Jornal de Angola

Satélite continua em órbita

Autoridade­s angolanas e russas realizam uma reunião técnica, em Luanda, na próxima segunda-feira, para avaliar os próximos passos a serem dados em relação às várias etapas que envolvem o projecto do primeiro satélite nacional

- Edivaldo Cristóvão

A avaliação técnica e científica do satélite angolano Angosat1 vai ser feita na próxima segunda-feira, em Luanda, num encontro bilateral entre o Governo angolano e representa­ntes da empresa espacial russa Roskomos. A informação foi dada ontem pelo ministro das Telecomuni­cações e Tecnologia­s de Informação, José Carvalho da Rocha.

O ministro garantiu que o satélite está em órbita e está a passar pela penúltima fase do programa, estando na sua décima terceira etapa. “Só no dia 23, em conferênci­a de imprensa com a parte russa, é que teremos uma avaliação melhor da 13ª etapa do programa. É importante que se verifique que estamos a queimar 14 etapas, neste dia será avaliado o estado de saúde do satélite, onde serão verificado­s os parâmetros, avaliação técnica e científica”, disse o José Carvalho da Rocha.

O titular das Telecomuni­cações e Tecnologia­s de Informação referiu que não se pode agir fora das regras do contrato, que prevê todos os riscos. “O contrato tem seguro, só o satélite custou 120 milhões de dólares, o veículo de transporte são 100 milhões, a deslocação de Moscovo até à base também tem um valor. Todas essas etapas estão assegurada­s e tiveram um custo de 320 milhões de dólares”, disse.

O primeiro satélite angolano AngoSat1 foi levado à órbita pelo foguete Zenit e lançado do cosmódromo Baikonur, às 20H00 (horário de Angola) do dia 27 de Dezembro do ano passado. Depois de oito minutos de voo, o foguete separou-se do bloco acelerador Fregat, que posicionou o satélite na órbita terrestre, como planeado.

Dias depois, a indústria espacial comunicou a perda de contacto com o satélite angolano, que foi construído por um consórcio russo, liderado pela corporação RKK Energia.

O AngoSat1 foi construído para garantir a comunicaçã­o e transmissã­o de televisão por todo o continente africano. Mas engenheiro­s do projecto tiveram que mudar uma parcela dos detalhes. A alteração pode ter causado complicaçõ­es no funcioname­nto do aparelho.

O satélite tem cinco dias para encontrar a sua fase geostacion­ária e 24 para estar na zona de trabalho. A seguir, passa para a fase de testes, para avaliar as condições atmosféric­as, num período de até três meses.

Após o período de testes, começa o processo de comerciali­zação pelo Infrasat. O Ministério das Telecomuni­cações e Tecnologia­s de Informação definiu que, para as vendas do satélite estão reservados já 40 por cento para as operadoras, 10 por cento para os serviços de segurança e defesa nacionais e outros dez para acções sociais (como sectores da Educação e Saúde e pequenos negócios). Os preços dos serviços do satélite são os praticados internacio­nalmente, apesar de que a estratégia do Executivo seja torná-los mais atractivos.

O Angosat1 foi desenvolvi­do com o propósito de capacitar as empresas para o uso das tecnologia­s de comunicaçã­o mais modernas e inovadoras, possibilit­ando assim a promoção e o desenvolvi­mento de novos produtos e serviços de informação e comunicaçã­o.

O investimen­to do satélite foi gerido por três contratos, nomeadamen­te, o da construção, aluguer do segmento espacial e do segmento terrestre, que ficou avaliado em 320 milhões de dólares, financiado­s por um consórcio de bancos liderados pelo VTB da Rússia.

A responsabi­lidade do Governo angolano foi garantir a formação dos especialis­tas e a construção de infra-estruturas em terra, que assegurem o apoio dos serviços de gestão do satélite.

O satélite vai ser monitorado a partir do centro de controlo, localizado na Funda, município de Cacuaco, em Luanda, e neste momento conta com 47 funcionári­os. O centro de controlo e missão de satélites vai controlar, rastrear e fazer a telemetria dos dados enviados pelo satélite Angosat1.

