Crise dificulta África a aceder ao mercado
O director-adjunto de estudos económicos do Fundo Monetário Internacional (FMI) avisou ontem que as ramificações de uma guerra comercial entre os Estados Unidos e a China podem dificultar o acesso dos países africanos aos mercados financeiros.
“Ainda é demasiado cedo para aferir as implicações em África de uma eventual guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, mas, apesar de o efeito directo ser muito limitado, há a questão de como os mercados financeiros lidam com este tema e isso pode afectar o acesso aos mercados financeiros e ser um desafio para os países que pretendem recorrer aos mercados”, disse Malhar Nabar.
Na conferência de imprensa que decorreu ontem em Washington, Malhar Nabar comentou as previsões de crescimento para a África subsaariana, que se mantêm em 3,4 por cento para este ano e 3,7 por cento para 2019, considerando que “as condições financeiras acomodatícias beneficiam o acesso a mercados financeiros para países como a Costa do Marfim ou o Senegal”.
No entanto, acrescentou, subsistem grandes desafios, “principalmente para os países exportadores de matérias-primas, que precisam de diversificar as suas economias para outros sectores e implementar políticas que encorajem o crescimento e diminuam as restrições que existem”. O FMI estimou ontem que a economia mundial cresça 3,9 por cento este ano, melhorando uma décima face aos 3,8 por cento de crescimento de 2017, ano que registou o maior crescimento desde 2011.
“O crescimento mundial fortaleceu-se em 2017 para 3,8 por cento com uma recuperação notável do comércio mundial e foi liderado pela recuperação do investimento nas economias avançadas, pela manutenção do crescimento forte na Ásia, uma notável aceleração na Europa emergente, e sinais de recuperação em vários exportadores de matérias-primas”, lê-se nas Previsões Económicas Mundiais.
No documento lê-se que “o crescimento mundial deve aumentar 3,9 por cento este ano e no próximo, apoiado por um fôlego forte, pelo sentimento favorável nos mercados, pelas condições financeiras acomodatícias e pelas repercussões internas e externas da política orçamental expansionista dos Estados Unidos”.