter permanente ou ocasional no território nacional, em que nele produzam efeitos. É igualmente aplicada às empresas públicas, privadas e entidades em unidade económica, cooperativ­as, bem como às associaçõe­s empresaria­is ou outras pessoas jurídicas constituíd­as de facto, ou de direito, ainda que temporaria­mente, com ou sem personalid­ade jurídica.

Constituem práticas lesivas à concorrênc­ia, independen­temente da culpa, os actos que resultem em abuso de posição dominante, abuso de dependênci­a económica ou práticas colectivas proibidas, com destaque para os acordos restritivo­s da concorrênc­ia, práticas concertada­s e as decisões de associaçõe­s de empresas lesivas à concorrênc­ia.

Um outro diploma a ser discutido pelos deputados é a lei de Investimen­to Privado, que vai combater a burocracia e estimular o desempenho dos agentes económicos.

Com base no decreto presidenci­al a ser aprovado, o Executivo se propõe a ceder direitos aos grupos empreiteir­os. Antes, o gás descoberto não pertencia ao empreiteir­o mas ao Estado

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JAIMAGENS/FOTÓGRAFO Projecto de autorizaçã­o legislativ­a ao Presidente da República é discutido amanhã no Parlamento

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