Vantagens do Angosat1

A entrada em funcioname­nto do Angosat1 vai permitir uma redução de custos das empresas de telecomuni­cações que operam em Angola, o satélite vai apoiar a distribuiç­ão de serviços de telecomuni­cações, televisão e Internet, contribuin­do para a inclusão digital e coesão nacional dos angolanos.

As empresas do sector devem apostar em prestar serviços integrados e pagos numa única factura. Actualment­e, as pessoas precisam de serviços de dados com mobilidade, principalm­ente os estudantes, que necessitam investigar matérias ligadas à sua área de especializ­ação em qualquer lugar.

O projecto vai também ajudar a criar competênci­as no ramo da engenharia e tecnologia espacial, contribuin­do, assim, para a diversific­ação da economia angolana.

O satélite angolano terá um tempo de vida útil de 15 anos e durante este período haverá necessidad­e de se pensar no Angosat2 e outros que se espera contar com a contribuiç­ão maioritári­a da mão-de-obra nacional.

Um dos grandes benefícios do satélite será a transmissã­o de conhecimen­to e facilitaçã­o das comunicaçõ­es com os países africanos, como a RDC, Zâmbia e Rwanda que poderão usufruir da fibra óptica implantada ao longo do Caminho de Ferro de Benguela, está também em curso o cabo submarino da Angola Cables, que vai ligar Angola ao Brasil, sendo o primeiro que une o continente africano ao sul-americano, facto que facilitará as comunicaçõ­es entre as duas margens do Oceano Atlântico.

Este cabo vai permitir a conexão no próximo ano a um outro cabo no Brasil do qual Angola também participou, que liga os EUA a esse país latino-americano.

Imprensa Russa

Informaçõe­s divulgadas em meios de comunicaçã­o pelo mundo confirmam que desde o lançamento do satélite, a empresa espacial russa Roskomos continua sem comunicaçã­o com o Angosat1. Fonte ligada à empresa espacial revelou que depois de muitas tentativas para se estabelece­r a comunicaçã­o e tomar o controlo do satélite não houve resposta do equipament­o.

A fonte referiu que a situação continua a ser estudada por uma comissão interna da RKK Energia. Nenhuma comissão de investigaç­ão de avaria foi criada até agora como normalment­e é usual neste tipo de situações.

De acordo com a imprensa da, as autoridade­s angolanas e russas começaram, no passado mês de Fevereiro, as negociaçõe­s para a criação de um novo satélite.

No final de Fevereiro uma comissão angolana esteve na Rússia para negociar a criação do Angosat2. Até agora, as duas partes continuam a analisar esta situação, que pode abrir uma troca a custo zero, por conta do seguro avaliado em mais de 121 milhões de dólares – valor assumido em partes iguais pelas empresas SOGAZ e VTB – montante suficiente para garantir a sua construção sem nenhum rombo nas contas da RSC Energia.

Embora os 121 milhões de dólares sejam quase metade dos 320 milhões investidos por Angola no AngoSat1, a verba deverá ser suficiente para garantir o AngoSat2, calcula a imprensa russa, tendo em conta que as despesas com as infra-estruturas já foram realizadas.

Recentemen­te o Ministro dos Negócios Estrangeir­os da Federação Rússa, Serguey Lavrov garantiu, aquando da sua visita a Angola, em Março deste ano, em Luanda, que o primeiro satélite angolano, produzido e lançado para o espaço por uma empresa daquele país, continuava em órbita e deveria entrar em serviço neste mês de Abril.

O ministro das Telecomuni­cações e Tecnologia­s de Informação garantiu que o satélite angolano está em órbita e a passar pela penúltima fase do programa

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“Estado de saúde” do primeiro satélite angolano é avaliado na próxima semana em Luanda por equipas técnicas de Angola e da Rússia
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AGOSTINHO NARCISO | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministro das Telecomuni­cações e Tecnologia­s de Informação recebeu ontem os deputados da sexta Comissão

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