DESDE QUANDO A VACINA É PARA POBRES?
O mês de Abril é fértil em efemérides relacionadas com a saúde. No referido mês, por sinal o corrente, celebra-se o dia mundial da saúde, (07); o dia mundial da voz (16); o dia africano para a redução da malária (25) e o dia mundial da segurança e saúde no trabalho (28).
Em relação ao dia mundial da saúde, instituído pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1948, a cada ano a organização escolhe um tema central para ser debatido, o qual passa a ser uma prioridade na agenda internacional da OMS.
Para o ano corrente, o tema é "Saúde para todos", que resume o objectivo da Organização Mundial da Saúde, ao longo da sua existência, já lá vão 70 anos.
O Dia Mundial da Saúde é uma oportunidade única de alertar a sociedade civil para temas considerados chaves na área da saúde que afectam a humanidade, além de desenvolver actividades com vista à promoção do bem-estar das populações, tal como a promoção de hábitos de vida saudáveis.
Em relação a doença da voz, cuja celebração da data tem por objectivo alertar para a importância e os cuidados necessários para a preservar, o número de casos vão aumentando paulatinamente, ante o desleixo de muitos cidadãos que a consideram patologia de grau inferior.
Pedagogicamente convém referir que, no Dia Mundial da Voz, centros hospitalares e associações promovem rastreios gratuitos e alertam a população para os cuidados a ter com a voz, prevenindo eventuais problemas na voz, através do diagnóstico precoce.
Dentre os sinais de alerta a ter em conta, constam as alterações na voz, tosse frequente, alterações no timbre da voz ou dificuldade em colocar a voz, pigarreia ou rouquidão com frequência.
Recomenda-se estar atento à voz e identificar possíveis sinais de alarme, pois as alterações na voz podem ser sinal de doenças como cancro da laringe, paralisia das cordas vocais, laringite crónica, entre outras.
Em concordância com a linha de orientação da OMS, o Executivo angolano empreende todo um conjunto de esforços que visam dotar os cidadãos do que de melhor há em termos de saúde, principalmente as crianças, por via do cumprimento do calendário de vacinação pré estabelecido e outras campanhas pontualmente levadas à cabo pelas instâncias de direito, a exemplo da que está a ser levada à cabo em todo o país, nos últimos dias.
Bom seria que a campanha que visa imunizar triplamente a pólio, o sarampo e a rubéola tivesse um profundo grau de envolvimento de toda a sociedade, porquanto a prevenção é dos vectores fundamentais para a segurança e saúde públicas, isentando o Estado de esforços suplementares em situações em que é chamado à agir em acto de tratamento, que é sempre mais oneroso, carregando consigo eventuais riscos de perda de vidas humanas, o que é sempre doloroso.
Dados estatísticos apontam que o ganho económico para África chegaria rapidamente à uma dezena de biliões de dólares por ano, com a redução directa dos gastos para o tratamento da doença, aumentando assim o crescimento económico da região.
Entretanto, relatos que vão surgindo um pouco por todo o lado, apontam para a existência de acções contrárias ao sucesso que espera-se associado às campanhas de vacinação, que podem ser entendidas como um bem em prol da sanidade das crianças e, por conseguinte, da sociedade, no geral.
À guisa de exemplo, não pode ser acolhido com nenhum tipo de entusiasmo, actos como o protagonizado por uma médica pediatra à quem é imputada a responsabilidade em não permitir que um grupo de vacinadores imunizasse as crianças de uma creche, no Condomínio Cajueiro, Município de Talatona, pois, segundo ela, “a campanha é para pobres”.
Apesar da pronta reacção da Delegação Provincial da Saúde de Luanda, na pessoa da Felismina Neto, somos de opinião que a questão que faz o título esta reflexão é oportuna, ou seja. Quando é que a vacina é para pobres?
Alguém deve recordar à tal médica, que as vacinas, para além de ser um direito que assiste às crianças, elas não têm raça, nem status social.
Aliás, deve ficar claro que residir ou estudar em condomínio, seja lá qual for as condições de habitabilidade, não é razão suficiente para isentar quem quer que seja da eventualidade de contrair determinada doença, sobretudo as crianças, consideradas vulneráveis à determinadas doenças.
Todavia, salvaguardando a presunção da inocência, não ficaria nada mal se, sobre o assunto, a Ordem dos Médicos Angolanos se fizesse ouvir, e quiçá, a título preventivo, caçasse a carteira profissional da referida médica, por tão nefasto pronunciamento.