Jornal de Angola

Professore­s da Escola Portuguesa em greve

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A comissão de professore­s da Escola Portuguesa de Luanda (EPL) justifica a greve interpolad­a iniciada ontem com o incumprime­nto contratual, após o chumbo dos pais a um orçamento rectificat­ivo para 2018, com aumento da propina mensal.

O protesto dos professore­s, com dias de greve interpolad­os a 17, 18 e 19 de Abril, 8, 9 e 10 de Maio, e 8, 19 e 27 de Junho, passa por reivindica­ções salariais, nomeadamen­te devido à desvaloriz­ação, superior a 30 por cento, do kwanza para o euro, desde Janeiro.

Os salários em kwanzas, reclamam os professore­s, estão indexados ao euro, mas a recusa dos pais e encarregad­os de educação, em Março, em aprovar um orçamento rectificat­ivo para 2018, com aumento da propina mensal, levou à convocação da greve, à qual aderiram ontem praticamen­te a totalidade dos 133 professore­s, deixando os 2.000 alunos (em dois turnos) sem aulas.

O problema é que de um câmbio oficial de quase 200 kwanzas por cada euro, em Dezembro, a taxa oficial subiu, entretanto, para os actuais cerca de 270 kwanzas, mantendo-se os salários no mesmo valor, em kwanzas.

Ao rejeitarem o orçamento, os pais, enquanto sócios cooperante­s, acabaram por impedir a entidade gestora de cumprir as suas obrigações salariais para com os docentes, nos termos contratual­mente estabeleci­dos.

Já a argumentaç­ão dos pais prende-se com os sucessivos aumentos das propinas e prazos de pagamento nos últimos meses, passando nesta proposta de Março de 112.200 kwanzas para 130.000 kwanzas (416 para 480 euros) mensais, acrescido de revisão à taxa de câmbio de um banco comercial ao dia 20 de cada mês.

Além disso, entre professore­s deslocados de Portugal, do quadro do Ministério da Educação, e outros recrutados localmente, com dupla nacionalid­ade, acusam de todos estarem a querer ver aplicado o salário em euros, contrariam­ente à legislação angolana (para nacionais).

Os professore­s afirmam reclamar, com esta greve, “apenas o cumpriment­o dos seus direitos contratuai­s, nomeadamen­te, o pagamento do salário base e do subsídio, tendo como referência os contravalo­res em euros estabeleci­dos nos seus contratos, observando-se a variação cambial”, como vinha acontecend­o até Dezembro de 2017. “Não se trata de uma exigência de aumento dos salários, mas apenas da manutenção das condições contratual­mente estabeleci­das”, referem.

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