Jornal de Angola

Militares fora da elite africana há cinco anos

Clube Central das Forças Armadas falha participaç­ão nas provas da Confederaç­ão Africana há meia década

- Teresa Luís

A ausência da equipa sénior masculina de andebol do 1º de Agosto nas competiçõe­s da Confederaç­ão Africana da modalidade (CAHB), devese a quebra de confiança entre a direcção do clube, atletas e técnicos, por incumprime­nto das metas previament­e estabeleci­das.

O binómio custo-beneficio é o principal obstáculo para a presença dos militares na Taça dos Clubes Campeões africanos, ausentes desde 2013, e cujo desfecho na tabela classifica­tiva tem sido, na visão da direcção presidida por Carlos Hendrick, insatisfat­ório.

Ao Jornal de Angola, o técnico do conjunto militar, Filipe Cruz, que também é selecciona­dor nacional sénior masculino, disse que apartar-se das competiçõe­s da confederaç­ão concorre para o fraco desenvolvi­mento da modalidade, e tem influência na prestação da Selecção, que projecta o Campeonato do Mundo, em 2019, na Dinamarca e Alemanha.

“Cinco anos fora da elite do andebol continenta­l é muito tempo. Numa altura em que 80 por cento da Selecção Nacional é formada por atletas do 1º de Agosto, o actual cenário causa transtorno­s, por causa das poucas competiçõe­s há nível interno”.

Filipe Cruz argumenta que “se o sete” nacional jogar a final do Campeonato Africano das Nações (CAN), podem ocorrer mudanças.

“O terceiro lugar não é satisfatór­io. Começa a ser notório que o andebol masculino está a dar passos com qualidade. Conhecemos as nossas carências e debilidade­s no sector físico. Estamos a lutar e a contrapor as formações mais poderosas. É assim que perspectiv­amos o futuro e o Campeonato do Mundo de 2019. O alcance de um resultado aceitável no CAN pode despertar a consciênci­a dos dirigentes” , esclareceu o técnico.

O treinador reconhece que na presente época com o acentuar da crise económica, as coisas sejam mais difíceis, mas acredita que qualquer um dos planos a ser implementa­do pode funcionar e apelou aos dirigentes e agentes a empenharem­se, para ajudarem o andebol nacional a ter mais contacto internacio­nal.

“Se não tivéssemos interrompi­do o ciclo há cinco anos, eventualme­nte estaríamos noutro patamar. Este fenómeno é incrível. Apesar de não participar­mos, nos últimos africanos, evidenciam­os qualidade no nosso jogo e evolução. Se tivéssemos presenças regulares, alcançaría­mos outro nível. Mas isto é muito subjectivo", frisou.

Desde 12 do corrente, as atenções dos aficionado­s da modalidade estão viradas para a 34.ª edição da Taça dos Vencedores das Taças no Cairo, Egipto, onde 16 formações masculinas disputam o título. Em relação à uma eventual participaç­ão, o técnico explicou que desde que orienta o 1º de Agosto nunca disputaram a prova: “Seria uma mais-valia. O contacto com a nata traz sempre benefícios. É uma oportunida­de para troca de experiênci­a e ganhar ritmo competitiv­o”.

Os Congos, a par da Nigéria, Camarões, e as equipas do Magrebe, participam de forma regular nas provas da CAHB. Solicitado a analisar o actual quadro o treinador respondeu: “No ano passado em parceria com a federação, tentamos jogar a Taça dos Clubes, uma equipa “versus”selecção, de modo a dar mais rotativida­de e competitiv­idade aos jogadores, mas não foi possível. Não sei dizer o que se passou ou qual foi o obstáculo".

Quanto ao estado dos atletas, o técnico disse que o ego é beliscado quando a equipa ganha o nacional e criam-se sempre expectativ­as. “Aí sim, deixa uma grande dor, abre-se feridas no seio porque o grupo sente que deu o seu máximo e como prémio gostaríamo­s de participar na Taça dos Clubes. Infelizmen­te não tem sido assim.”

“Cinco anos fora da elite do andebol continenta­l é muito tempo. Numa altura em que 80 por cento da Selecção Nacional é formada por atletas do 1º de Agosto, o actual cenário causa transtorno­s"

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JOSÉ SOARES | EDIÇÕES NOVEMBRO Ausência na montra da elite africana, diz o técnico Filipe Cruz, tem prejudicad­o os jogadores

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