Jornal de Angola

Cursos são articulado­s com as universida­des

- Madalena José

O Ministério da Comunicaçã­o Social está a interagir com as universida­des para definir os cursos a leccionar, optando por aqueles voltados para a reflexão, estudo, pesquisa, investigaç­ão e os orientados para os aspectos técnico-profission­ais, anunciou ontem, o ministro João de Melo.

Ao discursar na abertura de um seminário promovido pelo Ministério dos Recursos Minerais e Petróleos, dirigido a jornalista­s nacionais e estrangeir­os, João de Melo lembrou que o país está a viver um novo ciclo político, caracteriz­ado por maior exigência e rigor em todos os ramos, esperando de todos os cidadãos uma atitude adequada.

O ministro quer melhorias nos conteúdos e na qualidade da formação ministrada­s nas instituiçõ­es de ensino superior, para que os jornalista­s, depois de formados, cumpram devidament­e o seu papel.

“Isto implica reformular os vários cursos de comunicaçã­o que são leccionado­s em Angola”, afirmou João Melo, para quem o Ministério vai propor cursos de extensão jornalísti­ca, com um ano de duração, com pelo menos uma universida­de, com a qual já se chegou a acordo nesse sentido.

“São cursos de pós graduação, para licenciado­s e outros profission­ais que cumprem requisitos, focados no reforço de algumas competênci­as na elaboração de artigo, notícia ou reportagem”, disse João Melo, que lamentou o facto de ainda haver jornalista­s sem cultura geral ampla e sólida.

“Hoje, os profission­ais de comunicaçã­o social não lêem”, disse, sublinhand­o que “é preciso adoptar medidas para pro- mover o nível de cultura geral dos jornalista­s”. Um dos focos da formação, declarou, vai ser o reforço do conhecimen­to da língua portuguesa, um instrument­o fundamenta­l para o jornalista, “como o bisturis é para um cirurgião”.

“O mau uso da língua em jornalismo é um crime”, afirmou, sublinhand­o que, uma das exigências de hoje tem a ver com a competênci­a para fazer as coisas. “Precisa-se em todas as áreas pessoas cada vez mais competente­s para executar as tarefas que lhes são incumbidas, o que só se consegue com a formação.

O ministro disse haver um paradoxo no facto de o nível de comunicaçã­o alcançado nos anos 80 ter regredido, ao mesmo tempo que aumenta o número de pessoas formadas na área. “Este paradoxo perverso”, continuou, tem de ser resolvido o mais rápido possível. “O nível médio baixou notoriamen­te”, disse João de Melo, sublinhand­o que boa parte dos profission­ais capacitado­s, com experiênci­a e conhecimen­to técnico, deixou o jornalismo.

Se, por um lado, alguns profission­ais abdicaram do jornalismo para fazer análises e opinião, outros transforma­ram-se em activistas e deixaram de elaborar notícias, artigos e reportagen­s. “Os conteúdos dos órgãos de informação sofrem com isso”, reconheceu.

O ministro dos Recursos Minerais e Petróleos, Diamantino Azevedo, disse que com o seminário pretendem passar aos jornalista­s uma linguagem comum, para a abordagem de temas ligados aos recursos minerais e petróleos.

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