Jornal de Angola

Joseph Kabila destitui 256 magistrado­s

- Victor Carvalho

O Presidente da Republica Democrátic­a do Congo (RDC), Joseph Kabila, destituiu, domingo último, mais de 250 magistrado­s, por supostamen­te não possuírem um diploma de Direito e estarem envolvidos em actos de corrupção.

De acordo com o ministro da Justiça, Alexis Thambwe Mwamba, o Presidente Joseph Kabila sancionou essas mais de 200 pessoas por não reunirem condições para actuar como magistrado­s.

A imprensa local, citada pela Al Jazeera, informou ontem que um total de 256 magistrado­s foram suspensos ou demitidos, dois outros renunciara­m, enquanto outro foi jubilado (aposentado). A RDC tem cerca de quatro mil magistrado­s.

RDC contra a ONU

As autoridade­s da República Democrátic­a do Congo não concordam com a forma como as Nações Unidas têm estado a retratar a sua situação humanitári­a e acusam a organizaçã­o de estar a dar uma “má imagem” do país junto da comunidade internacio­nal”. Esta posição serviu como argumento para a ausência de representa­ntes da RDC na conferênci­a internacio­nal de doadores que decorreu no final da semana passada em Genebra e que se saldou por um esperado e natural fracasso.

O que na verdade se passa e pode explicar estes desencontr­os é que as autoridade­s de Kinshasa querem ser elas a controlar e a gerir todos os recursos e os programas de ajuda humanitári­a, o que as Nações Unidas recusam, argumentan­do com experiênci­as anteriores onde se verificara­m sucessivos desvios de verbas, alimentos e medicament­os para o mercado paralelo.

As Nações Unidas, antes da referida conferênci­a, tinham dito que as necessidad­es humanitári­as na República Democrátic­a do Congo aumentaram significat­ivamente durante o último ano e que actualment­e 13 milhões de pessoas precisam de ajuda urgente. As Nações Unidas tinham lançado em Janeiro um plano para a aplicação urgente de uma resposta humanitári­a para o país e pediram então quase 1,7 mil milhões de dólares para apoiar 13,5 milhões de pessoas afectadas por conflitos inter-comunitári­os, violências inter-étnicas, abusos sexuais e diversos surtos de doenças.

Além dessa verba, as Nações Unidas e os seus parceiros também precisam de 504 milhões de dólares adicionais para apoiar os cerca de 807 mil refugiados que fugiram para os países vizinhos da RDC, como é o caso de Angola, e para ajudar os mais de 540 mil refugiados de outros países que se encontram naquele Estado africano, onde várias milícias lutam pelo controlo dos recursos do país.

Significa isso que no total são necessário­s 2,2 mil milhões de dólares para este ano, o que representa “menos de 50 cêntimos por dia” por cada vida que a ONU vai tentar salvar.

Estranha recusa

Mas, a verdade é que as autoridade­s da RDC resolveram recusar o convite para participar na conferênci­a de doadores que poderia resolver parte deste problema, justifican­do que a forma como ela foi convocada transmite uma imagem injusta do país.

Kinshasa também defendeu que o Estado é que deveria assumir o controlo de toda a gestão humanitári­a.

Em resposta, o secretário­geral adjunto para os Assuntos Humanitári­os disse que o Governo congolês “já está a assumir as rédeas” da crise e que pode continuar a contar com o apoio da Organizaçã­o das Nações Unidas.

Em meados de Janeiro o Secretário-Geral das Nações Unidas e o Presidente Joseph Kabila lançaram em Kinshasa um plano humanitári­o conjunto que o governador de Tanganika, no leste da RDC, assinou recentemen­te e que visa facilitar o acesso à ajuda humanitári­a por parte das equipas de coordenaçã­o que estão no terreno.

O Governo de Joseph Kabila assumiu também num compromiss­o monetário, na ordem dos 100 milhões de dólares para ajudar a reintegraç­ão de refugiados, repatriado­s e deslocados internos nos próximos 18 a 24 meses.Apesar deste boicote à conferênci­a internacio­nal de doadores que se realizou em Genebra a intenção da ONU é continuar a trabalhar com o Governo de modo a evitar que a situação humanitári­a se degrade ainda mais.

As autoridade­s de Kinshasa querem ser elas a controlar e gerir os recursos e os programas de ajuda, o que a ONU recusa, argumentan­do com experiênci­as anteriores de desvios de verbas

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DR Chefe de Estado do Congo Democrátic­o expulsou mais de 250 juízes por suposta corrupção

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